Hazel

340 46 2
                                    

Definitivamente minha irmã era festeira e gostava de me por em lugares que não gostava. Brooke estava determinada a fazer a minha festa de aniversário, pois depois que foi embora para outro pais a cinco anos atrás eu tive paz e não precisei comemorar o meu aniversário.

Pior é que ela tinha contratado uma produtora de eventos para organizar tudo, pelo menos o local eu pude escolher, como o próprio salão do edifício em que morava. Era reservado e eu não precisaria me deslocar. Ter que passar por fotógrafos nas calçadas.

Ismar até o momento não me trouxe nada sobre a mulher que pedi para ele investigar. Por outro lado eu estava correndo entre Sta. Mônica e Nova York, papai se prontificou em cuidar dos outros negócios em Orlando, Dallas, Washington.

Até alguns anos atrás eu era invisível para a sociedade, praticamente me escondia nos prédios da faculdade para que ninguém me visse. Meus pais também não eram pessoas de expor seus filhos, mas Brooke! Essa era a que mais aproveitava da mídia. Atriz e modelo, se mudou para Inglaterra, atuou em várias séries até conhecer Julian que a arrastou para Estônia para viverem um romance e um "casamento".

Olhando minha irmã agora, acho que ela está fazendo tudo isso para voltar a mídia e quem sabe atuar em seu país. Ela não era uma pessoa que se envolvia em escândalos e torcia para que ela conseguisse se realizar profissionalmente.

Até meus trinta e poucos anos aproveitei ao máximo os estudos, e as mulheres que moravam no campus da faculdade. Aquilo era um paraíso e se passar por um estudante qualquer me dava vantagens. Posso dizer que tenho NBA em todas as áreas administrativas, econômicas e lideranças que pude fazer. Eu queria ser o melhor.

Parado diante a grande janela voltada para o Time Square eu pensava sobre tudo que aconteceu em minha vida. Eu tinha tudo e não tinha nada ao mesmo tempo.

Relembrar aquela pequena nos meus braços me fez sentir algo diferente, assim como aquele bebê que sorriu para mim na fila do café. Eu não tinha nada! Não tinha alguém que pudesse levar o meu nome e o meu legado para frente. Talvez Eva poderia substituir-me nisso, mas até lá, eu não terei a oportunidade de prepará-la para isso. A tendência é de seguir os passos dos pais, e não do tio ou dos avôs. Eu precisava ter um herdeiro.

Na janela lateral eu pude ver claramente a imagem de um rosto de uma mulher, olhos grandes e verdes. Ela seria a mulher com quem eu teria um herdeiro.

Eu só precisava encontrá-la.

Meu celular vibrou me tirando daquela nostalgia, era Brooke perguntando se eu iria descer ou não. Respirei fundo e mandei um 'OKay' e segui para o elevador.

Assim que as portas se abriram no salão de festa pude ver quanta gente estava a minha espera, tagarelando e bebendo do champanhe caro que Brooke escolheu para ser servido.

Caminhei entre os convidados recebendo cumprimentos até que Brooke surgiu a minha frente tomando o meu braço.

- Achei que não iria participar da sua própria festa. - sussurrou ela num sorriso arteiro.

- Geralmente essa gente não está preocupada com o aniversariante e sim, com o que vão falar depois que saírem daqui sobre o que foi servido. - parei e me virei para ela. - Obrigado por organizar tudo. - dei um beijo em seu rosto. - Ano que vem estarei bem longe para não aprontar mais dessas!

Rimos alto.

- Eu vou aonde estiver, bobinho! - gargalhamos.

- Onde está nossos pais? - procurei rapidamente com os olhos pelo salão.

- Mamãe estava indisposta. disse que não aguenta mais lugares barulhentos, mas que amanhã ela vem te visitar. - ela voltou a andar e me levar com ela. - Papai não conseguiu chegar... Está preso em Orlando por causa de um furação que está chegando. Os voos estão suspensos.

HAZELOnde histórias criam vida. Descubra agora