Savannah I

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Desliguei o telefone e segui para o banho, como Hazel havia pedido, vesti uma roupa bem básica, enfiei os cabelos num rabo de cavalo e boina e calcei um par de tênis esportivo. Quando deixei o banho, Julie já tinha acordado e esfregava os olhos no sofá.

- Vai sair, gatona?

- Negócios! - afirmei rindo.

- Ah, negócios... - ela fez um gesto obsceno com as mãos, indicando sexo.

- Hoje não! - aquilo era uma promessa pra mim mesma, eu não podia estar sempre disponível. - Hoje nós só vamos comer e nos divertir.

- Ele vai comer, com certeza! - ela fez outro gesto obsceno com as mãos e eu ri dando de ombros e lhe mostrando o dedo médio

Fomos interrompidas pelo interfone, anunciando a chegada de Hazel, soltei um beijinho no ar pra Julie e deixei o apartamento

Na frente do prédio estava parado uma Pick-up GMC Monster Truck branca, com a placa de uma demolidora. Hazel acenou para mim e era ele mesmo quem a dirigia. Ele estava de camiseta e com um boné do time de baiseball de NY.

- É sério isso? - apontei para o carro, rindo

- Entra logo! - ele disse rindo e acenando para mim.

- Vamos lá! - dei de ombros e tomei o banco do carona

- Eu disse que iriamos a um lugar nada apropriado para duas pessoas com grana. Mas eu quero comer muito hoje. - ele ligou o carro e deixamos a frente do meu prédio.

- Não estou nem aí pra o lugar, quer comer? Vamos comer!

- Quero ver se é boa de garfo. - ele parecia não se importar com alguém delicado e que comia pouco.

- Ah vai ver! - Eu ri.

- Me conte se já comeu em um lugar desses de rua... com todas as variedades de comida num lugar só? Várias nacionalidades.

- Já comeu tacos com pimenta mexicana? - ele acenou que não. - Comida indiana em banquinhas? - novamente uma negativa. - Coxinha de frango com catupiry que é um salgado tipicamente brasileiro? Você é um amador! - provoquei. - Eu adoro cevicce, paejas, fritattas, tacos, tamales...

- Eu conheci este lugar sem querer. Na verdade é a primeira vez que estou indo lá, porque fiquei com vontade de comer. O meu empreiteiro me trouxe algumas cozinhas fritas e um pouco do que sobrou da barriga de porco coreano. Eu fiquei maluco com aquilo.

- Barriga de porco coreano eu não conheço. Mas já comi torresmo no Brasil. Acho que é feito da barriga do porco

- Esse tem um leve agridoce, é bem macia, chega a ser gelatinosa... E muito, mas muito apimentado.

- O torresmo é bem salgadinho e bem crocante, alguns fazem com tempero apimentado mas não é tão picante!

- Temos que ir ao Brasil. - ele estava animado. - Eu preciso de férias, e você?

- Eu preciso me afogar em trabalho até me recuperar financeiramente, mas concordo que você precisa conhecer o Brasil! É um lugar incrível! Quente, acolhedor...

- Para! Você não precisa trabalhar tanto assim. Eu já fiz uma doação de um milhão para sua empresa. Espero que ajude nesse inicio. - ele falou tranquilamente como se eu tivesse concordado com alguma coisa.

- Você fez o que? - o encarei surpresa. - Você não é muito prudente, não é mesmo?

Ele sacudiu a cabeça em negativa.

- Você precisa deste dinheiro. E eu quero ajudar. Você é uma garota legal. - ele segurou a minha mão.

- E claro que você já fez uma varredura da minha vida! - Eu ri. O que não é muito justo, já que eu sei bem pouco de você

- Não tem muito o que se saber sobre mim, Savannah! Eu sou isso que está vendo. Levo uma vida simples mesmo sendo um homem de posses. Sempre vai me ver assim quando não quero estar em evidencias. Evito isso.

