Capitulo 2

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Bangkok - Anos atrás

Eu sou Talay Akkarachotsopon, mas meus amigos me chamam apenas de Tay. Eu gosto, porque é um nome simples e bonito como eu, pena que minha beleza não seja suficiente para Time, a pessoa que eu amo...

Estava exausto quando finalmente entrei com minha Mercedes pelo portão da minha enorme casa, que construí pensando em morar lá junto com a pessoa que jurei ser meu ''para sempre''. Olhei para a fachada e suspirei lembrando de quantas noites eu passei sem dormir planejando casa detalhe dela. Meu sonho foi realizado no dia em que me casei com Time e nos mudamos para cá.

Eu só não podia prever que seria que meu sonho  se tornaria um pesadelo, pois, apesar de no começo Time ser um verdadeiro  príncipe, logo ele começou a mostrar traços que eu não conhecia. Comecei a questionar o que estava fazendo errado e mudar meu eu para agrada-lo. Afinal, eu não queria perder o amor da minha vida.

Estacionei o carro corretamente, e quando desci percebi que havia mais um carro na garagem, além do meu e do de Time. Fiquei curioso com aquilo e entrei na casa correndo. Conforme andava pelo corredor onde havia uma exposição de fotos minha com Time ouvi gemidos vindo do nosso quarto e, a única frase que se passou em minha cabeça foi "De novo não".

Caminhei lentamente em direção ao quarto, implorando para que fosse coisa da minha cabeça. Abri a porta devagar e vi a cena que me partia o coração, pois, por mais que eu tivesse me acostumado, ainda doía cada vez que acontecia.

Time estava em nossa cama, sentado com as mão em volta do pequeno Tem enquanto o mesmo sentava nele. Os olhos dele estavam fixos no corpo bonito do mais novo e ele não percebeu quando eu entrei no cômodo. Meu corpo paralisou e as lágrimas desceram sem controle, molhando meu rosto. Eu não queria chorar, mas foi inevitável.

— Atrapalho? — perguntei com a voz controlada, tentando não demostrar o quanto aquilo me machucou, de novo.

Só então eles pararam, e Time me encarou. Ele tirou Tem do seu colo e veio em minha direção com sua carinha de cachorro arrependido.

— Amor, eu posso explicar.

— *Sempre a mesma frase* — suspirei — Explicar? O que tem para me explicar?

— Nós estávamos apenas conversando e... Rolou. Mas, foi a última vez, eu juro!!!

— Eu te odeio... — sussurrei baixinho — EU.TE.ODEIO — gritei em seguida quando Time tentou me tocar

Sinto que varias facas estão atravessando meu corpo quando todas as traições anteriores sobrevoam em minha mente. Dói, como essa merda dói.

— Tay...

— CALA A BOCA! EU ODEIO VOCÊ E ODEIO TE PERDOAR TODAS AS VEZES E FINGIR QUE NADA ACONTECEU!

Depois de gritar eu tentei me controlar, mas não dava. Me aproximei do traidor de merda e fiz o que deveria ter feito muito antes.

*Páh* 

O barulho do tapa soou alto no quarto.

Antes que eu perdesse a coragem dei um tapa na cara do Time, que me encarou chocado. Por um momento, me senti bem com isso.

— Amo...

— Acabou — sussurrei, pedindo com a mão que ele ficasse onde estava.

— Calma, amor. Vam... — Time apertou meu braço então eu dei um tapa mais forte.

— ACABOU, PORRA! SAÍ DA MINHA CASA E LEVA ESSE FILHO DA PUTA COM VOCÊ — Nunca imaginei que essas palavras sairiam da minha boca, assim que terminei de falar mais lágrimas escorreram em meu rosto.

Meu sonho estava acabando ali, aliás, meu sonho já havia acabado a muito tempo quando Time me traiu pela primeira vez. Mas, eu cansei. Cansei de ser humilhado, traído e ficar dando sorrisos falsos por ai, enquanto esse merda faz o que bem entende.

— Não quero mais te ver, olhar na sua cara nojenta — respirei fundo — Cansei, Time. Cansei de ser sempre o trouxa que luta por essa merda de relacionamento. Cansei de ser o idiota que aceita suas traições...

