Capítulo 14

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Pov' Tay

Algumas horas atrás...

Senti meus braços doerem quando eu acordei e tentei mexe-los para aliviar as pontadas que corriam por ele, no entanto, minhas mãos nem se moveram. Abri os olhos rapidamente e descobri que havia sido sequestrado. Olhei em volta procurando por alguém, mas o lugar estava vazio, e pelo cheiro; fechado a muito tempo.

Meu estômago embrulhou e eu não sabia dizer se era pelo fedor ou pelo medo. Um homem vestido de preto e com uma máscara entrou na sala e falou alguma coisa para alguém que estava ao lado dele, quando essa pessoa respondeu meu coração quase saiu pela boca; Gun.

Tentei chamar o nome dele, mas minha boca estava com um pano nojento dentro e apenas um som estranho saiu. Gun estava amarrado também, mas diferente de mim que tinha cordas em todo o meu corpo, ele estava apenas com as mãos presas ao corpo.

Vi que ele não me olhou e achei aquilo estranho, até me lembrar do que ele havia me dito; sobre pessoas que o matariam se ele não conseguisse o tal documento. O homem que entrou na frente veio até mim e retirou o pano, me dando a ordem de contar onde estava o papel, como eu não falei, ele me bateu algumas vezes no rosto, deixando minha bochecha dormente.

— Não sei desse papel maldito! — menti.

No entanto, eu sempre fui um péssimo mentiroso e qualquer pessoa podia ver na minha cara que eu estava mentindo.

O homem apontou a arma para Gun e continuou insistindo para que eu dissesse sobre o tal documento. Naquele momento eu tentei me lembrar de todas as táticas que Kinn havia me ensinado e como colocar em prática, mas estava muito nervoso, e aquela pessoa sabia de algo a mais e não estava blefando. Percebi que Gun realmente corria risco de vida quando um tiro foi disparado, mas esse só rasgou de leve o braço do mesmo.

— TUDO BEM EU DIGO — gritei quando vi que não havia saída — eu digo... Mas, por favor, solte...

O barulho do tiro na porta foi tão alto que eu me calei.

— Você não pode negociar, diga onde está o documento ou o próximo tiro será em sua cabeça.

Engolindo as lágrimas que ameaçavam sair eu pedi perdão aos meus amigos - mesmo que eles não ouvissem - e contei onde estava o papel. Assim que terminei de falar eles saíram da sala e eu fiquei lá, mas, antes de sair Gun olhou para mim e sussurrou um pedido de desculpas... Como se tivesse arrependido de algo e, deixou algo cair no chão.

Depois que a porta foi fechada eu tentei me mover até o objeto, caindo de cara no chão no processo, quando finalmente toquei no que parecia ser um estilete meus dedos tremeram, mas eu consegui segura-lo com força suficiente para começar a corda . Aquilo durou horas, mas finalmente eu consegui me soltar.

Retirei o resto de corda que sobrou em meu corpo e corri pelo lugar, tentando achar uma saída, que no caso a única disponível era no teto. Superei meu medo de altura e empilhei algumas caixas para conseguir alcançar e pular para fora, quando meus pés tocaram o chão a única coisa que se passou em minha mente foi contar a Macau o que ia acontecer.

Quando estava na saída olhei para a casa que parecia abandonada e decidi voltar mas, quando eu estava quase entrando ouvi Gun conversar com alguém.

— Eu não tive escolha irmãozinho... — a voz desconhecida falava em um tom baixo e calmo — se não fosse assim nós não conseguiríamos o documento. Eu não queria fingir um sequestro, mas era necessário.

— O que vamos fazer agora? — Gun perguntou.

— Vamos matar Tan, Bun e Day, dessa vez sem erros...

Eu tampei a boca para não deixar nenhum som sair e continuei ouvindo a conversa ate que alguém gritou que eu havia sumido. Corri como nunca, segurando a vontade de chorar por estar sendo usado e traído mais uma vez.

Quando cheguei à segunda casa fui direto para o escritório, onde sabia por instinto que acharia Macau. Eu estava certo e, o olhar dele para mim me cortou em pedaços. Ele caminhou até mim e por um segundo achei que iria me tocar, mas, a mão se abaixou e ele se afastou. Por muito pouco Macau não atirou em mim, e mesmo com todo nervosismo que eu sentia consegui contar os planos de Gun e Tiw para ele.

— Você pode confiar em mim? — pedi, mesmo sabendo que seria difícil para ele — Só dessa vez?

Ele caminhou até mim e colocou a arma no meu queixo, levantando meu rosto até que nossos narizes se tocaram.

— Se essa informação estiver errada, eu vou te caçar até o fim do mundo.

Fechei meus olhos e aproveitei a sensação estranha de ter Macau tão perto de mim, quando eu os abri vi que os olhos dele estavam fixados em mim e que ele tinha se perdido no personagem de vilão que criou. Antes que eu pudesse me mexer ou falar algo, ele saiu, me deixando ali parado sem saber o que fazer. As lágrimas escorreram em meu rosto e senti que estava perdendo alguém especial para mim.

Macau e Tay - Especial MDBOnde histórias criam vida. Descubra agora