Capítulo 19

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Sophie

Esqueço completamente tudo ao meu redor, só existe eu na pista e a música nas alturas. Danço conforme o ritmo, mexo meus quadris e desço até o chão sem me importar com nada.

Nunca fui uma pessoa festeira. Sempre foquei apenas no meu trabalho e no meu sonho, então não tinha espaço para festas ou baladas. No entanto, hoje me dei o luxo de curtir um pouco com minha irmã e minha amiga. Preciso conhecer pessoas novas, quem sabe encontro um cara legal.

Assim que chegamos na boate Le Dandy me senti um tanto intimidada. O local é extremamente luxuoso e somente a alta sociedade a frequenta. Achei que ia me sentir deslocada, mas quando o dono veio nos receber consegui acalmar os nervos.

Aramis foi extremamente simpático e galante. Percebi que estava flertando comigo e se eu disser que não fiquei impactada com sua beleza, seria mentira. Ele é alto, tem a pele negra, cabelo raspado e sua barba é bem cuidada.

Até pensei em dar uma chance para ele, mas percebi que não rolaria quando comecei a comparar ele com Thomas. Infelizmente, meu chefe está impregnado na minha mente e não vou conseguir parar de pensar nele tão cedo.

A música termina e outra começa a tocar em seguida. Paro de me movimentar, quando sinto uma mão no meu braço. Me viro e vejo um homem atraente, de altura mediana e com traços provenientes da Asia.

- Acredito que nunca vi uma mulher tão linda quanto você na minha vida. - sua voz é grossa, mas suave ao mesmo tempo.

- Obrigada. - digo sem graça.

- Meu nome é Paul. É um prazer conhecê-la.

- O prazer é todo meu Paul. Eu me chamo Sophie. - que bom que o ambiente é escuro, porque senão ele veria o quão corada estou.

- Você aceita uma bebida?

- Claro.

Paul estende a mão e eu coloco a minha por cima. Ele me leva em direção ao bar, puxa a cadeira para eu sentar e logo em seguida se acomoda ao meu lado.

- O que você gosta de beber? - o homem me pergunta gentilmente.

- Não sou muito chegada à bebida, mas aceito um clericot.

Paul chama o barman e pede os nossos drinks. Iniciamos uma conversa calma e descontraída, porém mesmo que ele seja um cara simpático e educado, não senti uma química entre nós. Eu só consigo pensar em uma pessoa no momento.

- Queria muito experimentar seus doces, fiquei curioso. - ele diz isso após eu contar sobre meu sonho de abrir confeitaria. - Qual é sua especialidade? Digo, o doce que você mais gosta de fazer.

- Não é querendo me gabar, mas dizem que o mil folhas que eu faço é espetacular.

Continuo conversando com Paul, até que percebo que minha irmã não está mais na pista de dança. Fico preocupada, então pego meu celular e mando mensagem para ela perguntando se está tudo bem.

- Desculpe se estou sendo inconveniente, mas você veio acompanhada? - o homem pergunta e quando vou responder, alguém nos interrompe.

- Sim, ela veio.

Ce n'est pas croyable!* Assim que levanto meu olhar, vejo a pessoa que eu mais queria ver e ao mesmo tempo, era alguém que eu estava tentando esquecer.

Thomas está usando uma camisa social branca, com três botões abertos mostrando uma parte do seu peitoral e as mangas enroladas até o cotovelo. Sua gravata está desfeita pendurada no seu pescoço, exalando um je ne sais quoi.*

Examino-o detalhadamente e me perco com a beleza desse homem. Ele carrega uma taça com martini, deixando sua aparência mais sexy ainda. Seu rosto está sério e seu olhar demonstra irritação.

- Thomas. - digo ofegante.

- Sophie. - ele responde da mesma maneira.

Nada existe ao nosso redor. Apenas, eu, Thomas e nossa atração descomunal. Nos encaramos e sei que nossos olhares dizem muito mais do que qualquer palavra ou frase existente.

- Você está com ele, Sophie? - Paul interrompe nosso momento. Respiro fundo e olho para ele.

- Sim. - o olhar do meu companheiro até o momento se torna um pouco decepcionado, no entanto não posso deixar de seguir meu coração. - Sinto muito, Paul. Deixa que eu pago as bebidas para te compensar.

- Tudo bem, Sophie. Agradeço sua honestidade. Boa noite para vocês. - ele se levanta e some no meio das pessoas na pista.

Tom se aproxima mais e senta onde Paul estava sentado. Eu pego minha taça com clericot e tomo um gole generoso. Acho que meu nervosismo está aparente, pois minhas mãos tremem e suam.

- Você sabe o que isso significa, não é? Você sabe que agora tudo vai mudar? - aceno com a cabeça. - Não consigo mais esconder, Sophie. Não sou capaz.

- Nem eu, Tom. - minha voz sai fraca. - Tentamos evitar, mas já não é mais possível.

- Olha para mim. - faço o que ele manda. - Venha comigo, precisamos de privacidade.

Nota da autora:

- Ce n'est pas croyable!: é inacreditavel.

- Je ne sais quoi: expressão em francês que significa "eu não sei o que". Geralmente é utilizada quando alguém deseja explicar algo que é inexplicável, ou seja, quando algo ou alguma coisa chama atenção, se destaca, mas ninguém sabe exatamente o que é. (fonte: https://www.significados.com.br/je-ne-sais-quoi/)

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