Nosso Recomeço

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Letícia

Bárbara: Cheguei piranha! — gritou me dando um susto do caramba, fazendo eu quase virar a frigideira de carne. Bárbara e essa mania de sempre!

Letícia: Caralho Bárbara! Pior que assombração! — falei fazendo ela rir, vindo me beijar na bochecha e roubar uma batata frita que já estava pronta.

Bárbara: E como tu tá sobre aquele assunto? — falou se encostando no balcão da cozinha, onde olhei pra ela de relance me fazendo de desentendida, deixando ela me lançar um olhar mortal. — Qual foi Letícia? — falou emburrada.

Letícia: Aah Babi, tentando não pensar muito. Complicado quando você se sente ameaçada, com medo de pôr o pé pra fora da comunidade e esbarrar com ele. — falei desligando o fogo, deixando meu coração acelerado em pensar no falecido.

Bárbara: Acho que se eu ver ele na minha frente, desço o cacete em cima! Te juro que faço ele engolir todos aqueles dentes de uma vez! — falou gesticulando as mãos com raiva, sabendo que Babi faria mesmo.

Leticia: Eu acho que isso não adianta de nada sabe? O que mais machuca alguém é o psicológico, é a dor que causa aqui ó! — botei a mão no coração.

Bárbara: Verdade irmã, cê tá certa! — falou concordando comigo. — Mas você não sentiu nada, quando reencontrou ele lá na delegacia? — perguntou sem jeito fazendo eu não saber responder, nem conseguindo encarar seus olhos. Eu não sabia dos meus sentimentos ainda, pois fazia tanto tempo que eu evitava de tocar no nome do mesmo.

Letícia: Não sei, foi um momento muito intenso Babi. Foi uma coisa tão inesperada, que o choque pra mim foi grande demais, mas senti muita dor, raiva e tantas emoções naquele dia! — falei sentindo meu peito arder, ficando mal só de pensar.

Bárbara: Desculpa não queria te ver assim, perguntei pois a gente nunca mais sentou pra falar desse assunto, respeitando seu tempo. — falou se levantando e indo arrumar a mesa, mas mudando de assunto, falando sobre uma treta que rolou no salão que ela trabalhava.

Eu estava com uma saudade imensa da Bárbara, que agora que se juntou com o Lele, só vem aqui final de semana. A gente trabalha, eu estudo a noite e acaba que só assim pra gente se ver. Sinto saudade da gente sentar pra conversar e dela ficar falando na minha cabeça, mesmo sendo a irmã chata como sempre.

Escutamos a porta se abrir vendo Lele com o Bê gargalhando no cavalinho, com certeza vindo almoçar.

Bernardo: DINDA! — gritou assim que viu ela, descendo do colo do padrinho dele.

Bárbara: Oi meu gatinho. — pegou ele no colo abraçando ele carinhosamente, enchendo a bochecha dele de beijos.

Lele: Cheiro bom hein, tô cagado de fome! — falou quando ia pegar uma batata, fazendo eu dar um maior tapão. Ata que vai comer sem lavar aquela mão imunda, sei lá a onde botou aquilo.

Letícia: Os dois lavar a mão agora! — ordenei fazendo eles seguirem em direção do banheiro, sem me contestar.

Botei tudo na mesa, servindo o Bernardo que estava voltando depois de secar as mãos na roupa. Ele se sentou no seu lugar de sempre, fazendo eu servir suco de laranja pra ele.