Capítulo 03 - Fio de Esperança

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Publicado em: 17/02/1923

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Aviso: Cuidado cenas chocantes, se for muito sensível pule até o novo aviso.


Quando tudo aparentemente se estabilizou, Win completamente atordoado, empurrou algumas coisas de cima dele para poder se levantar, ele sentiu sua coxa esquerda doer e, ao verificar viu um pedaço de vidro fincado. Seu coração estava acelerado e, mesmo estando cheio de arranhões, feridas e hematomas, sua única preocupação era verificar sua avó e o Nong. A senhora não o respondia enquanto gritava por ela, ele viu algumas pessoas feridas e desorientadas, chorando e tentando ajudar a quem pedia por socorro. O jovem agoniado retirou o vidro de sua perna, com o auxílio de um pedaço de cortina que estava ao seu lado, enrolando o vidro para poder puxar sem cortar as mãos. Ele segurou a dor, rasgou uma tira de sua camisa, já esfarrapada, amarrando no ferimento para estancar o sangue e, com muito custo ficou em pé.

A fumaça no local atrapalhava a visibilidade e, o som das pessoas em agonia era apavorante. Win apenas rezava para que a ajuda chegasse para todos e, que ele encontrasse seus dois acompanhantes a salvo. O jovem fixou o olhar tentando reconhecer alguma coisa que o levasse primeiro até a avozinha, para que depois pudessem ir até Team. Ele começou a tirar os destroços a sua volta, com cuidado, torcendo para que ela não tenha sido arremessada para longe dali. Foi quando ele reconheceu um pedaço de louça que parecia de banheiro, que ele trabalhou mais rapidamente, mas quando retirou o último obstáculo, ele teve um choque. A senhorinha estava agonizando, toda ensanguentada, com um ferro atravessando em sua barriga, mas mesmo em sua dor ela deu um leve sorriso para ele e, acenou com a mão para se aproximar.

- Eu... eu vou ajudar... eu vou tira-la daqui... Vou conseguir ajuda... - Win se aproximou aflito ao mesmo tempo que tentava tranquiliza-la. - SOCORRO! EU PRECISO DE AJUDA! A MINHA AVÓ ESTA PRESA.... - Ele gritou desesperado, mas a mulher balançou a cabeça com negativo e, acariciou o rosto dele para secar as lágrimas que já escorriam.

- humm...Meu... doce... menino, que bom... que pude conhecê-lo... - A avozinha falava com a voz cansada. - humm Você ... cuida dele... por mim, nah?... "cof"- Ela tossiu expelindo um pouco de sangue.

- Nós dois vamos cuidar dele ... eu vou cuidar de vocês... - Win chorava feito criança, assim como quando recebeu a notícia da morte de seus pais.

- Humm... "cof"... você pode... dar a ele... isso... "cof"... em seu aniversário? - Ela tirou um envelope de dentro do casaco e entregou a ele, sujando de sangue. - humm... Desculpa... não ter mais tempo... obrigada!... - E, com um último suspiro ela partiu com o semblante em paz.

- NÃO, NÃO, NÃOOOO! SOCORRO! - Win chorou agarrado a mão dela. - Porque? - Ele questionou olhando para o céu, mas seu coração logo se encheu com outra preocupação . - Descansa que eu vou cuidar dele. - Ele prometeu diante do corpo sem vida.

Win se ergueu novamente e, mesmo com a dor latente na sua perna e o coração partido em pedaços, ele se obrigou a ir em direção aos destroços do vagão onde ficava a cabine que deixaram Team dormindo. Ele andou o mais rápido que suas condições e os entulhos a sua frente permitiram. O loiro congelou quando reconheceu o menino que procurava, deitado de bruços, ainda enrolado a manta, com a qual sua avó o tinha embalado. Ele nem percebeu que prendia o ar, apenas se arrastou mudo até o pequeno, ele olhou o menino e, aparentemente não havia nenhum ferimento, além de uma ferida na cabeça. Win se aproximou e, com grande alívio viu que Team ainda respirava, então ele sentou ao seu lado, segurando fortemente a pequena mãozinha, murmurando para o menino que tudo ficaria bem.

Aviso: pode retomar a leitura.

Logo, um monte de sirenes foram ouvidas se aproximando dando um fio de esperança a todos os acidentados. Win olhava aquela confusão toda de gente ferida e, agradecia que seu menino estivesse desmaiado para não presenciar aquele cenário desesperador. O loiro protegia sua criança fortemente e, quando os paramédicos chegaram até eles, Win se recusou a ser atendido ali, para seguir junto com o menor para o hospital na ambulância, ele precisava ficar junto dele, ele não aguentaria perder mais ninguém. Quando estavam quase chegando no hospital, o telefone de Win começou a tocar, além de muitas notificações de mensagem, ele tirou o aparelho do bolso e, mesmo com a tela toda rachada pode ver que era seu amigo Dean que estava ligando.

- Win você está bem? - A voz de Dean era urgente.

- Estou... mas o N'Team está desacordado com um ferimento na cabeça e, a avó... eu não consegui salva-la... - Win desabafou chorando.

- Fique calmo, estaremos indo até você. - Dean prometeu.

- Estamos na ambulância a caminho do hospital... - Win perguntou ao paramédico ao seu lado para qual hospital estavam indo e informou o amigo.

- Ok, nos encontraremos lá. - Dean desligou e, foi acalmar seu namorado e os amigos, eles estavam todos reunidos na estação de trem de Bangkok para fazer uma surpresa de boas vindas a Win e seus novos conhecidos, uma gentileza que encobria a ansiedade e curiosidade dos Nongs, mas logo que a notícia do acidente com o trem que vinha de Ubon começou a soar nos alto falantes, eles se desesperaram com a possibilidade de terem perdido o grande amigo.

Win ainda recebeu a ligação preocupada de Sun, que era o assistente pessoal de seu pai, que logo se prontificou em ajudar no que fosse necessário, então, o jovem pediu para que ele fosse cuidar do reconhecimento do corpo da idosa que deixaram para trás. Como Sun concordou em fazer aquele difícil trabalho, Win passou os dados, o relato de como a deixou e a foto que tinha para possibilitar a identificação. O loiro suspirou aliviado por ter o homem de confiança de seu pai, ao seu lado para apoia-lo nessa delicada tarefa. O jovem ainda verificou e respondeu algumas mensagens de pessoas próximas que sabiam que ele estaria naquele trem, inclusive, da sua governanta, a figura de uma segunda mãe para ele, que estava aflita por notícias dele e, Win aproveitou quando a respondeu para pedir que lhe mandassem uma muda de roupa para se trocar.

Ao chegarem no hospital Win foi convencido a tratar seus ferimentos, enquanto os médicos cuidavam do menino ainda inconsciente. E, depois de limpar, medicar e suturar suas feridas o rapaz queria logo ir para perto de seu pequeno, mas foi parado momentaneamente pela presença dos amigos e da sua governanta que foi pessoalmente cuidar dele. Win não aguentou ser invadido por tanto carinho e começou a chorar, sendo acolhido por todos eles. Depois de se acalmar o loiro foi trocar o roupão do hospital pelas roupas que lhe foram entregue, pois o que restou dos panos que o cobriam anteriormente tinha ido direto para o lixo. Eles se informaram em qual ala se encontrava Team e, todos foram para lá aguardar notícias, só aí o loiro sentou e contou para eles tudo que se passou.

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