Capítulo 5

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Pov' Macau 

Coreia do Sul.
Estou andando de um lado para o outro na frente da ala de UTI a no mínimo quatro horas. Minhas pernas já estão doendo, mas não tanto quanto meus olhos, que ardem pelas infinitas horas que passei e ainda passo chorando. Depois do que aconteceu com Vegas achei que nunca mais ia ver uma pessoa que eu amo entre o fio da vida e da morte, mas, ali esta Syn; do outro lado da parede, com vários fios e tubos conectados ao seu corpo, o ajudando a não partir antes da hora.

Meu celular tocou e eu demorei pra atender achando que era meu superior querendo me mandar para longe outra vez, mas, o numero era desconhecido e o DDD era da Tailândia.

— Quem é? 

— Mac, preciso de você!

Eu reconheço a voz imediatamente, e quase pulo de emoção ao mesmo tempo que a preocupação me toma, a voz na chamada é de Tan, meu melhor amigo desde a época da escola e meu primeiro parceiro de trabalho investigativo. 

— O que houve? — Pergunto após minha surpresa passar.

— DAY.

Quando meu amigo fala o nome do filho dele e com a voz chorosa, eu já imagino o pior, mas tento me controlar para não demonstrar. Ele me conta tudo o que aconteceu e pede minha ajuda para investigar quem causou o acidente que quase matou o pequeno Day, que agora deve ser vários centímetros mais alto que eu.

— Consiga o máximo de informação ate eu chegar — pedi a ele.

— Reuni tudo o que eu consegui, mas... tem um problema: Day perdeu parte da memoria e não consegue lembrar de nada dos seus últimos três anos.

— Merda... — sussurrei, mas ele ouviu.

— Você continua tendo a boca suja.

— Hum, esse sou eu — falei dando suspiro cansado em seguida.

— Você... esta bem? 

— Hum. Em no máximo 6 horas estarei ai, mas... não posso ficar muito...

— Onde você esta? O que esta acontecendo?

— Syn — o pequeno nome saiu quase como um sopro — meu sobrinho esta em coma...

As lagrimas escorrem em meu rosto novamente antes que eu pudesse conte-las.

— Sinto muito Mac, eu não sabia. Você não precisa vir!

Seco minhas lagrimas e respondo que esta tudo bem. Eu preciso ir para ajudar meu amigo e preciso ir para tentar me sentir me menos impotente. 

— Não se preocupe comigo. Estou a caminho — falo e desligo o celular.

Espero Vegas sair de dentro da ala que Syn esta e peço a ele o jato emprestado, contando o que esta acontecendo, mais que depressa meu irmão diz que sim e manda cumprimentos a Tan e Bun.

Antes de partir, vou ate a sala em que meu sobrinho esta e fico alguns minutos apenas fazendo carinho nos cabelos negros.

— Acorde minha pequena estrela — peço com um fio de voz e dou um beijo em sua bochechinha pálida.

...

Tailândia 

Assim que o jato pousou na United (pista de voo particular) eu tive a mesma sensação de quando pisei em Seul: de que minha vida mudaria dali pra frente, mas além disso eu senti minhas mão tremerem e um arrepio percorreu meu corpo. Estou mais perto do que nunca de Chay e tenho medo de como vou reagir.

— Controle-se, você não é mais um garoto apaixonado! — ordeno a mim mesmo, tentando lembrar de todos os motivos que eu tenho para não amar Chay e mais ninguém.

Um carro de luxo se aproximou e eu corri para abraçar Arm e Thankhun, que ficaram para cuidar dos negócios junto de Kinn e Porsche ate Vegas e Pete voltarem.

— COMO VOCÊ CRESCEU PIRRALHO — Thankhun gritou e me apertou entre seus braços — SE VOCÊ NOS DEIXAR OUTRA VEZ EU MESMO VOU MATAR VOCÊ!!!

— Eu senti falta desses gritos — ri com a careta de Thankhun fez.

Arm bagunça meus cabelos e me elogia por estar maior e mais forte.

— Pronto para fazer sucesso em Bangkok — Arm continuou brincando.

— Depois que Syn voltar talvez — respondi meio cabisbaixo, então tentei brincar para aliviar o clima que eu mesmo criei — Vou levar Nuer comigo pra night, Syn vai mostrar seus dentinhos em pouco tempo, vai ser divertido!

— Você não mudou nada! — Thankhun fala com um misto de sentimentos —  adora provocar!

Todos nós entramos no carro e seguimos em silencio ate a casa de Tan. Eu pedi para que meus primos me deixassem la primeiro, já que queria iniciar as investigações mais depressa. Depois que me despedi do casal, fiquei alguns minutos parado na porta da casa que eu frequentei durante minha infância. Estava diferente; mais bonita e com um jardim mais luxuoso, mas ainda parecia a mesma. 

