TYLER
SANTA MÔNICA, EUA📍
Sentado na sala de espera da terapeuta Alexis. Descarregava toda a ansiedade que estou sentido na perna que não parava de tremer. Já nem sei quantas vezes passei a mão no cabelo, bagunçando-o. Não sei quantas vezes levantei para ir ao banheiro. Não sei quantas vezes andei de um lado para o outro, quantas vezes me levantei e fui até a máquina de comida comprar algo que me alimente para passar esta angústia que estou sentindo no meu peito.
Cheguei aqui às nove horas. Sai do jato particular dos meus pais e vim para cá diretamente com sorte da terapeuta Alexis estar aqui, já que o nosso reencontro será uma surpresa. Quando cheguei, sua secretária me disse que estou com muita sorte. Hoje a doutora só vai receber pacientes de tarde, mas agora de manhã ela tem outros assuntos para resolver e com sorte pode me atender. A senhora pediu que eu esperasse e que em dentro de alguns minutos a terapeuta me chamaria, então aqui estou, esperando que o megafone grite meu nome.
Alexis é minha terapeuta desde que fui diagnosticado com TEI (transtorno explosivo intermitente), ou seja, desde da oitava série onde tudo começou. Durante muito tempo segui a rotina de ir duas vezes por semana e tomava as medicações nas doses certas, mas como já disse uma vez, quando entrei pro segundo ano do ensino médio parei de ir porque me dei alta.
Passei o nono ano e o primeiro ano do ensino médio bem. Durante o primeiro ano não tive outra crise, por isso, quando cheguei no segundo ano achei que não precisava mais e por incrível que pareça, funcionou. O meu segundo ano foi tranquilo, sem medicações chatas, sem terapeuta, apenas eu me controlando, mas nem sempre a sorte está do nosso lado.
Quando cheguei ao último ano do ensino médio tudo desmoronou. As crises voltaram, me descontrolei várias vezes, aproveitava os momentos que o Chase passava com a Lua e a Erika com o Ryan pra me isolar e me encher de droga.
Era o único solteiro do grupo, não havia muito o que fazer, precisava achar um jeito de acalmar meus pensamentos sombrios. A situação piorava a cada dia que se passava, com os treinos excessivos no basquete por causa do jogo e a pressão do colégio, a minha saúde mental acabou no fundo do poço.
Nisso vocês se perguntam: como a patrulha canina não percebeu que você estava sofrendo tanto?
E eu respondo para vocês que não tem como alguém saber que estamos mal sabendo que passamos vinte quatro horas fingindo estar bem com máscaras felizes, cobrindo a nossa infelicidade e podridão interior. Ninguém é obrigado a escutar nossos problemas. As pessoas merecem sorrir e rir pelas minhas piadas e não chorarem pela minha tristeza.
O meu terceiro ano foi um verdadeiro jogo de sobrevivência. Quando pensei que estava melhorando e as coisas estavam indo para o caminho certo, tinha uma âncora de problemas me puxando para o fundo do mar.
Mesmo estando na merda e com os meus problemas, tentei viver feliz e vivi. Vivi bons momentos ao lado da Nycoly, mas como nunca tive sorte, a minha vida amorosa também foi por água abaixo.
Parando para pensar, acho que foi melhor assim, cada um pro seu lado. Nycoly não merece estar do lado de um monstro e nem eu posso amar uma deusa igual ela.
— Tyler Walker chamado a sala cinco, por favor! — A voz do megafone me despertou.
— Fique à vontade! É só seguir em frente e virar a direita. — A secretária dela avisou.
Me levantei com um sorriso de agradecimento. Pelo caminho até a sala cinco, passei várias vezes minhas mãos na calça, limpando meu suor excessivo das mãos. Levei meus dedos até meu cabelo ajeitando os cachos. Arrumei a gola da minha camisa. Limpei novamente as mãos nas calças e quando cheguei diante da porta, inspirei o ar profundamente pousando a mão na maçaneta.
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Difícil de Amar
Ficção AdolescenteNycoly Guimarães, filha do falecido Paulo Guimarães, um dos nomes mais estimados no mundo das corridas. Com a morte do seu pai, Nycoly assumiu os negócios, tornando ele um dos mais bem vistos do mundo. A sua caminhada até o patamar atual foi bem dif...