Capítulo 28

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Sophie

Dia seguinte

Ando por todo o salão vazio e meu coração transborda de felicidade. Consigo imaginar tudo pronto, os móveis, as mesas e a decoração. Meu sonho parece, finalmente, prestes a se materializar.

Senhor Pavard apresenta todos os recintos do estabelecimento com uma alegria contagiante. Ele tem uma aparência caricata. É gordinho, de baixa estatura e seu grande bigode, de pelos ruivos, quase ocupa seu rosto inteiro.

Antoine Pavard é o dono do lugar onde será minha futura confeitaria. Antigamente, ele e sua esposa usavam aqui como uma loja de roupas, que estava no nome de sua família por centenas de anos. Agora, os dois decidiram se aposentar e irão morar no sul da França, perto dos filhos e netos.

Conheci esse senhor graças aos meus pais. Ele e sua mulher estavam jantando no nosso restaurante e acabaram fazendo amizade com minha mãe. Ela, como uma boa fofoqueira, acabou comentando que quero abrir meu próprio estabelecimento. Antoine disse que estava vendendo sua antiga loja e que se eu quisesse dar uma olhada, eu seria bem-vinda. Por ser um lugar espaçoso, poderia se tornar facilmente uma cafeteria ou restaurante.

- É tudo muito lindo, senhor Pavard. - Nina comenta. Minha irmã insistiu para vir comigo por ser um momento especial.

- Pode me chamar de Antoine, mademoiselle* Nina. Agradeço o elogio, tentamos manter sua estrutura original. Apenas reformamos algumas coisas. - ele responde cordialmente. - Então, o que acha, Sophie? Você imagina sua confeitaria aqui?

- Eu posso visualizar perfeitamente, Antoine. É perfeito. Exatamente como eu imaginava. - nem tento esconder minha felicidade. - Negócio fechado. - aperto a mão dele.

O homem abre um sorriso gigantesco e aperta minha mão de volta com firmeza.

- Boa sorte, Sophie. Te desejo muito sucesso.

- Muito obrigada por tudo.

Decidimos que irei pagar uma entrada e ao longo do ano pagarei o resto em parcelas. Depois de anos trabalhando muito e juntando dinheiro, finalmente consegui encontrar o local perfeito. Agora, só fazer uma reforma que não prejudique a estrutura original e acrescentar outros detalhes para deixar com minha personalidade.

- Você conseguiu, Sophie! - minha irmã me olha emocionada. Nos abraçamos. É um gesto simples, porém carrega todos os nossos sentimentos.

- Nós conseguimos. - beijo seu rosto. - Sem você, papai e mamãe, tudo isso não seria possível.

Após esse momento entre nós duas, Nina vai para o lado de fora falar ao telefone. Estou distraída olhando o local e imaginando quais mudanças irei fazer e qual decoração irei usar, quando a porta da loja se abre. Me viro rapidamente e vejo Tom junto de Alice.

Comentei com ele que hoje iria fechar o negócio do meu estabelecimento. Thomas insistiu em vir, porque queria estar presente e também, para comemorarmos juntos.

Num movimento impensado, corro em sua direção e abraço os dois. Estou tão feliz que não me importo em não esconder meus sentimentos. Dou um selinho nele, mesmo com Alice ao nosso lado.

Tom me olha chocado e ao mesmo tempo feliz. Ele não esperava que eu tomasse essa atitude na frente de sua filha. Na verdade, nem eu esperava.

- O que aconteceu? Conseguiu? - ele questiona.

- Sim, eu consegui, meu amor.

- Eu sabia! - escutamos a voz alegre de Alice e nós dois transferimos nossa atenção para ela.

- Sabia o que, minha linda? - pergunto com um pouco de medo do que ela vai dizer.

- Que você e o papai são namorados. Quando dois adultos se beijam, eles são namorados. - olhamos surpresos para a pequena.

Não esperava que Alice fosse entender tão rápido minha relação com Thomas. Eu acreditava que ela não entenderia e não aceitaria.

Eu e Tom nos ajoelhamos para ficarmos da mesma altura que ela.

- Meu amor, você ficaria chateada se eu namorasse seu papai, mesmo sendo sua babá?

- Eu sempre quis que o papai tivesse uma namorada legal. E se eu tivesse que escolher alguém, seria você. - fico emocionada com sua afirmação. - Quando vocês casarem, posso ser a dama de honra? - rimos.

- Está um pouco cedo para falar sobre isso, mas com certeza você será, meu amor. - Thomas diz.

- Agora que somos uma família, você não precisa ser minha babá, Sophie. Você pode morar com a gente, aí podemos ficar juntas todos os dias. Você pode fazer doces pra mim e pro papai, podemos fazer festas do pijama...

A pequena faz diversos planos para nós, mas a única coisa que escuto é a palavra família. Senti tanto medo da rejeição dela e de meus pais, que acabei tomando essa atitude infantil de querer esconder meu relacionamento. Acho que os julgamentos estavam mais na minha cabeça.

- Uma coisa de cada vez, filha. - nos abraçamos mais uma vez e beijamos a testa da nossa menina. - Vamos tomar sorvete para comemorar?

- Eu quero um de duas bolas, uma de morango e outra de chocolate, papai.

Antes de sairmos, Antoine, que estava nos fundos do lugar, retorna e se aproxima de nós.

- Senhor Pavard, deixa eu te apresentar duas pessoas muito especiais. - seguro a mão de Tom e pela primeira vez o apresento dessa forma. - Esse é meu namorado Thomas e essa a filha dele, Alice.

Thomas me olha tão feliz, que me sinto mal por nunca ter o assumido de fato. Ele e Alice cumprimentam Antoine educadamente, e em seguida a pequena abraça minhas pernas.

- Sua família é muito bonita, minha filha. - ele comenta.

- Obrigada, senhor.

Nesse meio tempo, Nina entra no estabelecimento e nos olha sem entender nada.

- Papai e Sophie estão namorando, tia Nina. - desde que conheceu minha irmã, Alice só a chama assim.

- E você está feliz, princesa? - ela questiona.

- Muito.

Nota da autora:

- Mademoiselle: senhorita.

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