- É meio superficial, mas há tempo pra eu conhecê-lo

- O que mais quer saber? - ele parou no farol e me olhou esperando que eu perguntasse.

- Não vem nada específico na minha cabeça agora. Aliás, tem uma coisa! Você disse que não namora. Por que?

- Porque não namoro. - ele respondeu com a mesma pergunta.

- Você é difícil, hein?! E a Srta Ingrid Ferber? Vocês foram vistos juntos muitas vezes e ela sempre confirma os rumores de que são um casal

- não namoramos. e se ela disse isso foi pura ilusão da cabeça bonitinha que tem.

- Você é mau! - eu ri. - É só sexo?

- não! - ele fez careta. - Temos algo que gostamos... Amizade, conversar, comer... Sabe como é difícil de arrumar alguém que tope este passeio e ainda num carro de empresa?

- Eu não estava falando de mim, Mas é bom saber que entre nós não é só sexo.

- Ingrid era boa de papo, mas de sexo não. - confessou. - Era um joia e um trepada... Uma viagem e uma trepada... Não tinha graça.

- Hum! Tadinho de você! - debochei. - Com o James O sexo também era chato, não tínhamos fogo, sabe? Parecia que era calculado! - dei de ombros

- Debochando de mim? - ele riu. - Eu seria capaz de te pedir em namoro, porque você tem fogo para queimar. É fogosa, gosta de posições diferente. Isso é muito legal.

- Só pelo sexo incrível! - Eu ri - Eu sou gostosa pra Caralho, hein?

- É! - ele concordou seguindo para o nosso destino gastronômico.

- Você queria fazer isso há tempos, né? Enfiar um boné na cabeça e comer bobagem na rua?

- É... - Ele sorriu de lado.

- Então vamos lá, realizar o seu desejo! Eu aposto que você foi um adolescente atípico!

- Colégio interno. - ele respondeu. - Tem suas vantagens mas... Não é como ter liberdade numa escola normal.

- Colégio misto, ou só meninos?

- Onde fiquei era apenas rapazes. O de Brooke era próximo e afastado ao mesmo tempo. Não tínhamos contato, só nos fins de semanas. - ele olhou rapidamente para mim. - Um modo dos pais dizerem que tem filhos sem se preocuparem se tem que cuidar deles ou não. entregando na mão de outras pessoas. Isso é um jeito ótimo de acabar com a infância e adolescência de uma ser humano. - completou ele.

- Que inferno! - emendei, começando a entender um pouco dos traumas na cabeça daquele homem, mas eu não queria seguir por aquela vertente, não ainda. Aquela noite era para nos divertimos. - Mas, eu aposto que tinha alguma professora safada, ou uma freira... sempre tem uma freira nesses lugares, que ensinou ao jovem Hazel a arte do sexo. "Ah, Hazel! Assim não, vai mais fundo! Isso garoto, fode gostoso a tia!"- ele me encarou pasmo e eu caí no riso. - Então? Tinha uma professora safada, não Tinha?

- Não tinha! mas tinha um bordel onde o professor Isaac nos levava. Bordel é o melhor, elas não tem medo de dizer que não tá gostoso.

Desta vez era eu quem tinha feito cara de abismada.

- Nossa! Então você foi iniciado num bordel?

Ele gargalhou concordando.

- Sofia! Uma jovem com uma bunda deliciosa! - confessou ele.

- Clichê dos clichês! - provoquei.

- Não! - ele resmungou rindo. - Porque é clichê?

- Um adulto arrastar um adolescente pra um bordel para perder a virgindade. Essa é uma prática que existe desde que o mundo é mundo! Os homens são estimulados ao sexo desse muito cedo.

- Há! Ele não nos arrastou. Ele nos mostrou o lado bom da adolescência e os hormônios a flor da pele. - ele riu.

HAZELOnde histórias criam vida. Descubra agora