Capítulo 23

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Pov' Tay

Cheguei a tempo de ouvir todo plano sujo e inescrupuloso de Tiw. Pude ouvir um som entrecortado saindo da garganta de Gun, mas não tive tempo de me virar para ver se ele estava bem, pois comecei a correr em direção a Macau.

Gritei o nome dele ao mesmo tempo que o som do tiro rasgou o ar; seco e rápido. Foi como se o mundo tivesse ficado em câmera lenta... Foi como se eu pudesse ver a bala entrando no corpo dele e pudesse ouvir o barulho dos músculos sendo perfurados.

Uma dor inexplicável me atingiu, ao mesmo tempo que a raiva. Descarreguei todo pente da Glock em minha mão no peito de Tiw, querendo que ele sentisse a mesma dor que eu, mas nem mesmo isso me deixou feliz.

Eu comecei a andar na direção de Macau, mas o lamento de Gun fez com que eu olhasse para trás e foi nesse momento que a dor ficou pior, pois quando eu me virei para Macau outra vez ele apenas ordenou que eu fosse embora, com a mesma indiferença do primeiro dia em que ele descobriu a traição.

Eu ignorei o som do meu coração se partindo e corri para fora em busca de ajuda, pouco me importava Gun naquele momento. Apesar de sentir pena por ele ter um irmão tão filho da puta, eu só queria salvar Macau. Um homem com as mesmas roupas de combate que a de Macau correu até nós.

— Gun Phanish — o homem alto falou apontando a arma para o mesmo — Você tem o direito de permanecer calado e tudo o que disser poderá ser usado contra você no tribunal.

Alguns homens vestidos de preto e armado dos pés a cabeça apareceram e levaram Gun. Eu não sabia se podia confiar naquele homem, mas não tinha outra escolha.

— Meu amigo está lá dentro e foi atingido — eu falei rapidamente — por favor me ajude a tira-lo de lá!

O homem me empurrou e começou a correr para dentro do galpão. Eu fui atrás dele e tive que segurar para não chorar quando vi o corpo de Macau imóvel no chão.

Eu não sabia o que estava sentindo naquele momento, eu só sabia que não queria perde-lo. Corri até ele e me joguei no chão ao dele e do homem que começou a fazer uma espécie de compressa onde ele havia sido atingido.

— Ele ainda está vivo — ele informou — mas não por muito tempo. Eu não vou conseguir passar pelo buraco com ele no colo, vamos ter que trabalhar juntos.

Fizemos uma série de malabarismo para conseguir tirar Macau de lá dentro. Graças aos céus já havia uma ambulância no local e o levou mais que de pressa para o hospital TK. Eu fui atrás na moto de Gun, que era o único veículo disponível. Minhas mãos tremiam tanto que eu não sabia como estava conseguindo pilotar. Senti meu rosto ficando molhado, mas não me dei o trabalho de seca-las, ou poderia cair.

O hospital era um pouco longe e pareceu que tinha levado uma eternidade para chegarmos. Kamol já estava lá, o que eu achei estranho, mas não falei nada, apenas segui a maca. Quando os médicos passaram pela porta da sala de cirurgia eles pediram que nós esperássemos do lado de fora e assim fizemos. Eu apoiei meu corpo na parede e deixei que deslizasse até o chão.

Kamol se sentou ao meu lado, a princípio em silêncio, mas depois de alguns minutos ele iniciou o interrogatório.

— ... Eu não ficaria aqui se eu fosse você — ele falou com uma mistura de preocupação e raiva — Vegas chegará em alguns minutos e ele não vai pensar duas vezes antes de tirar sua vida.

— Eu não me importo — respondi de forma automática — não vou sair daqui enquanto não souber notícias de Macau. Vegas pode me matar se ele achar que isso vai fazer o irmão ficar bem.

— Você o ama? — Kamol perguntou diretamente.

Eu não sabia como responder aquilo. Eu com certeza não "não o amava", mas também não podia afirmar. Macau foi como uma ventania lenta em minha vida; que não é forte como um furacão para destroçar, mas também não é tão leve como uma brisa ao ponto de manter inalterada.

Eu não queria pensar nisso, não queria pensar nos pontos que ele tocou. Eu não estava pronto para ama-lo, aliás, eu não queria ama-lo. Mas, também não queria perde-lo.

— Eu só quero que ele fique bem.

— John me contou que você matou Tiw.

— John?

— Hum, a pessoa que ajudou a tirar Macau de lá.

— Ah, certo. Eu vou ser preso?

— Vou garantir que não. Tiw quase matou Macau e ia matar você e o próprio irmão, ele não merecia viver.

Assenti e fiquei calado. Olhei novamente para a porta da emergência, esperando que ela se abrisse e o médico falasse que Macau estava fora de perigo, mas nada disso aconteceu. Apesar do rosto de Kamol estar impassível as mãos dele tremiam, o que demostrava preocupação também.

— Qual sua relação com ele?

— Macau é como meu irmão mais novo — ele respondeu sem hesitar — eu daria minha vida por ele.

— Não se preocupe, eu darei a minha se precisar...

— SUA VIDA NAO VALE NADA — Vegas gritou passando por uma das portas e vindo até mim.

Kamol tentou para-lo mas ele foi mais rápido; me levantou pela roupa e acertou um soco em minha bochecha. Eu estava me sentindo tão culpado que não reagi, apenas deixei que ele fizesse o que queria. Ele me empurrou no chão e tirou a arma da cintura, apontando para minha cabeça. Kamol continuou falando com ele, o que era a única coisa que impedia ele de atirar.

— ... Estamos em um hospital, Vegas, você vai ser preso e seu irmão ficará sem você até que consiga sair... Me de a arma — Kamol pediu se aproximando.

Vegas virou a arma para Kamol e o olhou com raiva.

— Isso é culpa sua também! Se você não tivesse enviado ele para lá ele estaria a salvo.

— Se eu não tivesse feito isso — Kamol falou entre os dentes, tentando controlar alguma emoção — Ele não estaria aqui a muito tempo!

— Que merda você tá falando?!!! — Vegas encostou a arma na testa do mais velho.

— Macau ia se matar! Ele estava depressivo! Estava tão obcecado por alguém, que não tê-lo estava o levando a loucura. Ele quase se matou diversas vezes!

Nesse momento Pete, Syn, Phayu, Nuer e Rain entraram na ala. Syn correu até mim para me ajudar e Pete foi ao encontro de Vegas, que estava estático. Para falar a verdade; eu também estava.

Kamol não precisou citar nomes para eu saber de quem ele estava falando, assim que ele terminou a frase o nome de Porchay veio em minha mente.

Descobrir que Macau era tão apaixonado por ele a esse ponto mais uma vez mexeu comigo. Eu me lembrei da briga deles no dia anterior, e em como Macau tinha ficado mexido. Ainda existia sentimento, era óbvio.

Uma risada quase saiu de mim quando uma voz em minha mente sussurrou um "eu sabia". De certa forma, aquilo foi bom para que eu não me deixasse levar e me apaixonasse outra vez por um alguém que não poderia ser inteiramente meu.

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Hey, my precious babies. Esse é o ultimo capítulo de MacTay de hoje. O que acharam? A fic esta indo muito rápido? muito devagar? Me digam o que vocês estão achando. <3

Macau e Tay - Especial MDBOnde histórias criam vida. Descubra agora