NYCOLY
PRESENTE
— Quando teremos a próxima sessão, Doutora Lily? — Perguntei me levantando e observando a terapeuta tirando seus óculos e ajeitando seu cabelo preto liso.
— Na próxima quarta-feira. — Ela disse sorridente. — Espero que continuemos com esta evolução. Você esteve muito bem.
— Obrigada. — Peguei a minha bolsa. — Até quarta-feira, doutora. — Conduzi-me até a porta.
— Adeus Nycoly.
Abri a porta e me virei de costas acenando para ela. Quando a fechei, pude encostar nela e expirar pesado com a mão no peito. Nossa, como é difícil para mim falar sobre os meus pensamentos e sentimentos, e mesmo assim a terapeuta foi super paciente.
Já é novo ano. Algumas semanas da missão se passaram e o meu aniversário está se aproximando. Dia 10 de janeiro. Logo na primeira semana pós viagem recebi uma ligação do senhor Yuri me obrigando a ir para a terapia. Ao que parece dois Fane's contaram-lhe que não pretendia e recebi um grande sermão sobre o quanto isto irá me traumatizar se não for tratado, pois não faz parte da minha realidade. Se fosse, ele até deixaria passar, mas como não é, aqui estou saindo do edifício da doutora por pura, livre e espontânea vontade como podem ver.
Confesso para vocês, que me abri 10% para ela, comecei do início pela morte do meu pai, e como me oprimi de sentir emoções depois disso, porque na minha cabeça tinha que cuidar da minha família. Hoje foi a continuação do tema e já achei que falei demais.
Sobre o meu natal, passei com a família do William, porque Lua estava com sua família em Chicago e a minha está no Brasil. Os pais dele me receberam de braços abertos e ainda recebi um presente por parte da mãe dele. O ano novo foi com a Lua e o Will em Miami, passamos tempo juntos matando as saudades. E agora estamos em 2024.
Em relação a minha família e a verdade sobre a morte do meu pai, ainda não contei e só pretendo falar quando me sentir preparada para voltar para o meu país natal. Todas as manhãs Jana me liga, e conversamos durante muito tempo, enquanto tento esquecer o assunto do meu pai para não contá-la logo. Sinto que a estou traindo, que deveria contar agora, mas sei que não estou preparada.
Hoje finalmente é a inauguração do armazém de exposição da mãe da Lua, e eu fui convidada, só que há um problema, o homem que estou tentando evitar após ter levado uma porta na cara enquanto falava, estará lá.
Isso é motivo para não ir? Não! Eu vou. Não posso só ter coragem e fogo para sentar nele, tenho que intimidar também aqueles seus olhos esverdeados. Já errei demasiado no passado, agora é hora de fazer diferente.
Pisando meu pé na calçada me deparei logo com o sol forte de Santa Mônica. Céus! A sensação térmica é de cinquenta graus. O sol do Brasil dá para aguentar, mas daqui, puta que pariu, quase morro.
Ontem a noite também conversei com o Victor, a Laurinha, o JP e o Samuel que entrou para o grupo. Victor voltou ao seu devido trabalho, porque alguém precisa gerir a bagunça, e eu e o terror dos crentes só fofocamos sobre a pretinha melmel do samuca. Pelo que escutei, eles estão avançando bem, já eu, sou um caso perdido...
A nossa aposta não está correndo bem pro meu lado e ele vai me cobrar por isso, tenho certeza.
— Cuidado Lipe, olha a senhora. — Escutei uma voz feminina atrás.
Só tive tempo de paralisar e arregalar os olhos, observando o garoto me contornando em cima do seu skate. Ele travou bruscamente a sua manobra e coçou a nuca sem jeito ao me encontrar.
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Difícil de Amar
Teen FictionNycoly Guimarães, filha do falecido Paulo Guimarães, um dos nomes mais estimados no mundo das corridas. Com a morte do seu pai, Nycoly assumiu os negócios, tornando ele um dos mais bem vistos do mundo. A sua caminhada até o patamar atual foi bem dif...