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Bárbara

Lele: Tô indo vida! — se aproximou de mim sobre o sofá, me dando um selinho. — Qualquer coisa me aciona, aciona os moleques, a Letícia, o... — coçou a cabeça sem graça fazendo eu concordar sorrindo de lado, sabendo que ele ainda estava aflito com tudo que aconteceu com ele e com o Bruno, mas deixei ele no tempo dele.

Bárbara: Pode deixar Leandro, seu filho vai esperar você chegar! — falei em um tom de deboche, pois eu morria de medo dele ir pra essa missão em São Paulo de última hora. — Mesmo não gostando, eu não tenho o que fazer não é? — falei com os olhos marejados, sentindo o sofá afundar ao meu lado, onde Leandro me puxou beijando a minha testa com carinho.

Lele: Pô minha parceira, faz isso não cara! — falou nervoso. — Cê sabe que...

Bárbara: Eu sei Leandro! — levantei minha cabeça e olhei firme em seus olhos. — Mas eu não vou te perdoar se algo acontecer com o nosso filho, tá entendendo? — falei com um nó na garganta, vendo seus olhos perdidos sem saber o que fazer. — Porque o TH sabe muito bem que eu estou prestes a ganhar neném, ainda faz questão de mandar você por outro lado da cidade? — fiz cara de indignada sentindo ele suspirar pesado, entendendo o lado dele também que depende disso, que é um pau mandado daquele traste, mas eu também tinha que dizer o que eu estava sentindo e me incomodando.

Lele: Essa missão é rápido, amanhã eu tô brotando de volta. — segurou meu maxilar, fazendo os meus olhos encararem os seus. — Eu te amo encrenca! — me deu um beijo demorado e em seguida pousou sua mão sobre a minha barriga, sentindo um chute forte do meu filho. — Te amo pivete, espera teu pai chegar mermo hein! — beijou a mesma com carinho se levantando com uma lágrima no olho, secando disfarçadamente pra que eu não veja.

Bárbara: Te amo também! — falei sem olhar pra ele, onde só senti ele beijar minha cabeça e por fim, sair pela porta com a sua mochila nas costas.

Abracei o travesseiro me deitando sobre o sofá chorando muito, querendo tanto que ele saísse dessa vida cruel, onde era uma indecisão quando ele sempre saía pra essas missões, nunca sabendo ao certo se meu Leandro voltaria pra mim. Uma dor que consumia meu peito, meu corpo, atingia muito o meu filho, que com certeza sentia tudo isso de uma certa forma.

Bárbara: Agora só resta somente eu e você meu amor! — acariciei minha barriga sentindo ele se remexer, tentando controlar meus sentimentos por dentro que tomavam conta do meu rosto com lágrimas grossas.

Lembranças do que a minha irmã passou atingir a minha mente, onde ela fazia tanta questão de passar tantos momentos junto de quem ela amava e não foi como planejado. Parecia que se sentimos tão sozinhas em um único momento que era pra ser tão marcante, carregando tudo sobre as nossas costas e nada além do nosso pacotinho, pra fazer a gente ficar bem.

Será que eu vou conseguir carregar essa sensação que me consome? Será que eu conviver com o Leandro pro resto da minha vida dessa forma?

•••

Tatá: Babi? — gritou do portão, fazendo eu desligar o bife que eu preparava de almoço, aparecendo na janela chamando ela com a mão pra entrar.

Bárbara: Entra gatinha! — falei sorrindo de lado, vendo ela entrar pela a porta e vir falar com a minha barriga toda bobona.

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