NYCOLY
— Oii... — Cheguei com calma ao lado do Chase, que estava em pé e encarando o jardim do hospital através da grande janela de vidro.
Fane desvinculou dos seus pensamentos e girou sua cabeça para o lado me encontrando. Levou o baseado até a boca, inalando e em seguida expulsou a fumaça.
— Oii. — Respondeu num tom de voz fraco.
— Fugindo das pessoas? — Me encostei no vidro com as mãos nos bolsos da jaqueta e fiquei de frente para ele. — Os pais do Tyler acabaram de chegar.
— Entendi.
Seu semblante não era muito diferente do meu. Seus olhos inchados, a expressão de cansaço, as pálpebras cheias e ele estava um pouco pálido.
Hoje estava sendo um dia torturante para todos. Após percorremos Santa Mônica a procura do Tyler, chegamos a conclusão que só o acharíamos no jogo. Esperamos até a hora do maldito jogo e ao chegarmos, fomos correndo para a sala do treinador para informar a situação do Tyler. Durante a conversa, Kevin invadiu a sala desesperado falando que o Tyler já chegou e estava no vestiário. Também acrescentou que ele não parecia nada bem. Com isso, saímos da sala e fomos até ao vestiário e lá encontramos o Tyler no chão em um estado gravemente preocupante e apagado.
Robert chamou de imediato a ambulância e pediu para Kevin ligar e avisar a sede que alguém precisaria substituir o treinador, porque ele iria para o hospital com a gente. O jogo decorreu e nós todos viemos para o hospital. Comunicamos para todos os familiares e agora eles estavam na sala de espera, aguardando notícias da equipe médica que estava socorrendo o Tyler.
O pai e a madrasta da Lua, os pais do Tyler, a patrulha canina, Ella e o treinador Robert. Estavam todos lá.
Um dos médicos apareceu, segundos após o Chase fugir e disse que era bem provável que ele desmaiou por desidratação. Walker não tinha comido nada nas últimas vinte e quatro horas e no seu organismo só tinha vestígios de droga, o que piorou ainda mais a sua situação. O médico também acredita que episódios assim causam alucinações ao paciente e nos questionou se quando o encontrarmos se ele não estava murmurando algo por debaixo da língua. Sinceramente, não percebi, estava mais perdida com lágrimas nos olhos, pensando que ele tinha morrido.
Com medo de o perder.
Eu desabei nos braços da Lua na hora que entrei naquele espaço. Meu peito doeu ao assistir Tyler pálido e inconsciente no chão. Ele parecia morto. Morto. E por momentos pensei que o tinha perdido. Perdido o homem que amava.
Lembrei do meu pai. Lembrei da explosão. Lembrei que a morte roubou o meu passarinho sonhador e agora estava me tirando outro. Mas este aqui, podem acreditar que nunca superaria. Iria viver com essa dor até o final da minha vida.
A dor, arrependimento e vazio no coração em saber que Tyler nunca escutaria que eu também o amava.
Céus! Só quero que tudo isso acabe.
Precisava do conforto da minha família. Precisava voltar para casa. Precisava voltar para o meu Brasil, mas dessa vez gostaria que ele fosse comigo. Tyler precisa.
— Depois que você saiu, o médico apareceu dizendo que é possível que o Tyler tenha desmaiado por desidratação.
Chase balançou a cabeça devagar com seu olhar perdido vidrado no jardim. Seus movimentos de levar o beque até a boca eram automáticos.
— Ele não comeu nada nas últimas horas e nas análises que fizeram, seu corpo só tinha droga.
Fane estava pior que eu. Estava se fazendo de forte desde o momento que vimos Tyler quase se entregando para a morte. Ele era uma das únicas pessoas que estavam calmas, encarando o cenário em silêncio.
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Difícil de Amar
Fiksi RemajaNycoly Guimarães, filha do falecido Paulo Guimarães, um dos nomes mais estimados no mundo das corridas. Com a morte do seu pai, Nycoly assumiu os negócios, tornando ele um dos mais bem vistos do mundo. A sua caminhada até o patamar atual foi bem dif...