Sophie
Chego em casa por volta das duas da tarde. Entro no apartamento simples, com dois quartos, um banheiro e uma cozinha. Coloco as sacolas de compra com alguns mantimentos em cima da mesa da cozinha. Antes de chegar em casa, passei em uma mercearia para comprar alguns itens que faltavam e fui também em um restaurante pegar nosso almoço.
Saio do cômodo em busca de Louise. Vou até seu quarto e bato na porta, abrindo-a em seguida. Ela está sentada em sua escrivaninha com algumas plantas de prédios, deve ser para alguns trabalhos no seu estágio ou um projeto pessoal. Minha amiga é arquiteta e está estagiando em uma importante empresa no centro de Paris.
- E aí? - ela pergunta em expectativa.
- Consegui o emprego. - ela solta um grito e corre em minha direção me abraçando.
- Sabia que ia conseguir, amiga. Temos que comemorar. - ela se afasta e anda em direção a cozinha.
- Já almoçou? - pergunto.
- Ainda não. - ela pega uma lata de refrigerante na geladeira e começa a beber. - Estou morrendo de fome.
- Imaginei. - jogo a sacola com comida chinesa para ela.
- Já falei que te amo, hoje? - solto uma risada. Ela se senta na mesa e começa a comer seu almoço. - Me conta tudo o que aconteceu.
Conto tudo para minha amiga enquanto almoçamos, desde o fato do meu chefe ser lindo e parecer um deus nórdico, quanto ao que aconteceu com Alice que foi o que definiu minha contratação.
- Então, está atraída pelo seu chefe? Isso me soa como uma daquelas histórias de romance em que o patrão se apaixona pela empregada e vice-versa.
- Na vida real isso não pode acontecer, porque nunca é tão bonito e romântico quanto nos livros. Imagina o tanto de problema que isso poderia desencadear.
- Ele é casado?
- Acredito que não. Não vi nenhuma aliança em seu dedo ou muito menos a foto de alguma mulher em algum porta retrato.
- Tem algumas possibilidades. Ele pode ser viúvo, ou a mãe de Alice foi um caso passageiro, ou a menina pode ter sido adotada. - Louise faz diversas suposições. - Ou a genitora pode ter a abandonado com o pai.
-Não sei, isso parece tão novelesco. Só sei não quero me meter nesses assuntos. - me levanto da mesa e coloco os pratos na pia.
- Mas pelo que você me contou, ele se atraiu por você também, é recíproco. - ela insiste nesse assunto. - O cara é gato e gostou de você. Se eu não gostasse de mulher, eu investiria nele.
- Esqueceu da parte que ele será meu chefe? Um romance entre nós é impossível. - quero terminar esse assunto logo. - E como você sabe que ele é gato se nunca o viu?
- Pesquisei no instagram. - ela me olha culpada. - Pelo visto é um homem discreto. Não tem tantos seguidores e tem poucas fotos publicadas.
- Vamos esquecer esse assunto agora, Lou.
- Tudo bem, amiga. - ela se levanta da mesa. - Vamos na balada hoje para comemorar? - muda de assunto.
- Agradeço o convite, mas tenho que acordar cedo amanhã.
Deito na minha cama com a cabeça cheia. Sei que preciso descansar para acordar bem disposta amanhã, porque tenho que trabalhar, mas meus pensamentos não deixam.
Tento me lembrar a última vez que me senti tão atraída por alguém e não consigo. Isso só deixa claro que meu último relacionamento não era para ser.
Eu e Adrien nos conhecemos no ensino médio, foi aquela paixão de adolescência. Achei que casaríamos e formaríamos a família que sempre sonhei. Eu tinha dezessete anos e ele dezoito, ficamos juntos por sete anos. Ele foi meu primeiro tudo e por isso me apeguei a ele.
A medida que o tempo passava, percebia que eu não o amava e sim que o nosso relacionamento era confortável. Era cômodo estar juntos, não porque éramos apaixonados um pelo outro e sim porque já nos conhecíamos bem e tínhamos uma longa história, nada mais. Não tinha aquela paixão desenfreada e nem companheirismo, era tudo muito morno e eu sou uma que gosta de intensidade.
Eu era como uma chama ardente e ele era a água que a apagava.
Terminei com ele ano passado e mesmo assim parece que Adrien ainda não superou o término. Sempre que volto para Annecy, ele vai atrás de mim. Além disso, minha irmã desconfia que ele me traiu com alguma mulher de Annecy, por conta de fofocas que rolam pela vizinhança.
Desde que nos separamos, não me envolvi com mais ninguém. Tentei, mas percebi que relacionamentos casuais não funcionam para mim.
Sou uma mulher muito bem resolvida, porém conheço meus limites. Quero muito casar um dia, ter uma família e uma casa cheia de crianças.
Afasto esses pensamentos e me sento na cama, decido pegar meu livro para ler um pouco enquanto o sono não vem. Pego meu exemplar de Daisy Jones & The Six que está na mesa de cabeceira e devoro umas trinta páginas de uma vez. Nem vejo o tempo passar.
Estou distraída na minha leitura, quando meu celular vibra. Pego-o em minhas mãos e vejo que minha irmã mandou uma mensagem no grupo da família.
Conversamos mais um pouco e o cansaço finalmente aparece junto com o sono. Me viro para o lado depois de me despedir da minha família e apago completamente.
Nota da autora:
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Um Amor em Paris
RomanceThomas é um advogado e um pai amoroso que precisa ir para Paris a trabalho. Ele também usa essa oportunidade para repensar seu relacionamento fracassado com sua noiva. Lá, o homem conhece uma linda garota chamada Sophie que será babá da sua filha. ...