CAPÍTULO 4

1.6K 168 85
                                    

NYCOLY

SÃO PAULO, BRASIL📍

— VOCÊS ESTÃO PRONTOS? — Gritei da porta da casa da minha mãe, esperando pelos meus irmãos.

— Tá na feira, garota? — Dona Janaína apareceu na porta da cozinha, me provocando e me estressando. Ela sabe o quanto odeio aquele lugar.

— Me estressa não, dona Janaína Guimarães! — Rebati cheia de ódio, escutando a risada dela.

— Cheguei! — Disse Caio, aparecendo no fundo do corredor. — Mariana parece que está querendo passar reboque na cara. — Ajeitava a sua guia de proteção, cobrindo com a camisa.

— Ó MARIANA, CACETE! TÁ ACHANDO QUE EU SOU UBER? — Gritei de novo, enquanto Caio se aproximava de mim muito cheiroso. — Pra quê todo esse perfume, garoto?

— Porque eu sou cheiroso. — Se exibiu e eu apenas fiquei olhando para ele de baixo para cima, debochando.

— Tô procurando o cheiroso, ainda. — Debochei e ele apenas me olhou de canto de olho. — Mariana está fazendo o quê?

— Maquiando. — Deu de ombros.

— Ó MARIANA! TU VAI A PÉ DESSE JEITO! — Gritei de novo.

— Respira Nycoly. — Janaína disse com um sorrisinho no rosto. Tá amando essa palhaçada.

— Não sou Uber, Ó MARIANAAAAA! — Me estressei, puta. — Eu marquei horário para os dois estarem prontos desde que cheguei.

— TÔ INDO, PELO AMOR DE DEUS, RESPIRA! — Escutei a voz dela se aproximando.

Segundos depois ela aparece com uma maquiagem basiquinha da Fenty Beauty. Conheço as minhas coisas de longe, aposto que ela roubou quando foi lá dormir no dia que sai com o Samuel e ainda usava as minhas argolas banhadas em ouro.

Mariana, diferente de mim, tem o corpo cavalona estereotipado. Barriga lisa, peito grande, quadril largo, bunda grande e cintura fina. Ela ainda tem quinze anos, o corpo dela está se desenvolvendo, mas já dá para notar diferenças. É tudo genética da nossa mãe.

Ela está na fase de usar camisas grandes para não mostrar muito. Usava calças jeans, preta, rasgadas nos joelhos. Uma camisa maior que o tamanho dela e tênis branco nos pés.

— Amou, mãe? Afropaty. — Se exibiu, dando uma voltinha.

— Que afropaty é essa, cara? Parece afro de Chernobyl. — Provocou Caio, me fazendo soltar uma risada.

— Cê viu, mãe!? — Mariana olhou para a nossa mãe, incrédula.

— Bora! — Apressei o Caio para passar pro lado de fora. — Tá com a guia? — Ela veio atrás, mostrando que estava por dentro da camisa. — Então, bora. — Mariana passou por mim também, saindo e indo até ao portão com o Caio do lado dela.

— Nycoly! — Minha mãe me chamou. — Já sabe, né? Respira fundo antes de entrar naquele lugar, entendeu? Tudo pelo seu pai.

— Não tenho sangue de barata, dona Janaína, então não prometo nada. Mesmo sendo pelo meu pai, não sou obrigada a escutar calada comentários intolerantes. — Deixei bem claro, caso chegue nos ouvidos dela, que rolou barraco naquela casa.

— Axé, filha! — Minha mãe suspirou, negando com a cabeça.

— Axé, mãe! — Sorri, saindo e fechando a porta.

Andei em direção ao portão, que estava aberto e mesmo a minha frente estava Mariana e o Caio, encostados no carro me esperando. Destranquei o carro e Caio entrou atrás e Mariana deu a volta entrando à frente, do lado do motorista. Entrei também, fechei a porta e coloquei o cinto, escutando eles também pondo.

Difícil de AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora