Capítulo 10

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Pov' Tay

Tem quase dois minutos que estou tampando meu nariz para não imitar um porquinho. Sempre que vejo Vegas e Type brigando não consigo me conter, a risada vem automática. Eles brigam desde quando se conheceram no hospital dos TK, mas são melhores amigos também, o que rende muita encrenca, já que eles estão sempre juntos.

Sei que meu rosto já devia estar vermelhinho, já que senti ele esquentar, mas não podia deixar aquele 'ronquinho patético sair de mim. Macau caminhou em minha direção e puxou meu braço, eu me engasguei com a risada e o som de um porquinho soou baixinho. Senti o olhar dele sobre mim e nossos olhares se encontraram.

Por alguns segundos tudo o que existia ali era apenas eu e ele; a rua ficou vazia, os sons deixaram de existir e vento parou de correr. Vegas chamou o nome de Macau e nós desviamos o olhar, completamente perdidos, tentando entender o que tinha acabado de acontecer.

Eu caminhei até uma das limusines que estavam paradas e entrei. Tirei meu celular do bolso e respondi as últimas mensagens que apareceram na tela, uma delas era de Gun.

Gun Phanish:
• Conseguiu achar o envelope?

Tay:
° Ainda não, não estava no
local que você indicou
.


Gun Phanish:
• Meu amigo deve ter
mandado errado.
Desculpe te colocar nessa roubada.

Tay:
° Esta tudo bem.

Gun Phanish:
• Posso te buscar
pra gente sair?

Tay:
° Não estou na Tailândia,
tive que sair pra
resolver umas coisas.

Gun Phanish:
• Me avise quando voltar,
estou com saudades.

Tay:
° Hum, eu tbm.

Antes que eu pudesse bloquear a tela do meu celular Macau entrou no carro e se sentou ao meu lado.

— Quem é Gun?

— Você estava lendo minhas mensagens? — Perguntei assustado.

— Só a última. Ele é seu novo namorado? Quando você terminou com Time?

— Há muitos anos atrás e, não te interessa se ele é meu namorado ou não.

Macau respirou fundo e passou a língua no canto interno da boca, do mesmo jeito que o irmão dele fazia quando estava estressado ou irritado.

— Sabe, me contaram uma história interessante a alguns minutos atrás...Sobre um garoto doce que se tornou um adulto rebelde que sai todas as noites, anda com pessoas duvidosas e frequenta lugares ruins.

Minha ilusão de ter alguém que não me olha com julgamento ou pena acabou tão rápido quanto iniciou.

— Manda a ver... — falei esperando os concelhos ou as palavras duras.

— O que? — Macau perguntou confuso.

— Você acha que eu sou mimado ou que eu sou um coitadinho? Ou melhor; você acha que eu sou os dois?

— Por que eu te acharia um coitadinho?

— Não se faça de bocó, todo mundo sabe o que aconteceu.

— Que Time te traiu algumas vezes?

— Algumas? — perguntei debochando — só do nosso casamento para o dia em que terminamos foram oito vezes e nosso casamento não durou muito. Quer que eu te fale quantas vezes foram durante nossos 3 anos de namoro?

— Eu... Sinto muito. Não sabia disso.

— Aí está... O olhar de pena. Eu não preciso disso, já me livrei daquele fardo e estou apenas vivendo a minha vida como eu acho melhor.

— Por melhor você quer dizer coisas que podem te matar?

— Eu não sei do que você tá falando — respondi virando o rosto para o outro lado, olhando a rua pelo vídeo fumê.

— Não vou te julgar, eu já estive em seu lugar.

Quando Macau falou isso eu me virei para ele outra vez, desejando saber o que ele fez e quem o levou a fazer.

— Quem... Não importa. Eu não estou nem aí pra sua vida e espero que você não esteja nem aí pra minha.

— Não vejo como isso é possível, afinal, nós somos amigos.

— Nós éramos, a muitos anos atrás. Você não tem nenhum lugar melhor para estar? — perguntei tentando não pensar muito sobre o assunto e, torcendo para ele sair e me deixar em paz.

— Na verdade: não! Mas se você quer espaço para conversar com seu namorado eu posso te dar — ele se afastou e sentou na poltrona mais distante.

— Eu nunca mais vou namorar — pensei, mas na verdade meus pensamentos saíram em voz alta.

Graças a Deus Macau pareceu não ter ouvido, porque continuo calado, olhando para o próprio celular.

Eu peguei o meu celular e fiquei digitando várias coisas aleatórias, apenas para irrita-lo com o som do teclado. Não sabia o porquê de querer irrita-lo tanto, mas sabia que era mais forte que eu.

— Seus dedos vão cair se continuar digitando rápido assim — Macau falando entre os dentes.

— *Xeque - mate* — pensei feliz em ter conseguido.

...

Depois que todos visitaram Syn, nós seguimos para a casa de Kamol. Era uma casa linda e 'clean, com alguns tigres no jardim gigantesco que eles tinham. Já passava das duas da manhã quando eu me levantei da cama, agoniado por não conseguir dormir.

Andei até a jaula dos tigres mas mantive uma distância segura como os seguranças haviam pedido. Fiquei admirando as lindas criaturas que dormiam tranquilamente sobre as redes reforçadas que haviam lá dentro. Uma voz chamou minha atenção e eu caminhei em passos leves em direção ao som.

— ... A pessoa descobriu que ele é filho da pessoa que acabou com o 'bandinho dele, por isso ordenou esse ataque, tenho quase certeza.

A voz era nitidamente de Macau, mas eu não entendi nada sobre o que ele estava falando. Dei mais alguns passos tentando ouvir melhor, mas meus pés tem vida própria e me fizeram tropeçar.

— Você se perdeu novamente? — Macau me perguntou com o deboche estampado em seu lindo rosto.

— Eu... Estava vendo os tigres... Estou voltando para casa.

— A casa é para lá — ele apontou em direção oposta a que eu estava.

— Obrigado — falei e comecei a andar em direção a casa.

— EU VOU DORMIR NO SEU QUARTO HOJE.

Me virei devagar e olhei bem para ele pra ter certeza que aquilo não era uma alucinação.

Macau e Tay - Especial MDBOnde histórias criam vida. Descubra agora