TYLER
Acordei ofuscado pela luz forte, com a cabeça explodindo de dor e com o estômago revirado, dando voltas e voltas, me deixando com vontade de vomitar. Tentei me mexer, mas era impossível, meu corpo nem se movia. Estava muito fraco. Pressionei as pálpebras com força e pisquei várias vezes, enxergando um borrão desfocado.
Com esforço, consegui mover a minha mão e insistindo na visão, percebi que tinha um tubo encaixado no dorso dela. Essa mesma mão, levei até meu rosto, o sentindo quente.
Caralho, o que aconteceu? Não me lembrava de nada.
Na verdade, parece que minhas memórias foram apagadas, porque não me recordava de nada desde ontem. Minhas lembranças eram muito vazias, sem contexto, fora de ordem. Me recordei de estar na cobertura fumando, depois acordando no apartamento. Me lembrei de sair e pegar o jato dos meus pais e ir para Los Angeles. Depois, muito vagamente, estar no vestiário conversando com o Kevin, suponho.
Não sei, com a cabeça latejando, era difícil pensar.
Quando minha visão melhorou e a névoa que me impedia de ver passou, meu coração acelerou com o cenário diante de mim. As lágrimas encheram rapidamente os meus olhos, nem me dando opção de escondê-las.
Eu estava no hospital, internado, ao que parece. E à minha frente tinha duas pessoas. Duas pessoas que eu odiava causar dor ou vê-los tristes. Mas no final acabei causando.
Eles estavam aqui. Eles dormiram aqui.
Nycoly estava curvada sobre a minha cama. Sentada numa cadeira com o corpo esticado para a frente. Sua cabeça deitada em cima dos seus braços cruzados por cima do tecido fino do lençol. Suas tranças cobriam metade do seu corpo. Seu peito subia e descia devagar com a respiração controlada e ela estava perto das minhas pernas.
Chase sentado na poltrona e dormindo com a cabeça descansando no encosto do móvel. Havia uma coberta no chão, perto dos seus pés e sua expressão tranquila, me dizia que seu sono também era profundo, igual ao da Nycoly.
Céus! Minhas lágrimas não paravam de descer, me obrigando a fungar o nariz. Eles...
Estão na sua vida para isso.
Expirei pesado, soltando um suspiro de alívio e permitindo que mais lágrimas saíssem, já que não conseguia ter controle das minhas emoções, aceitei que elas se expressassem.
O resultado disso foi que Nycoly começou a murmurar baixinho, incomodada com o barulho e Fane começou a se mexer, girando o rosto para o outro lado, parecendo confuso.
Como não dominava nada do meu cérebro, a vontade de chorar piorou e eu desabei, não entendendo o que o meu interior estava sentindo. Não percebendo qual era objetivo. Só sabia chorar, chorar, chorar, embasando a minha visão cada vez mais. Abaixei a cabeça, fitando meu corpo e raciocinando a minha situação.
Eu tinha feito merda e meu corpo e mente agora querem falar, mostrar o quanto preciso de ajuda.
— Chase... — A voz da Nycoly saiu fina, quase impossível de se escutar.
— Vou chamar o médico. — Ele responde no mesmo instante e só vi um vulto passando pela minha cama rapidamente, abrindo a porta e saindo.
— Calma, Tyler, respira! Está tudo bem. — Seus dedos tocaram o meu rosto, o erguendo para encará-la. — Calma, por favor. Controla a respiração. — Os olhos da minha deusa, também estavam molhados com lágrimas escorrendo pelo seu rosto. — Está tudo bem, eu estou aqui, meu amor. — Se aproximou mais, sentando perto de mim dessa vez. — Calma... — Alisou o meu rosto com carinho.
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Difícil de Amar
Teen FictionNycoly Guimarães, filha do falecido Paulo Guimarães, um dos nomes mais estimados no mundo das corridas. Com a morte do seu pai, Nycoly assumiu os negócios, tornando ele um dos mais bem vistos do mundo. A sua caminhada até o patamar atual foi bem dif...