Nosso Recomeço

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Bruno

Entreguei a minha prova junto com o gabarito, tendo fé que eu iria passar nesse concurso tão sonhado na minha vida, depois de tanto tempo esperando por esse dia.

O instrutor conferiu tudo antes de me dispensar, fazendo eu sair daquela sala seguindo pro estacionamento, ligando meu celular que estava no bolso.

Entrei dentro do carro, e notei quanta coisa mudou até eu chegar na cidade que anos atrás só me destruiu. Consegui me levantar depois de tanto sofrimento, conquistei minha faculdade, fiz minha vida nesses quase 6 anos.

São seis anos de muita aprendizagem, sufoco, dor e alegria. Uma mistura intensa que eu só tenho que agradecer a Deus por ter dado essa oportunidade.

Eu sempre sonhei em ser policial, sempre tive vontade de fazer um concurso pra essa área. E quando eu vi uma mensagem da Kamila dizendo que eles tinham aberto várias vagas aqui no Rio, eu não contei tempo e acabei me inscrevendo.

Saí do meu transe seguindo o caminho pro restaurante, que eu tinha combinado de almoçar com o Breno, onde eu tava morrendo de saudade do meu irmão. Eu cheguei ontem de viajem e nem deu tempo pra nada, só fiquei concentrado em estudar pra minha prova.

Estacionei e guiei até a sua mesa, que eu já tinha avistado o Breno de longe. Quando ele me viu, se levantou vindo me abraçar, matando a saudade dele que sempre esteve ao meu lado. Eu não poderia deixar de agradecer tudo que ele já me fez, que sempre foi meu parceiro, mesmo eu fazendo muita coisa errada até aqui.

Breno: Tá mudado irmão! — falou se sentando e eu me sentei também.

Bruno: Tanto tempo né, não foi mais pra lá. — Breno fazia uns dois anos que não ia me visitar por conta da Carla, que ele não gostava muito.

Breno: Cê sabe, melhor assim! Não queria estragar seu lance não, mas e aí? Ela ficou por lá? — perguntou bebendo um gole da cerveja, sem desviar seu olhar do meu.

Respirei fundo, lembrando da nossa briga antes de eu embarcar. Ela tinha começado a criar umas paranóias na cabeça sem fim, me deixando bem estressado com tudo que estava acontecendo.

Bruno: Ela embarca daqui duas semanas. Tá arrumando tudo pra vir de vez! — falei fazendo ele concordar, onde ele notou que tinha algo me incomodando.

Breno: Que foi? Tô vendo você estranho pô, o que tá pegando? — perguntou me olhando, esperando eu soltar tudo, pois Breno me conhecia de longe.

Bruno: Nosso relacionamento nos primeiros dois anos foi maneiro, mas de um tempo pra cá, tá sendo briga em cima de briga! Desconfianças, neuras, lembrando toda vez do meu passado, tá me sufocando sabe? Ela chamando a... — engoli em seco. — De tudo que é nome por conta de uma desconfiança dela! Ela me pergunta coisas sobre a mesma que eu não respondo, isso deixa ela bem incomodada. Tipo se eu já esqueci... — bebi um gole da minha bebida, vendo ele ri de lado.

Breno: E você esqueceu? — me olhou sabendo que muita coisa mudou, mas ainda ela tava ali.

Bruno: Cê sabe Breno, várias paradas envolvidas. — falei me remexendo na cadeira impaciente. — Eu gosto da Carla...

Breno: Gosta mais não ama. — falou fazendo eu encarar ele, que bebeu o resto do chopp do seu copo me olhando firme.

Bruno: É diferente, sem explicação irmão! Só sei que essas duas semanas eu quero descansar minha cabeça, muito estresse na mente entende? — assentiu, vendo o garçom trazer nossos almoços.