Capítulo 32

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Pov' Tay

— TYPE ELA ESTA SANGRANDO!

— ESTOU CHEGANDO — Type gritou de volta e desligou.

Olhei para o lençol branco que estava coberto de sangue e comecei a tremer. Naquele momento não havia nenhum segurança dentro do quarto, estava apenas eu e a pequena Sayuri.

— AAAAAAAAAAAAIII — Sayuri gritou quando sentiu mais uma contração, e junto com o grito uma rajada de tiros soou também.

Apertei os dentes e trabalhei na ideia de continuar a respirar.

— Say... Você precisa fazer mais força — pedi, sabendo que aquilo era quase impossível, pois ela estava visivelmente fraca — Pode me morder ou apertar minhas mãos, eu não me importo, mas precisamos fazer força!!!

Sayuri tentou mais uma vez. Seu rostinho angelical e seu corpinho tremiam com a força, mas parecia não ser suficiente.

— De novo — falei tentando soar tranquilo.

Minha amiga apertou meus dedos tão forte que eu ouvi ele estralar, mas contive o grito de dor que ameaçou sair de mim, pois ela estava sofrendo muito mais.

— P'Tay... — Sayuri me chamou para perto — Se eu morrer...

— VOCÊ NÃO VAI MORRER!

— Me escute... Se eu morrer, quero que meu filho se chame Saint.

— Não fale besteira! — comecei a chorar em desespero, pois a voizinha estava cada vez mais baixa, e eu podia ver a força deixar o pequeno corpo — Você precisa viver.... precisa viver para o pequeno Saint.

Sayuri sorriu por breves segundos, ate que outra onda de dor chegou. Eu não sabia como, mas eu sabia que eu ia ter que terminar aquele parto, pois a garota mal podia se mover. Tentando lembrar das instruções de Type, eu consegui colocar a mão no bebê de forma que ele não escapasse.

— Say, eu estou com ele em minha mão, você precisa empurrar... apenas uma vez e eu juro que vai acabar.

Sayuri gritou e agarrou os lençóis em baixo de si. O pequeno corpinho de Saint saiu, junto com uma quantidade absurda de sangue. Eu não precisava ser medico para saber que aquilo não era normal.

O chorinho de Saint me distraiu por breves segundos, agarrei ele em meus braços e o cobri com um lençol que estava dobrado ao meu lado. Ele era tão pequeno... Comecei a chorar enquanto sentia o corpinho tremer em meus braços, e nesse momento Vegas entrou.

— Meu filho — ele correu ate mim e pegou Saint, se ajoelhando no chão e chorando fortemente.

O suspiro de Sayuri fez eu olhar para ela e quase enfartar. A garota estava mais pálida que o normal, com a boca branquinha e respiração quase nula.

— Sayuri!!! — corri ate ela e comecei a agita-la — SAYURI, ACORDA!!!

Type entrou no quarto nesse momento e começou os procedimentos necessários para salva-la. Sayuri ficou consciente por poucos minutos, mas tempo suficiente para ter Saint em seus bracinhos. Macau entrou no quarto acompanhado de Syn e Phayu logo em seguida, os três estavam cobertos de sangue e eu corri para Macau para ter certeza de que ele não tinha nenhum ferimento grave.

— Estou bem, amor... já acabou — ele sussurrou e me abraçou, mas seus olhos estavam mais a frente.

— Eu... — Sayuri começou a falar, com o pouco de voz que restava

— Fique quietinha, querida — Type pediu — vamos te salvar...

— P'Type, por favor... — ela pediu com lagrimas nos olhos, fazendo Type parar.

— Deixe ele te salvar, Say — Pete pediu soluçando — Por esse bebê... deixe...

— Eu não posso mais... Me perdoe Phi, me perdoe por tudo... Eu sabia que algo estava errado no dia do baile, e mesmo assim decidi ficar. Eu deveria ter ido embora antes de ser drogada, e tudo aquilo ter acontecido...

— A culpa não foi sua — Pete garantiu, pois já sabia de toda historia de como os dois (Vegas e Sayuri) foram drogados sem saber.

— Indiretamente é — ela tossiu, e ao olhar para sua mão vi sangue — eu nunca devia ter feito parte do plano dos meus pais, vocês são as pessoas mais incríveis do mundo — ela começou a soluçar, com lagrimas claras escorrendo — eu espero que Saint seja como vocês...

— Saint? É assim que quer chama-lo? — Vegas falou pela primeira vez, sentando ao lado de Pete.

Sayuri assentiu, e suas mexas negras caíram eu seu rostinho, Vegas as colocou para trás delicadamente.

— É um belo nome.

— P'Pete... cuide dele para mim... por favor, cuide dele — Sayuri implorou e Pete assentiu freneticamente — P' Tay — ela me chamou, e eu corri para ficar ao seu lado — Seja um bom padrinho como você foi um bom amigo para mim. Obrigada por me ajudar a trazer meu pequeno Saint ao mundo, eu não teria conseguido sem você — limpei suas lagrimas e garanti que ficaria tudo bem — Não seja tão duro com ele — ela pediu a Vegas.

Vegas olhou para mim, ainda com lagrimas nos olhos e me agradeceu sem som, aquele obrigado tinha muito mais do que eu podia imaginar.

— Saint... — ela se aproximou com dificuldade do pequeno pacote nos braços de Pete — eu te amo, mamãe sempre vai te amar. Obedeça seu pai e P'Pete, ele fara meu papel — com um beijo que quase não chegou aos cabelinhos de Saint, Sayuri fechou os olhos, dando seu ultimo suspiro.

Senti as mãos de Sayuri ficarem cada vez mais frias, e seu corpinho foi relaxando na cama.

— Sayuri... me ouve... por favor... — as lagrimas e os soluços saíram de forma incontroláveis de mim.

Senti a mão forte de Macau em meu ombro, me levantei rapidamente e o abracei. Deixei que ele me segurasse, pois minhas pernas cederam no mesmo instante. Senti que estava sendo carregado para fora, mas meu coração estava quebrado, e a única coisa que eu fiz foi apertar ainda mais meu porto seguro, enquanto pedia aos céus que os anjos cuidassem da minha pequena Sayuri.  

Macau e Tay - Especial MDBOnde histórias criam vida. Descubra agora