NYCOLY
Deixei meus irmãos em casa. Quando cheguei minha mãe percebeu logo minha expressão de cansaço e eu disse que explicaria tudo para ela mais tarde com calma. Dona Janaína, mesmo desconfiada, concordou e disse para eu me cuidar e dormir porque estou precisando.
Sai da casa da minha mãe e segui pela estrada até ao apartamento da Laurinha. Pelo caminho sentia meus olhos se fecharem de tanto cansaço. Minhas mãos ainda estavam tremendo sobre o volante e a cabeça doía muito, mas tudo deu certo, porque eu me aguentei até chegar ao prédio dela. Até porque se não aguentasse aconteceria um acidente.
Agora, aqui na frente da porta da Laura, esperando que ela abrisse para mim. Victor ligou, dizendo que foi tudo cancelado e que as pessoas já estão em casa. Me repreendeu e me ameaçou falando que preciso descansar urgentemente e que por hoje devo esquecer que sou empreendedora e que esta corrida nunca aconteceu. Ainda não tive tempo de ligar para a Ailey, agradecendo por ter salvado a vida do meu irmão, mas depois faço isso...
Meus pensamentos foram despertados com a porta sendo destrancada e aberta logo em seguida, me mostrando o rosto da Laurinha. Seu rostinho amassado com marcas do travesseiro, seu cabelo castanho com mechas loiras parecendo uma juba de leão e seus olhos avermelhados. Me sinto mal por tê-la acordado.
— Oii Nyck. — Disse num tom de voz sonolento e não entendendo nada. — São... — Pegou seu celular, enxergando as horas. — Três da manhã, está tudo bem?
— Desculpa aparecer assim, mas eu preciso de você, amiga... — Digo baixo, abaixando o queixo.
— Entra, é hora da terapia. — Ela brincou, já entendendo o que estava rolando. — Meus pais estão dormindo, então melhor a gente ficar na sacada. Lá tem uma rede que podemos nos deitar.
— Obrigada... — Dei alguns passos para a frente, pisando o piso de madeira da sua casa.
— Pare de me agradecer por coisas que são o mínimo numa amizade, garota. Vou buscar cobertas, travesseiros e preparar pão com achocolatado pra gente comer e já vou lá ver você. Me dê suas coisas para eu colocar no meu quarto. — Estendeu suas mãos, esperando. — E antes de você ir para a sacada passa no banheiro que lá tem uma roupa mais confortável atrás da porta para você vestir.
— Não precisa disso tudo, amiga. — Entreguei a minha bolsa para ela com o casaco.
— Faz o que estou mandando, você não tem direito de opinar. — Disse toda mandona pegando minhas coisas e depois se virou de costas indo até ao seu quarto.
— Certo. — Ri sozinha, achando engraçado.
Fiz o que ela mandou. Passei pelo banheiro e procurei pela roupa que ela tanto disse. Não encontrando, peguei o celular e enviei uma mensagem para ela perguntando onde estava a roupa. Laura respondeu um minuto depois explicando que está atrás da porta e que são peças roupas que ela roubou da mãe dela. Quando achei as roupas da mãe dela, comecei a tirar a minha por completo e depois vesti o moletom e a calça pijama na parte inferior. Joguei a minha lace para trás e amarrei com a xuxa que tinha no meu pulso.
Voltei a sair do banheiro, seguindo meus passos até a sacada. Antes disso, passei pela cozinha e encontrei Laurinha preparando o lanche para a gente com seus cabelos presos numa única trança grande. Acabei abrindo um sorriso bobo e sem interrompê-la, continuei o meu caminho.
Entrei na sala, me deparando com a varanda. Fui até lá, deslizando a porta de vidro e passei pro lado de fora inalando o ar que circulava. A sacada é grande, tem algumas coisas guardadas dos pais dela, uma rede e na frente dela há uma pequena mesa de centro de madeira.
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Difícil de Amar
Teen FictionNycoly Guimarães, filha do falecido Paulo Guimarães, um dos nomes mais estimados no mundo das corridas. Com a morte do seu pai, Nycoly assumiu os negócios, tornando ele um dos mais bem vistos do mundo. A sua caminhada até o patamar atual foi bem dif...