Tan abriu a porta e correu em minha direção, me abraçando forte. Nós dois deixamos que nossas emoções saíssem por alguns minutos. Eu por Syn, ele por Day.

— ãn, chega! — falei me afastando — vamos entrar e me conte tudo que esta acontecendo.

Tan começou a me contar tudo, sem deixar nenhum detalhe de fora.

— Eu estava nessa operação — falei devagar, lembrando do dia — Kamol - o chefe da máfia em que Day trabalhava - me ajudou com algumas informações, na verdade, ele falou com meu amigo John, mas eu quem estava no comando. Essas pessoas são muito perigosas Tan, não sei porque a equipe que esta a cargo disso ainda não conseguiu prende-los... Mas não se preocupe, eu vou descobrir quem e porque essa pessoa fez isso.

Depois que consegui acalmar meu amigo, seguimos para o hospital para visitar Day. Eu nunca entendi como um garoto com pais tão amorosos podia ser tão egocêntrico e agressivo, mas, mesmo ele sendo assim eu o adorava, pois, não foi assim a vida toda. Alguma coisa aconteceu na adolescia dele que o tornou essa pessoa fria.

— Tio Macau!!! — Day falou surpreso quando me viu.

— Não, sou uma assombração — brinquei, bagunçando os cabelos lisos dele. Que caminhão que te atropelou?

Day olhou para Itt e fez uma careta.

— Nenhum, foi só uns arranhões, sorte que eu tenho alguém para cuidar de mim!

Olhei para Itt e percebi que ele se sentia culpado, talvez eu conseguisse algumas informações com o namorado do meu sobrinho. Depois de fazer muitas perguntas eu sai do hospital e segui para os locais onde poderia colher mais algumas pistas. Já era madrugada quando eu finalmente decidi ir para casa.

Eu nem imaginava que sentia tanta falta da minha casa ate colocar os pés no jardim dela. O cheiro das rosas favoritas da minha mãe ainda flutuava no ar, fiquei feliz em saber que Vegas nunca deixou essa memoria morrer. Segui para dentro da casa, surpreendendo alguns funcionários que ainda não sabiam da minha volta. Mas eu também tive uma surpresa quando uma voizinha em especial chamou minha atenção: PORCHAY.

— Macau!!! — ele chamou com seu sorriso doce e correu ate mim, me abraçando forte — eu senti sua falta. 

Engoli seco e falei para mim mesmo que aquilo não significava nada! Porchay estava apenas sendo ele mesmo: carinhoso e atencioso com qualquer coisa viva. Devagar, rodeei a cintura fina com meus braços e retribui o abraço.

— O que você esta fazendo aqui? — perguntei quando nos afastamos.

— P' Thankhun me contou que você já tinha chegado e eu quis fazer uma surpresa. Aqui, trouxe sua comida favorita — ele me entregou uma sacola cheia de coisas que eu amo. 

— Obrigado. 

— Eu.. eu tenho que ir... Kimhan esta me esperando em casa, eu não falei para onde estava indo, ele deve estar preocupado. Ah, ele não sabe que você voltou ainda, eu estava sozinho quando P' Thankhun me contou e corri direto pra cá, por isso ele não veio.

Era impossível que Kimhan não soubesse da minha volta, mesmo assim eu sorri para Chay, que estava apenas tentando amenizar a situação. 

— Chay... — falei levando a mão ao rostinho de bebê, alisando o queixo redondo, e nossos olhares se cruzaram e por um minuto.

— Preciso ir — ele repetiu quando percebeu o que eu estava a um passo de fazer.

Eu ia beijar Porchay. Meu Deus, o que se passa na minha cabeça? Respirei fundo e me afastei, agradecendo outra vez. Me virei em direção ao segundo andar da casa e subi as escadas correndo.

— Preciso de um banho gelado — sussurrei para ninguém em especial. 

A casa estava vazia exceto pelos funcionários, então o segundo andar estava extremamente silencioso. Desacelerei e caminhei devagar ate meu quarto, mas, algo chamou minha atenção em meio aquele silencio: Um suspiro. O som veio do escritório do meu irmão, que ficava entre meu quarto e o dele. Retirei minha pistola da cintura e andei em passos lentos ate o cômodo, quando entrei, fiquei surpreso ao ver a pessoa que estava ali:

Talay, ou melhor Tay, como todos o chamam. Meus olhos percorreram o corpo curvilíneo e chamativo, ate chegar no rostinho delicado que não havia mudado nem uma grama desde que eu parti. Ele estava de lado, mas eu podia ver com perfeição os detalhes de tudo, tive que limpar a garganta para dissipar a sensação estranha que se apoderou de mim e, o som chamou a atenção dele, que se assustou e tropeçou, caindo sentado no sofá ali próximo.

Macau e Tay - Especial MDBOnde histórias criam vida. Descubra agora