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Letícia

Acordei com o sol refletindo de janela a dentro, fazendo eu olhar pra esse lugar que eu tanto vivi minha vida, o tanto que corria por esse becos, só me fez ficar feliz demais por estar de volta. Eu estava com o coração descoordenado imaginando em ver minha família, que nem sabia que eu já estava subindo a favela.

Lele piscou o farol, fazendo eles abrirem passagem pra subir. Eu não sabia qual era sensação que eu estava sentindo, por tantas vezes até pensei que não iria botar mais os pés nesse lugar, mas a gente não tem saúde mental pra viver sozinha se isolando do mundo.

Tudo estava no devido lugar, as mesmas pessoas na rua vendendo pra ganhar o seu, crianças brincando, várias senhoras sentadas como sempre em frente de suas portas fazendo aquela fofoca básica, e por fim, vários homens armados por todo canto desse Cantagalo.

Lele estava atento, pensativo, trocou poucas palavras comigo pelo caminho. Eu sentia que ele queria falar algo, mas eu deixei no seu tempo, porque se for algo sério, uma hora ou outra ele vai ter que soltar.

Ele estacionou em frente q minha casa fazendo minha barriga se revirar, me deixando nervosa por ter que enfrentar um turbilhão de coisas dentro de mim. Meu corpo já tinha sofrido algumas mudanças, que mesmo eu sendo magra, a barriga já estava se formando.

Lele: Você vai contar pra elas né não? — perguntou se ajeitando no banco do motorista, um pouco incomodado com o assunto.

Letícia: Eu tô com medo, não vou mentir pra tu. — falei fazendo ele me encarar, esperando eu continuar. — Agora só quero paz Lele, quero só poder criar meu filho! — falei fazendo ele concordar.

Lele: Tu sabe que tem todo apoio meu pô! Não vai faltar nada pra essa cria não tá ligado? — falou sério, sabendo que ele jamais vai me deixar na mão, que sempre esteve ali comigo pra tudo.

Letícia: Obrigada, obrigada por tudo até agora! — olhei pros meus dedos tentando procurar palavras. — Eu sei que eu errei de ter te escondido isso, mas eu também fiquei muito magoada com o que você fez! — vi ele virar o rosto pro outro lado, passando a mão no mesmo. — Eu só quero que você saiba o quanto eu gosto de você, mas eu também gosto de sinceridade. Isso você sabe! — ele concordou me olhando de volta.

Lele: Vamo esquecer essa parada, agora tu tem que pensar no teu bem estar e do pirralho aí pô! Cê sabe eu vou tá aqui sempre pra tu! — falou bagunçando meu cabelo, fazendo eu soltar um riso empurrando a mão dele pra longe.

Ele sabe que eu odeio isso e ainda faz questão!

Por fim, desci do carro seguindo até o portão, fazendo minhas mãos soarem de nervosismo, não sabendo lidar em como eu vou ter que contar pra elas, não sabendo se vão ficar feliz ou vão querer me botar pra fora de casa.

Bati na porta escutando Bárbara xingar o Leonardo, por não fazer nada "nessa porra". Acabou que ela abriu bruscamente puta da vida, fazendo seu olhar parar em mim se transformando num sorriso lindo. Foi inevitável não correr pros seus braços e matar a saudade dela.

Bárbara: Caraca vagabunda! — falou desacreditada. — Por que não avisou que vinha? — falou me olhando por inteira, sabendo que ela poderia notar alguma mudança no meu corpo.

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