CAPÍTULO 67

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 TYLER

 (É NO MESMO DIA QUE DO CAPÍTULO ANTERIOR)

Tranquei o apartamento da Nyck, deixando a nossa filha lá dentro. O senhor Carlos já me esperava em frente à porta do prédio, então me apressei para entrar no elevador. Não queria deixá-los esperando. Ao entrar, encontrei-me com o meu reflexo e percebi o quanto meu rosto estava diferente. Parecia mais vivo, mais alegre, com mais disposição. Realmente, pegar um ar diferente estava me fazendo bem.

Dessa vez vesti um short jeans e em cima uma camisa preta. Como decoração em volta do meu pescoço tinha um cordão de ouro e deixei o meu cabelo molhado para secar naturalmente, sem definição.

Era estranho o modo como sua família me abraçou com facilidade. Foram tão receptivos que parecia que nos conhecíamos há anos. Principalmente o senhor Carlos. Trocamos de número ontem e hoje de manhã já recebi uma mensagem dele, perguntando se queria sair com ele. Nos Estados Unidos não há isso — falando culturalmente — aprendi que os brasileiros eram pessoas muito acolhedoras, diferente de nós, estadunidenses. Nós somos pessoas muito mais reservadas e demoramos para pegar intimidade com os outros, para podermos ser nós mesmos. Sobre a comida, então, nossa, puta merda, não tem nem comparação. Ontem comi pratos maravilhosos, repeti tantas vezes que a minha barriga parecia prestes a explodir. Bem que a Nycoly avisou que a comida daqui era deliciosa.

Meu primeiro dia foi incrível. Não estava esperando por todo esse carinho da família dela. Gostei de como a mãe dela também me recebeu, ela me tratou como se eu fosse um segundo filho. Sem contar que a senhora espalhou para a vizinhança inteira que seu genro era jogador de basquete famoso nos Estados Unidos.

Aqui era bom. Aqui me sentia bem. Aqui me senti incluído. Eles me fizeram sentir incluído na família deles numa fração de minutos, e eu gostei. Quero continuar fazendo parte.

Saí do elevador cumprimentando o porteiro com um "bom dia" em português caloroso, que me respondeu com outro animado. Passei para o lado de fora do condomínio luxuoso e avistei o carro do senhor Carlos e o Caio na janela, com o vidro para baixo, acenando para mim.

— TYLER! — Ele gritou, enquanto eu andava na direção deles.

— E aí Caio. — Passei a mão no seu cabelo e ele riu.

— Oii cunhado. — Mari apareceu na janela, esticando seu corpo para espreitar. — Vai na frente com o Carlos. Temos um longo dia pela frente.

Fiz o que ela pediu, contornando o carro e abri a porta do passageiro. Carlos estava sentado com a mão segurando o volante. Ele me fazia lembrar um pouco o treinador, por ambos serem carequinhas. Além disso, o senhor Carlos é mais legal do que o Robertinho.

— Oii, genrinho.

— Oii, senhor Carlos. — Coloquei o cinto.

— Senhor, não, por favor. Apenas Carlos ou sogro. — Ele brincou, iniciando a condução. — Hoje vou te levar para um lugar diferente. Vamos nos encontrar com os tios da Nyck. Sabe jogar sinuca?

Tá falando com o mestre, senhor.

— Sim, jogo com a minha família também. — Quase nos matamos, enquanto jogamos, apostando tudo e mais alguma coisa.

— Mhm... quero ver isso, hein. — Me desafiou, semicerrando os olhos. — Veremos se você é bom mesmo.

Pode apostar que sou.

— Tyler. — Caio me chamou. Girei o meu corpo para trás, apoiando uma mão no banco para encará-lo. — Meus tios também são bons jogando sinuca. Cuidado para não perder.

Difícil de AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora