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Letícia
Sábado...

Letícia: Me dá Lele! — tentei pegar o açaí dele, fazendo o mesmo se virar pro outro lado se esquivando da minha mão.

Lele: Sai fora fi, tu já comeu o teu mano! — falou negando, muito indignado.

Letícia: Tu vai deixar uma grávida olhando tu comer isso aí? Ainda mais do teu afilhado? — falei fazendo um drama do caramba. Ele me olhou sério, dando o pote na minha mão, fazendo eu sorrir vitoriosa.

Lele: Papo reto, só porque é pra cria aí! — falou apontando pra minha barriga, fazendo eu sacudir os ombros. — Mandada do caralho! — fiz língua pra ele que riu de lado.

Letícia: Vai lá e compra outro pra tu! — apontei pra sorveteria, fazendo ele mandar o dedo do meio pra mim, deixando eu gargalhar da cara dele.

Dino: Fala tu barriga de melancia! — brotou com o Joca fazendo eu parar de comer, pegando meu chinelo do chão e tacando nele.

Letícia: Na próxima eu acerto bem no meio da tua testa! — falei fazendo ele gargalhar junto com os meninos.

Eu não estava mais aguentando ficar em casa nesse calor, aí Lele ligou pra mim convidando pra um açaí aqui na pracinha. Topei na hora, ultimamente eu só queria comer e eu não negava comida de ninguém.

Fiquei ali raspando meu pote escutando os meninos conversarem, odiando o fato da Regiane estar do outro lado me encarando. Ela que não cruze no meu caminho, desço o pau em cima dela!

Dino: E a tua amiga? Nem me deu mais moral mermo! — falou apontando com a cabeça pra Gi, que subia o morro toda distraída.

Letícia: Tu sabe da vida que ela leva né Dino? Se tu quisesse mesmo daria um jeito. Quem ama faz qualquer coisa pra tá perto! — falei jogando meu pote no lixo, depois de raspar tudin.

Dino: Mãe dela não pode me ver que já quer meter marra, qual foi? Preciso de ninguém me dando sermão não! Já basta minha coroa na minha cabeça... — falou meio incomodado.

Minha madrinha é muito evangélica, então acha que todo mundo tem que seguir na mesma linha que ela. Nem a Gi que é filha muitas vezes não segue a religião, que derá os outros de fora, além dela querer entrar na mente das pessoas, ela fica fazendo intriga desnecessária.

Letícia: O problema é que minha madrinha criou ela sozinha, achando que a Gi vai viver sempre na debaixo da asa dela. Só que não é assim, uma hora ou outra ela vai meter o pé pra seguir sua vida, correr atrás dos seus objetivos! — falei sincera, vendia os meninos me encarar.

Lele: Na moral? Tua madrinha não bate bem das cacholas! — falou negando, acedendo um cigarro de maconha.

Joca: O problema dela é que ela acha que ainda temos salvação, coitada pô! Loucona das ideia mermo! — errado ele não tá, só eu sei o que eles são capazes de fazer.

Letícia: A verdade é que entre nós quatro, só eu mesmo que me salvei. Já pensou? Uma bibi perigosa no meio de vocês? — eles se entreolharam, caindo na gargalhada da minha cara.

Dino: Não virou traficante, mais em questão de outras coisas né não? — apontou com o dedo disfarçadamente pra minha barriga, fazendo eu quase esfregar os meus dois dedos do meio na cara dele.

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