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Letícia

Quando ele bateu a porta com força saindo da casa, eu caí sentada sobre sofá deixando um alívio e toda aquela tensão sair de dentro de mim. Aquele choro que eu estava querendo botar pra fora, só me deixou mais invulnerável.

As palavras deles sobre mim, sua raiva como se eu tivesse enganado ele esse tempo todo, atormentava minha mente. Eu não entendia nada do que estava acontecendo, além de eu sentir muita raiva por ter escutado tanta merda da sua boca.

Eu tremia sentindo meu corpo formigar, deixando lágrimas grossas queimaram meu rosto. Eu me sentia suja por ter deixado ele tocar em mim, por ter deixado suas mãos sobre o meu corpo, sabendo que ele foi o causador das minhas dores e traumas.

Bernardo: Mamãe! — veio correndo e me abraçou pelas pernas, fazendo eu pegar ele em meu colo e chorar abraçada sentindo seu cheiro. 

Com certeza ele era meu ponto de paz, meu refúgio, meu amor incondicional. Aquele que me faz levantar e ter forças todos os dias pra viver e lutar contra tantas dores que há dentro de mim.

Olhei de relance pra Bina, que veio caminhando de braços cruzados com seu rosto inchado pelo choro, se aproximando aos poucos da gente um pouco sem graça.

Letícia: Eu te amo muito filho! — falei beijando sua cabeça, soltando ele no chão.

Bernardo: Por que você bateu no titio? — perguntou fazendo eu olhar pra Sabrina, tentando despistar isso da cabecinha dele.

Eu queria evitar de falar isso, ainda mais com o Bernardo que com certeza irá fazer milhares de perguntas relacionado ao Bruno, sabendo que ele não iria me deixar em paz. E o que eu menos quero, é tocar em algo relacionado a ele.

Letícia: Mamãe estava nervosa meu amor. — passei meu polegar na sua bochecha. — Agora vai lá pegar suas coisas pra gente ir embora. — falei batendo na sua bunda, fazendo ele sair correndo atrás dos seus brinquedos.

Sabrina: Me desculpa amiga, eu juro...

Letícia: Você não tem culpa de nada Bina! — falei sincera, onde eu nunca botaria a culpa na Bina por isso, sabendo que ela sempre me ajudou e guardou esse segredo entre a gente.

Sabrina: Eu fiquei perdida cara, quando ele começou a encaixar as peças mesmo, eu perdi o meu chão. Fiquei desesperada! — passou por mim andando para o outro lado, ainda nervosa com toda a situação.

Letícia: Eu só quero ir pra casa, não aguento mais pensar no que acabou de acontecer aqui. — falei fazendo meu peito doer. — Eu senti tanto ódio, raiva dele me acusar de vadia... — fechei meus olhos comprimidos meus lábios, contendo que já se instalava novamente. Pronunciar essa última palavra me doía na alma!

Sabrina: Você contou a verdade pra ele? — me olhou de relance, fazendo eu negar.

Letícia: Eu não tive coragem, eu não consegui depois de tudo que ele me chamou, fazendo a culpa vir pra cima de mim. — passei as mãos nos cabelos impaciente. — Ele disse que EU! — apontei pra mim. — Traí ele! — ri sem ânimo, sabendo que aquilo me destruiu por dentro. — Ele estava tão convicto daquilo, onde tinha certeza do que falava. Quem olhasse acreditava nitidamente na sua versão de coitado! — falei passando a mão em meu nariz, que já estava vermelho de tanto chorar. 

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