CAPÍTULO 63

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 TYLER

O médico tinha me dado alta, finalmente. Passei a manhã fazendo alguns exames que restavam para o doutor avaliar. Tiraram sangue para caralho. Quase que senti a minha alma saindo do corpo. Quando voltei para o quarto, tomei banho, mudei de roupa, que a tia Sophia trouxe para mim, e almocei.

Entretanto, Nycoly dormiu aqui de novo, mas assim que acordou me avisou que passaria no hotel onde todos estavam hospedados. Fiquei sozinho, até receber a visita do meu treinador Robert, do Kevin e do Jordan.

Eles também me deram um sermão longo. Nada fora do comum, já tinha escutado aquelas palavras inúmeras vezes desde que me internaram. Eu e o treinador, principalmente, tivemos uma conversa séria sobre a temporada. Ele deu graças que nada aconteceu durante o jogo, pois a situação agora poderia estar pior. E muito mais. Também declarou. — Quase me obrigou. — a sair da temporada durante alguns dias para descansar.

Em outras palavras, me deu férias para colocar a cabeça no lugar certo. Não tive opção de revidar, sua expressão séria e tom severo, demonstrava que ele estava falando sério, me dando uma ordem. Apenas balancei com a cabeça, não podendo contrariar. Robert explicou para a empresa que eu tinha caído no vestiário e machucado a perna, e que agora precisava repousar e me recuperar com calma. Ele me fez prometer que só voltaria quando me sentisse 100% bem, voltando a ser o Walker, seu jogador número oito.

Estava frustrado? Sim, porque eu queria estar lá com eles, mas, por outro lado, sei que preciso desse tempo para mim. Quando voltar irei ganhar a temporada com o meu time, os Knicks. Essa temporada será nossa.

Meus pais também estiveram aqui por volta da hora do almoço. Tentaram compreender o que tinha acontecido, querendo que eu me abrisse com eles, querendo ser pais presentes. Mas simplesmente menti, disse que sai na noite de quinta e acabei ingerindo coisas erradas por irresponsabilidade da minha parte. Não queria tocar no assunto do meu TEI novamente e explicar que fumei por causa disso. Minha mãe até insistiu, mas não dei abertura.

Já não precisava deles. Já não precisava da atenção deles. Era difícil consertar algo que não tinha concerto, e a minha relação com eles terá sempre complicações. Quando eles foram embora, Ella apareceu, a ruivinha. Como ela me conhecia como ninguém, em nenhum momento tocou no assunto da merda toda que rolou. Nós apenas conversamos como se estivéssemos em um restaurante, atualizando as fofocas das nossas vidas. Ela sabia que eu não queria falar sobre isso outra vez. Ela me compreendia e me respeitava, e eu a agradeci por isso no final antes dela sair pela porta.

Estava terminando de vestir a jaqueta quando Nycoly entrou no quarto, dizendo que estava tudo pronto para irmos embora, diretamente para o aeroporto com destino marcado para Nova Iorque.

Encarei-a encostada na porta com a atenção no seu celular. Seus dedos voavam, digitando rapidamente. Suas unhas faziam um barulho satisfatório contra a tela. Vestida com calças jeans, acentuado nas suas pernas grandes, uma camisa justa de alcinha e em seus pés um par de sandálias. Tinha óculos em cima da cabeça e usava argolas de ouro nas orelhas.

Tinha vivo nas minhas lembranças a nossa conversa de ontem. Ela tinha admitido que me amava. Porra, me amava, caralho.

Crianças: nunca desistam dos seus sonhos, principalmente se ela for uma pretinha que vive de gloss e ama laces.

Era o homem mais sortudo do mundo.

Mas agora o que faria? Peço em namoro ou salto já para pedido de casamento? Melhor pedir em namoro primeiro, né? Não queria assustá-la.

— Tá fazendo o quê, gatinha? — Me aproximei dela, envolvendo meu braço em volta da sua cintura.

— Respondendo meus amigos. — Levei a minha cabeça na lateral do seu pescoço, depositando um beijo e aproveitei para lamber. — Tyler... — Me repreendeu mansinha. — Para! Temos um avião para pegar. — Me afastei um pouco para observá-la. — Está melhor hoje? — Assenti com a cabeça.

Difícil de AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora