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Letícia

A despedida pra mim era a pior coisa, além de já estar totalmente pra baixo. Leonardo por mais que era um chato me abraçou chorando, dizendo que não queria que eu fosse embora daqui.

Minha mãe só me desejou coisas boas, disse pra mim me cuidar e curar meu coração. Me abraçou forte só me deixando mais sentimental do que eu já estava, onde eu queria ficar nesse abraço pro resto da vida.

Giovana e a minha madrinha me desejaram uma boa viagem e me mandaram manter contato. Até impossível da saudade que eu vou sentir delas, vendo que todos eles eram essenciais na minha vida.

Tia Cida me abraçou colocando um rosário na minha mão, me deixando em lágrimas ao olhar pra ela, que pra mim, era minha segunda mãe.

Eu sabia que todos de alguma forma queriam meu bem, mesmo sabendo que eu teria que ficar ausente por algum tempo, elas sabiam que esse momento distante seria o melhor pra mim nessa situação horrível da minha vida.

Lele: Vambora Letícia, temo muita estrada ainda. — falou olhando pra mim, parado na porta do carro.

Cida: Vai devagar meu filho. — falou pra ele, que assentiu abraçando ela em seguida.

Por fim, Bárbara parou em minha frente toda chorosa, vendo que lágrimas grossas escorriam pelos os seus olhos. Carinhosamente ela colocou sua mão sobre meu rosto tentando me passar confiança, transmitindo todo seu amor e carinho por mim.

Bárbara: Se cuida pequena! — eu não conseguia mais controlar minhas lágrimas, eu estava muito mal com tudo que estava acontecendo. — Você é forte, uma menina que cresceu e virou uma mulher. Eu tenho muito orgulho de você, nunca se esqueça disso. Eu queria ir com você como combinado, mas acabou que eu tenho que trabalhar. — falou me puxando para um abraço forte, fazendo eu colocar meu rosto na curva do seu pescoço.

Bárbara é tudo pra mim, ela é a minha base. Só ela sabe o quanto eu tô sentindo com tudo isso, sabe cada detalhe das minhas dores e angústias. Ela que esteve comigo nesses momentos que eu me senti inútil, dando seu ombro amigo como sempre fez.

Letícia: Obrigada gente! — olhei pra todos ali e senti meu peito apertar. Olhei pra favela onde eu nasci e cresci, vivi minha vida toda aqui, vendo eu partir da minha origem. Tô sofrendo tanto por tudo que ele está me fazendo passar, que só aquele lá de cima sabe.

Embarquei no carro vendo Lele dar a partida e descer o morro devagar, onde meu peito subia e descia pelo choro que tomou conta do meu corpo. Ele me olhou e eu não consegui encarar ele nos olhos, era como se eu tivesse deixando uma parte de mim aqui, e sim! Eu estava...

A minha família!

Lele pegou a pista colocando o rádio bem baixinho. Encostei minha cabeça no vidro lembrando dele, que quanto mais eu queria esquecer, vinha nitidamente nossos momentos na cabeça.

Bruno está tão em mim que vai ser muito difícil conviver sem ele. A traição pra mim sempre foi a tecla que eu batia, começando pelo meu pai que traiu a minha mãe, e agora eu estou passando pelo mesmo.

No som tocava a rádio da madrugada, aquelas músicas que acaba com a tua alma. Começou a tocar uma que foi impossível de eu não lembrar, que machuca ainda mais o coração...


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