Time não se moveu, acho  que nem ele estava acreditando, então eu resolvi sair daquele lugar antes que enlouquecesse ou perdoasse novamente aquele imbecil. Peguei meu carro e dirigi a toda velocidade, indo direto para a casa do meu melhor amigo: Kinn.

Casa principal

Assim que cheguei na casa do Kinn, o mesmo logo me abraçou forte e o Porsche ficou ameaçando o Time. Thankhun quase foi até minha casa colocar fogo nela com as duas pessoas que me machucaram dentro; eu meio que iria deixar isso acontecer, mas, ainda amo aquele imbecil e mais ainda a minha casa.

— Quero sumir daqui — falei entre os soluços — Não quero mais ficar nessa droga de lugar e nem respirar o mesmo ar que aqueles dois — parei de repente — Desculpa... não queria xingar — encarei o meu pequeno Vento: Phrapai. O filho mais velho de Kinn e Porsche.

Desde de quando eles o adoraram eu me apaixonei pelo garotinho, ele virou meu xodó e xodó da família, junto com o Veneza. O pequeno vento caminhou em minha direção e subiu no meu colo, limpando as lágrimas que insistiam em cair.

— Titio tá triste? — ele perguntou com seu jeitinho fofo — toma — disse me dando uma de suas motinhas — não chora, tá bom?

Eu abracei meu pequeno e concordei em parar de chorar, no entanto, o cheirinho infantil só me fez ficar mais emotivo; porque tudo o que eu queria era um filho com Time.

— Sim, meu Vento... titio está triste, mas vai passar.

O mesmo me olhou com olhinhos brilhantes e beijou minha bochecha.

— Não gosto do titio Time, ele é mau.

— Querido, vamos deixar o seu tio descansar — Kinn pegou Phrapai no colo — Se o Time aparecer, não se preocupe que vamos impedi-lo de passar.

— EU DISSE KINN, EU FALEI QUE ERA PRA TER MATADO O TIME A MUITO TEMPO — gritou Thankhun.

— Meu amor, seu irmão não pode fazer isso — respondeu Arm, marido de Thankhun.

— MAS EU POSSO! — Thankhun falou de forma sombria, saindo da sala.

Realmente, ele pode! Nunca queiram ser inimigo do Thankhun, ele é louco e é capaz de matar quem pisar no seu calo, no mínimo ele vai te fazer sofrer.

Horas depois...

Deitei na cama e fiquei encarando o teto.

— Como? Como fui me apaixonar por ele? — me perguntei enquanto me encolhia em posição fetal e então me lembrei...

Tudo começou quando nossas famílias estavam fazendo negócios juntos. Conheci Kinn primeiro por causa dos negócios da família dele com a minha e, logo veio o Time. No começo só nos falamos por ter a amizade do Kinn em comum, mas, alguns meses depois passei por um momento complicado em relação a minha família e o Time foi o meu porto seguro.

Ele estava lá quando meu mundo desabou. Ele estava lá quando comecei a ter problemas de bulimia. Estava lá quando eu era perseguido por ter um corpo e rosto muito feminino. Foi com ele que dei meu primeiro beijo e foi com ele que tive minha primeira vez.

Resumindo: Time se tornou meu mundo. Logo colocou uma coleira em meu pescoço e me fez sentir que eu precisava dele para viver, mesmo quando as traições começaram.

Me lembro de como o peguei me traindo na primeira vez e como ele me manipulou para voltar com o mesmo.

- "Você vai deixar esse pequeno deslize nos afastar? Nós nascemos um para o outro; eu não posso viver sem você e você não pode viver sem mim! Quem vai te ajudar se você voltar com seus problema de bulimia? Quem vai ficar ao seu lado quando sua família estiver em conflito? Ninguém pode cuidar de você como eu, meu amorzinho"

Essas foram as palavras que me fizeram desistir de terminar, afinal, era só um pequeno deslize como Time pontuou, não era pra tanto. E, de fato ninguém nunca cuidou de mim como ele. Minha dependência emocional com ele foi tanta, que aprendi a me acostumar com suas traições para não viver sem ele.

— Por que ele que ser assim? — perguntei em voz alta, esperando que alguma divindade mandasse uma resposta — por que tem doer tanto?

As lagrimas escorreram em meu rosto, ate que eu adormeci, sentindo que não havia mais nenhum sentido em ficar vivo. 

Macau e Tay - Especial MDBOnde histórias criam vida. Descubra agora