122

474 30 23
                                    

Leticia

Com um rosário sobre meus dedos e com o meu filho aconchegado no meu peito, eu rezava baixinho deitada na minha cama, pedindo somente a proteção de toda a minha família, ainda mais do meu Bruno que foi pra lá por minha causa.

Meus olhos marejavam a cada minuto que eu pensava nele correndo perigo, não querendo que o meu filho presenciasse minha fraqueza, mas era inevitável quando se passava horas sem notícias do meu homem.

Levantei minha cabeça vendo Bernardo dormindo em um sono pesado, onde ajeitei ele no lugar do Bruno, me sentando devagar sobre a cama acariciando a minha barriga com delicadeza.

Leticia: Nossa Senhora, protege o meu Bruno por favor! — implorei baixinho, deixando meu rosto tomado por lágrimas, mas dessa vez eram lágrimas de culpa.

Culpa por pensar só em mim, culpa por saber que ele não poderia botar os pés por lá, culpa por fazer ele se arriscar por conta de um desejo insignificante.

Leticia: Aiiiii! — gemi de dor sentindo meu bebê chutar tão forte, não sabendo no que pensar, não querendo que isso seja um breve aviso.

Puxei o ar e soltei devagar tentando controlar minha respiração, que começou a pesar me deixando muito nervosa, atingindo com tudo a minha crise de ansiedade.

Abracei minhas pernas fechando meus olhos com medo, implorando pra que tudo esteja bem pela favela, que minha família esteja fora de perigo no meio daquela guerra sem fim, principalmente o amor da minha vida.

Lembranças dos dias de invasão começaram a tomar a minha mente, ficando ainda mais com medo daquele som aterrorizante, dos tiros que atravessavam portas e janelas, de pessoas gritando em cima de corpos de vários familiares.

Me despertei eufórica escutando um barulho no andar debaixo, fazendo eu levantar a minha cabeça rápido querendo acreditar que era o meu Bruno.

Botei minhas pernas pra fora da cama completamente nervosa, por fim calcei meu chinelo e andando rápido em direção da porta.

Leticia: BRUNO! — desci as escadas às pressas fazendo ele se virar rápido, onde abracei ele com toda a minha força sentindo sua respiração descontrolada.

Meu coração acelerou de uma forma sem conseguir comandar meu batimentos, mas me dando um alívio de estar abraçando ele nesse momento. Agradecendo a Deus pelo o Bruno estar vivo e bem, sentindo uma emoção por dentro do meu coração inexplicável.

Bruno escondeu seu rosto na dobra do meu pescoço caindo em um choro desesperado, me dando um sensação estranha de não saber lidar com isso diante dele, onde eu não entendia nada do que estava se passando com toda a sua invulnerabilidade.

Leticia: Amor, fala comigo! — levantei seu rosto segurando o mesmo, vendo ele cansado, abatido e com as olheiras pra fora. — Fizeram alguma coisa com você? — palmeei seus braços fazendo ele negar, sem conseguir se pronunciar. — FALA BRUNO! — ele me soltou andando pro outro lado, vendo ele passar as mãos sobre os cabelos totalmente perdido. — VOCÊ ESTÁ ME DEIXANDO PREOCUPADA, O QUE ACONTECEU? — me alterei nervosa, vendo ele negar de um lado para o outro como se tivesse feito algo sério.

Bruno: Eu preciso tomar um banho, depois a gente senta pra conversar! — falou sem me olhar, fazendo eu encarar o mesmo impaciente, parecendo que algo lhe tomava por dentro.

Nosso Recomeço Onde histórias criam vida. Descubra agora