40

486 24 5
                                    

Bárbara
Semanas depois...

Bárbara: Hoje eu acordei com uma vontade de mandar um texto. Do tamanho do mundo, mas eu não mandei. Escrevi e apaguei, escrevi e apaguei. Eu nem sei quantas vezes o meu dedo foi no enviar, eu desviei. Se eu mando o que eu penso a gente não volta. Aí a foto dela some na hora. E se eu conheço bem aquela rancorosa. Vai ter copo, vai ter foto com legenda "Vida Nova". E toda vez que eu vou pra deixar ela, eu deixo quieto. Mas que às vezes dá vontade, dá. Te mandar pra longe, eu chego mais perto. — cantei acompanhando o som do rádio, passando pano na cozinha.

Me virei pra lavar o mesmo, tomando um susto do caralho com o Leandro parado me encarando no batente da porta. Fui até o rádio abaixando o volume, esperando ele falar algo, pois ele estava me deixando toda sem graça.

Bárbara: Letícia tá na aula, só meio dia! — falei quebrando o silêncio que tava ali, não aguentava mais ver ele me olhando.

Lele: Tô ligado pô, vim falar com tu mermo. — coçou a cabeça sem jeito, enquanto eu torcia o pano. — Queria ver com tu, pra nós descer pra pista pra comprar o berço, carrinho e as paradas pra ela. — falou com receio, fazendo eu concordar de imediato.

Bárbara: Pode ser, tô de folga hoje. Tá de boa pra você? — perguntei desviando meu olhar do dele, que estavam cravados em mim.

Lele: De boa, passo aqui as duas beleza? — assenti sem olhar pra ele, onde só escutei Leandro saindo pra fora da minha casa, fazendo eu suspirar aliviada com meu coração desconcertado.

Tá foda viver no mesmo ambiente que ele, até porque a gente praticamente se criou juntos. Então eu sempre me pago de doída pra acabar não me magoando mais, pois eu sabia que ele era um problema grande na minha vida.

Terminei quase tudo secando o suor com a palma da mão, indo estender as roupas que a máquina tinha terminado, preparando o almoço em seguida.

Enquanto eu mexia o feijão pra descongelar veio a lembrança do dia do chá de bebê da Letícia, onde ele tentou falar comigo e eu não quis. As mãos dele em meu braço, o hálito de bebida quente batendo contra o meu rosto e seu perfume forte, me deixou completamente louca por ele. Se não fosse pela Gi ter chegado naquele momento, acabaria rolando algo entre a gente.

Eu agradeci por isso, porque o que eu menos quero é que ele ache que podemos se relacionar de novo. Papel de trouxa eu não faço mais!

Letícia: Leonardo seu filho da puta! Sai daqui cara, que nojo! — entrou em casa bufando impaciente, fazendo Leonardo subir correndo pra cima gargalhando da cara dela.

Bárbara: Eu limpei tudo hein! — gritei com ele que cagou pra mim, deixando a mochila dele jogada no sofá.

Letícia: Aquele projeto de urubu, passou o suor dele na minha boca! — falou passando sua palma da mão na mesma com nojo, fazendo eu negar soltando um riso de lado.

Bárbara: Da um tapa pra ver se não aprende! — falei e ela se aproximou pra ver o que eu tava fazendo de almoço, botando a mochila na cadeira da cozinha.

Letícia: Que cheiro bom! — falou passando por mim, indo pegar um gole de coca.

Bárbara: Pode lagar isso! Sabe muito bem que isso faz mal pro bebê Letícia, esqueceu dos seus compromissos? — falei séria fazendo ela revirar os olhos, botando a coca de volta na geladeira, se sentando emburrada em seguida na mesa da cozinha. — Tô falando pro seu bem, sabe que não é só você. Tem alguém que precise de você! — falei firme e ela concordou contragosto.

Nosso Recomeço Onde histórias criam vida. Descubra agora