CAPÍTULO 46

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TYLER

ÚLTIMO CAPÍTULO NO PASSADO

UM ANOS ATRÁS

UM MÊS E ALGUNS DIAS DEPOIS

A sala estava com móveis quebrados, pedaços de vidro estilhaçados pelo chão, a janela que dá passagem para o quintal tem um grande buraco porque lancei uma garrafa de vinho. A parede um pouco rachada em formato de círculo por eu a ter esmagado com socos. A mesa de centro bagunçada com cocaína. Um baseado entre os meus dedos, com as minhas mãos escorrendo sangue, deixando o espaço com cheiro metálico.

As roupas estão manchadas de sangue. Meu corpo pede socorro, não o sinto. Meu cérebro desligou, desistiu de mim. Fraco, é isso que sou. Aqui sentado no chão frio de casa fumando para tentar esquecer a porra da minha vida que é uma merda.

Estou cansado. Estou farto de mim mesmo. Estou exausto da minha vida. Não aguento ser o amigo feliz do grupo, que transparece estar bem. Cansei da Nycoly. Cansei de correr atrás dela porque por mais que tente, parece que não ganho nada.

Cada vez que dou um passo para a frente, ela recua cinco. Depois daquele beijo na praia no réveillon, Nycoly me ignorou até o dia do aniversário da irmã do Chase. Nesse dia, conversamos, novamente, e tentamos outra vez, porque eu sou burro. É a única explicação por estar aceitando as atitudes de merda dela.

Deu certo, nos beijamos mais algumas vezes e até transamos uma vez, mas ambos estávamos bêbados, por isso não conta muito. Ainda por cima transamos no sofá no quintal da minha casa, só para foder mais com o meu psicológico. A partir desse dia começaram os vaivéns, me ignorava dias, e depois voltava. Sumia sem explicações e do nada me mandava mensagens de noite. Saímos uma noite, e no dia seguinte ela não me procurou.

Eu pareço a porra de um boneco nas mãos dela. Parece que ela está brincando com os meus sentimentos e com os momentos que vivemos, que eu considerei para caralho. Deixei-a entrar na minha vida, na minha casa, apresentei-a ao meu mundo, e mesmo assim, e mesmo eu lhe mostrando um pedaço de mim, ela continua tirando uma com a minha cara.

Nycoly parece desvalorizar aquilo que sinto por ela, aquilo que tentei ser para ela. Utilizei todas as linguagens de amor possíveis para mostrá-la que não sou igual às pessoas que a fizeram mal na sua vida. Tentei, me esforcei e no final não adiantou de merda nenhuma, porque Nycoly vê aquilo que tentamos construir como brincadeira.

Não foram reais. Nenhum momento. Nenhum beijo. Não foi real o dia do karaokê. Não foi real todos os nossos passeios e risadas. O nosso beijo na praia foi uma mentira. Tudo passou de uma ilusão. Uma ilusão na qual acreditei que seria feliz. Que pensei que tinha finalmente encontrado alguma parceira, mas companheiras não somem dias e depois voltam como se nada tivesse acontecido.

A culpa é minha por me iludir. A culpa é minha por insistir nela. A culpa é minha por ter me apaixonado por ela. Se eu fosse um fodido sem sentimentos que está se fodendo para os outros, as coisas seriam mais fáceis.

Cansei.

Cansei de correr atrás dela. Acabou para mim. Meu coração não merece sofrer assim.

Estou exausto do colégio. Agora que entramos para a última fase, os professores só querem saber do SAT. Só querem saber das provas, enchendo os alunos com exercícios sem fim. Não aguento fazê-los. Não aguento duvidar das minhas capacidades. Sempre acho que não sou suficiente, e que estou sendo deixado para trás, enquanto meus amigos já têm entrevistas marcadas em futuras universidades.

Será que é isso que devo fazer? Abandonar o basquete e ser empresário igual o Chase e o Ryan? Será que essa é a minha vocação? Queria uma luz, queria pais presentes que me ajudassem a escolher. Queria poder sentar na mesa e debater com ele esses assuntos numa conversa saudável.

Difícil de AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora