Capítulo 24

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Pov' Tay

O tiro acertou uma veia próxima ao coração de Macau e ele teve que fazer diversas cirurgias desde quando foi internado. Hoje faz 3 dias desde a última e ele ainda não acordou. Vegas não suporta me ver aqui, mas eu simplesmente não consigo partir.

Passo os dias alternando entre olhar para ele e cuidar dele, seja limpando seu corpo ou ajustando a posição em que ele está deitado. Em alguns momentos eu me pego desejando trocar de lugar com Macau e imagino o que ele estaria fazendo agora...

*Será que estaria brincando com o pequeno Daonuea? Ou estaria em alguma missão arriscando-se outra vez? Ou talvez estaria viajando o mundo, conhecendo pessoas novas e espalhando seu charme por onde quer que vá* — Suspirei alto e encostei a cabeça em sua mão, que estava fria.

A porta do quarto se abriu e Nuer entrou com seu sorriso gentil. Desde quando eu fiquei na segunda casa para me recuperar ele é uma das minhas pessoas favoritas e uma das poucas que parece me entender.

— Trouxe um lanche para você. Syn queria ter vindo também, mas Dao esta com cólica outra vez.

— Obrigado. E, sinto muito, você não precisava ter vindo... O que Type diz a respeito disso?

— Ele acha que o pequeno pode ter refluxo. Já fizemos os testes e estamos esperando ficar pronto.

— Espero que não seja grave.

Eu não entendia muito bem sobre isso, já que os pequenos (Rain, Sky, Mangkorn, Syn, Milk, Phrapai e Phayu, as únicas crianças que eu tinha contato) nunca foram de ficar doentes.

— Graças aos céus não é, mas é necessário ter atenção — ele falou e olhou para Macau.

— Como ele está hoje?

— O médico acabou de passar; seus sinais vitais estão melhores e o mesmo prevê que ele acordará logo.

— Você deve estar feliz com essa notícia.

— É claro!!! — eu falei forçando um sorriso.

Eu realmente estava feliz. Queria que Macau acordasse mais que de pressa e, assim que isso acontecesse eu iria partir para bem longe.

— Como você conseguiu?

— O que? — ele perguntou confuso.

— Como conseguiu ver a estrelinha nesse estado e se manter vivo?

Nuer ficou com o olhar distante por alguns segundos antes de responder.

— Eu não consegui. Por diversas vezes eu me vi morto por dentro, era como se só meu corpo estivesse acordado. Pensar em perder Syn foi a pior coisa que eu já senti na vida... A única coisa que me manteve em terra foi o pequeno Dao e a esperança de que um dia eu, ele e Syn nos tornássemos uma família.

— Isso é... Lindo, apesar de ser triste.

— Posso te dizer uma coisa?

— É claro.

— Eu sei o que o medo faz com a gente... Não deixe ele te consumir. Você merece ser feliz independente do seu passado. Não feche seu coração ainda.

Eu fiquei encarando Nuer e tentando assimilar suas palavras. Ele sorriu e foi até a mesa, deixando o pacote de comida junto com os anteriores, que eu ainda não havia tocado.

— Você vai ficar doente se não comer — ele falou preocupado, me tirando do transe em que eu estava .

— Eu prometo que vou comer esse — garanti — Agora volte para sua estrela ou ele ficará preocupado.

— Hum. Ligue para ele quando puder. Meus pais estão vindo para visitar Macau, aproveite para descansar.

— Okay — sorri e esperei que ele fechasse a porta.

Alguns minutos depois Kamol e Kim entraram com Bun e Tan a reboque. Eu os conhecia por alto e sabia que eram grandes amigos de Macau. Eu não queria atrapalhar a visita, então cumprimentei a todos e sai.

Vegas estava do lado de fora conversando com Kinn e Porsche, e eu apenas acenei para o casal antes de passar para a área aberta da sala de espera. Alguns minutos depois Vegas veio até mim, e eu me preparei para sentir a dor de um empurrão ou algo assim, até mesmo um xingamento... Mas ele apenas parou do meu lado.

— Por que você fica aqui? — ele perguntou acendendo um cigarro, mas não fumou.

— Eu já disse que vou ficar até ele ficar bem.

— Hm, mas eu quero saber o motivo. Meus filhos me falaram que vocês... Estão apaixonados, mas, eu não acredito nisso. Você já esqueceu Time?

A pergunta mexeu comigo. Não só a pergunta mas também o fato de Phayu e Syn acharem Que estamos apaixonados!

— Vejo que não — Vegas falou com seu sorriso diabólico — o que me leva a crer que ele também não esqueceu Porchay. Então vem a questão: O que você espera ganhar com tudo isso?

— Nada! — respondi rapidamente — eu só quero vê-lo bem e depois disso irei partir, não se preocupe.

— Ótimo. Seu amigo está te esperando lá em baixo — Ele aprontou para Gun, que estava parado ao lado de um poste, segurando uma sacola.

Desde quando tudo aconteceu Gun vem aqui todos os dias trazer coisas para Macau e para mim, na intenção de se desculpar por ele e pele irmão.

— Tire ele da minha vista antes que eu o mate — Vegas falou pegando a arma e mirando em Gun.

Corri para fora e empurrei Gun até o estacionamento coberto.

— Eu já pedi para você não vir — falei irritado — não foi você quem atirou, para de se desculpar por isso. Se você continuar aparecendo Vegas vai te matar.

— Eu não me importo — ele respondeu da mesma forma que eu respondi a Kamol naquele dia — eu não tenho mais ninguém, não me importo se eu morrer.

Eu estava com pena de Gun e não queria deixar ele sozinho, então aos poucos eu estou tentando entende-lo e perdoa-lo.

— Mas eu me importo! Apesar de você ter feito parte do plano idiota do seu irmão, eu me importo. Você é um dos meus poucos amigos, então... Por favor, não morra.

Os olhos de Gun brilharam e ele tentou me abraçar, mas eu me afastei.

— Eu ainda não te perdoei por tudo...

— Sinto muito, Tay. Eu realmente não sabia do plano dele e eu não queria ter usado você, eu juro. Eu... Eu realmente te amo.

Eu ri com a frase e me afastei um pouco mais.

— Pode ficar na minha casa se quiser — eu entreguei a chave a ele — eu não fico lá e você vai poder distrair com as coisas que tem. Apenas não venha mais aqui, por favor.

Ele pegou a chave e deu um sorriso triste.

— Você precisa comer — ele colocou a sacola em minha mão — se você morrer de fome, não poderá ver Macau acordando.

— Hum. Obrigado.

Depois que Gun partiu eu voltei para a sala de descanso e esperei que todos os visitantes entrassem e saíssem para que eu pudesse ver Macau outra vez. Cada minuto longe dele era uma agonia... Eu imaginava que ele estava sentindo dor ou desconfortável e o medo maior logo me tomava; de que ele pudesse morrer.

Macau e Tay - Especial MDBOnde histórias criam vida. Descubra agora