Capítulo 8

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Pov' Tay

Macau estava do outro lado do avião me evitando, e isso me incomodava mas eu não sabia dizer o porque... Talvez fosse o medo de que ele contasse o que acha que viu para Vegas e Pete. Eu me levantei para ir me sentar ao lado dele e tentar dar alguma desculpa, mas ele levantou antes que eu chegasse e caminhou em direção a uma das cabines e, ficou por lá.

Quando todos se distraíram com a refeição que foi servida eu aproveitei para ir ate ele. Bati na porta devagarinho e esperei que ele atendesse, mordendo os lábios e torcendo meus dedos em agonia.

— O que você quer?

— Eu... Eu queria me desculpar por ter entrado no escritório do seu irmão. Realmente foi sem querer, eu não peguei nada de lá, se você puder não contar para ele... não quero que ele e Pete fiquem decepcionados comigo achando que eu quero trai-los.

— Não se preocupe, não vou contar!

— Obrigado — eu agradeci com meu melhor sorriso — estamos lanchando, você não quer comer com a gente?

— Não estou com fome — ele respondeu e fechou a porta antes que eu pudesse falar algo mais.

Andei de volta ate minha poltrona e me sentei ao lado de Sky, que brincava com Khim em seu colo. A garotinha era literalmente uma princesa - como a chamavam na família - ela encantava a todos com seu jeitinho serelepe e meigo de ser, e eu não fiquei de fora; estava completamente perdido por ela.

Khim fez algumas gracinhas e todos riram da pequena, uma risada sincera saiu de mim como a muito tempo não acontecia. Ri em alto e bom som, tendo que tampar o nariz para não fazer o barulho engraçado que saia quando eu ria demais. 

Depois que Khim dormiu no colo do pai, eu fiquei olhando para o corredor das cabines e percebi que Macau ainda não havia comido nada. Levantei e fiz um prato com algumas coisas que eu lembrava que ele gostava quando éramos mais novos.

Nós costumávamos sair muito juntos - já que temos a mesma idade - mas paramos quando eu completei quinze anos e comecei a namorar com Time, foi bem perto da data que ele sumiu pela primeira vez.

Ele voltou a tempo de ver eu me casar, mas foi embora novamente no dia seguinte ao casamento de Kimhan e Porchay, então, ele provavelmente ele não sabe de nada que esta acontecendo e nem conhece a pessoa que eu me tornei. De certa forma é bom saber que alguém do meu ciclo não vai olhar com pena, pelo menos ate ele descobrir tudo. 

Respirei fundo e coloquei meu melhor sorriso no rosto outra vez.

*toc toc*

— O QUE É? — ele perguntou visivelmente irritado.

— Eu trouxe isso para você — falei colocando o prato próximo a ele  — Eu vi que você não comeu nada nas ultimas horas que estávamos juntos.

— Por um acaso eu disse que estava com fome? Que queria comer? Leva isso embora — ele falou empurrando o prato.

Senti uma mistura de raiva e tristeza pelo desprezo, mas logo reergui minhas muralhas e fechei a cara.

— Eu já trouxe, faça o que quiser com isso! 

Coloquei o prato na cama, e o nome no laptop chamou minha atenção. Era o nome do antigo dono da boate, o mesmo que eu bati o carro no dele na noite em que terminei com Time. Resolvi esquecer o assunto e fui em direção a porta, mas ele segurou meu braço.

— Me... — ele começou a falar mas eu o interrompi.

— FAÇA - O - QUE - QUISER — soletrei e sai da cabine antes que começasse a chorar. 

Odeio essa lado sensível em mim, mas infelizmente tem vezes que eu não consigo controlar. Me sentei na minha poltrona e fiquei lá ate o fim da viagem. Quando pousamos na Coreia, meus olhos brilharam com a vista incrível do lugar. Eu já havia ido lá muitas vezes e mesmo assim me apaixonava de novo sempre que ia. 

Seguimos para casa de Kamol para deixar nossas coisas e depois fomos para o hospital. Como a família era muito grande, tivemos que fazer um rodizio e basicamente formar uma fila na frente do hospital para poder entrar. 

— Eu posso ser o ultimo — falei indo para o fim da fila, mas Macau pegou minha mão e me puxou para frente novamente.

— Você vai entrar comigo... já que eu não tenho par.

— Mas... Mas...

— Somos os próximos! — ele falou encerrando o assunto. 

...

Foi emocionante ver o amor de tio e sobrinho. Acho que Macau chorou mais que Syn, e eu me afastei alguns passos para não deixa-lo constrangido.

Ainda não tinha entendido o porque dele me querer por perto, mesmo depois de ter me tratado mal. Será que ele esta com remorso? Não.. Os Theerapanyakul's não conhecem essa palavra. Desisti de encontrar a resposta e fiquei sentado na poltrona, ate Syn me chamar para perto. 

— Você esta lindo, como sempre — o pequeno me elogiou, dando um sorriso que deixava suas covinhas evidentes.

— Olha quem fala, você esta deslumbrante, ainda mais fofo do que já era. Eu estava com saudades.

Abracei minha pequena estrela e ficamos em silencio por alguns segundos. 

— Obrigado por vir me ver. 

— Não foi trabalho nenhum. Eu estava na segunda... — Parei de falar quando percebi que era informação demais — Kinn me avisou que estava vindo e eu peguei carona. 

— Oh, você e Kinn são inseparáveis!! Mas temo que vou ter que roubar você por um tempo. Quando eu voltar, vou ficar na segunda casa até a minha ficar pronta e, preciso de alguém para me ajudar com Dao e com o projeto... Não conheço ninguém que faça projetos como você e ainda tem jeito com criança, então..... você terá que passar mais tempo na segunda casa. 

— Será um prazer — falei sorrindo, tentando disfarçar os calafrios que passaram pelo meu corpo quando Macau me encarou — Bom, nós já vamos, ainda tem uma fila enorme pra te visitar.

As bochechinhas de Syn ficaram coradas e ele fingiu chorar.

— Eles vão me fazer passar vergonha... Nunca mais vou passar nem na porta desse lugar.

— AMÉM! — Eu e Macau falamos ao mesmo tempo.

Macau e Tay - Especial MDBOnde histórias criam vida. Descubra agora