Thomas
Os raios de sol invadem a janela do meu quarto, abro meus olhos rapidamente e percebo, neste instante, que dormi mais que a cama.
Ontem foi um dia extremamente cansativo, porque tivemos que terminar de organizar toda a casa e Alice estava agitada por conta do ambiente novo. Ficou acordada até onze horas, o que está longe de ser o horário ideal para ela dormir. Como ainda não tem babá, eu, Matilde e Nick nos revezamos para cuidar da pequena, enquanto arrumávamos a casa. Meu amigo só voltou para seu apartamento tarde da noite.
Aqui em Paris ainda é período de férias, estamos em meados de julho e voltarei a trabalhar somente em setembro, assim como Alice só vai começar a estudar nesse mesmo mês.
Entretanto, mesmo de férias, eu vou adiantar algumas coisas do trabalho e organizar meu escritório que ainda está vazio. Ainda mais que eu e Nicholas temos assuntos importantes para resolver que não podem esperar.
Decido levantar da cama e me arrumar para tomar café da manhã, pelo horário minha filha já acordou. Visto uma roupa mais despojada, diferentemente dos ternos que costumo usar, que consiste em uma jaqueta marrom, uma blusa branca e uma calça preta jeans.
Me dirijo a cozinho e quando estou próximo, posso ouvir a voz da minha filha conversando com as funcionárias. Assim que chego no local, sua atenção se volta para mim.
- Bom dia, papai. - ela diz empolgada.
- Bom dia, meu amor. - beijo sua testa e depois cumprimento as outras pessoas. - Dormiu bem?
- A noite inteira e ainda consegui acordar para fazer xixi. - Alice está aprendendo a não fazer xixi na cama, é um processo lento, mas está surtindo efeito. Evitamos dar muito líquido, como suco ou água, a noite para isso não acontecer, e sei que futuramente ela conseguirá acordar e ir ao banheiro por conta própria.
- Muito bem, princesa. Estou orgulhoso. - ela me dá um sorriso adorável. - O que tem de café da manhã hoje?
- Meu favorito.
- Deixa eu adivinhar. Waffles?
- Issoo!! - minha menina diz toda alegre.
- É meu favorito também, princesa. - falo enquanto me sirvo com algumas frutas e iogurte. Depois coloco um waffle com mel por cima no prato maior.
Hoje tenho entrevista com as candidatas a babá de Alice. Muitas jovens se candidataram e Matilde falou com uma por uma no telefone. No final só ficaram três pessoas, que foram as que mais agradaram minha governanta.
- As babás chegam que horas, Matilde? - ela limpa a boca da minha filha com um guardanapo, depois que Alice termina de comer.
- Daqui a uma hora mais ou menos, senhor.
- O que acha de brincarmos lá fora enquanto elas não chegam, filha?
- Eba. - ela grita animada.
Depois de brincar muito com ela no jardim, minha filha foi para seu quarto brincar com suas bonecas. Disse para Matilde que enquanto recebe as candidatas e as manda para minha sala, ficar de olho em Alice.
Estou distraído olhando alguns e-mails, quando ouço batidas suaves na porta do escritório. Logo depois a pessoa, que acredito que seja uma das babás, entra no local, mas nada me prepara para o que acabo de ver.
A mulher, que mais parece uma fada, fecha a porta com uma postura confiante e quando vai olhar em minha direção, estagna. Seus cabelos loiros esvoaçantes vão até um pouco depois dos seus ombros, sua pele é branca, nariz pequeno e arrebitado, lábios carnudos em que o inferior é um pouco maior que o superior. Seu corpo é pequeno e magro, mas consigo ver que possui algumas curvas deliciosas.
Encaro ela como um idiota completo e sei que ela se atraiu por mim também, pois estamos os dois parados, nos observando minuciosamente. Chega um momento em que o silêncio fica ensurdecedor e a jovem loira decide quebrá-lo se aproximando de mim. Ela estende sua mão e diz em inglês com um leve sotaque.
- Muito prazer, senhor Williams. Sou Sophie Fournier. - sua voz é doce e suave. Decido de uma vez por todas parar de parecer um idiota e estendo minha mão também.
- O prazer é todo meu, Sophie. Pode me chamar de Thomas. - aperto sua mão macia e com muito dificuldade me afasto. - Pode se sentar.
- Obrigada.
- Vamos começar. - pego a ficha dela e inicio a entrevista. - Me conte sobre você. - tento não me distrair com sua beleza e me esforço para encontrar algum defeito nela, o que parece ser uma tarefa impossível.
- Entrei no mercado de trabalho há mais ou menos nove anos e trabalhei com muitas coisas diferentes, como caixa de supermercado, numa floricultura, passeando com cães. Como babá, tem mais ou menos três anos. Os meus últimos chefes foram o senhor e senhora Madini. - ela me entrega o papel com a indicação deles.
- Os empresários? - já foram meus clientes, são pessoas boas.
- Sim, senhor.
- Pode me chamar apenas de Thomas, Sophie.
- Desculpe, havia me esquecido. - seu rosto se torna rubro.
- Por que quer trabalhar aqui?
- Eu adoro cuidar de criança e levo muito jeito. Além do mais, preciso do dinheiro. - gosto de sua honestidade.
- Se me permite perguntar, por que precisa do dinheiro?
- Tenho o sonho de abrir uma confeitaria um dia e estou perto de conseguir o dinheiro para comprar o estabelecimento. - não consigo deixar de sorrir pela sua empolgação ao falar do seu sonho.
Gosto das pessoas que correm atrás do seus sonhos sem se importarem com o que os outros dizem.
- Espero poder experimentar um dos seus doces. - deixo escapar sem querer, mas não consigo me arrepender ao ver seu sorriso quando falo isso.
Conversamos por muito mais tempo e nem parece uma entrevista de emprego, e sim uma conversa entre amigos de longa data. Ela me informou que não nasceu em Paris e sim numa outra cidade chamada, Annecy. Seus pais moram lá e são donos de um restaurante tradicional francês.
- Bom, o cargo é integral, então o horário de trabalho começa as dez e termina as seis da tarde durante a semana, com horário de almoço incluso. Nos sábados serão das dez as duas. As férias são remuneradas, as horas extras são pagas e tem direito a vale-transporte. O salário é cinco mil euros. - vejo seus olhos se arregalarem. - Quando tivermos uma decisão te ligamos, Sophie, e assim você aproveita e conhece minha filha. - ela se levanta e apertamos nossas mãos.
- Muito obrigada, Thomas. - encaro a jovem sair da sala.
Solto um suspiro longo sabendo que se escolher ela como babá, será difícil controlar minha atração, ainda mais sabendo que é recíproca. No entanto, eu sou um homem e não um moleque, nunca vou ficar pensando somente com a cabeça de baixo.
Enquanto tenho meus devaneios, escuto um grito vindo do hall de entrada da casa. Levanto rapidamente e corro em direção ao local.
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Um Amor em Paris
RomanceThomas é um advogado e um pai amoroso que precisa ir para Paris a trabalho. Ele também usa essa oportunidade para repensar seu relacionamento fracassado com sua noiva. Lá, o homem conhece uma linda garota chamada Sophie que será babá da sua filha. ...