Difícil de Amar

CAPÍTULO 48

TYLER

— Olha isso, tia Bella, o Chase me traindo na cara dura. — Me lamentei, secando minhas lágrimas falsas.

Tia Bella, mãe do Chase, que estava na cozinha fazendo um dos seus maravilhosos pratos italianos, gargalhou, enquanto mexia a panela. Ela disse que está cozinhando Arancino, Risotto, arroz e como sobremesa Tiramisù. E pelo que vejo daqui sentado na cadeira perto da mesa, a vasilha com o Tiramisù está me dando água na boca. Está com ótimo aspecto.

— Filho, por que você fica trocando seu melhor amigo desse jeito? — A tia entrou na brincadeira, virando para nós, colocando o pano da cozinha sobre o ombro e as mãos em cima da bancada.

Olhei para trás, observando Chase nos repreendendo com um balanço negativo com a cabeça e Lulu está ao lado dele, lendo um livro no Kindle, aproveitando a carícia da mão dele na sua perna exposta.

— Que livro você está lendo Lua? — Perguntei, chamando a sua atenção.

— Hum? — Ergueu o cenho, olhando para mim com uma expressão confusa. — Ah! Se chama E se eu precisasse de você da Tatiane Biasi. — Disse em português.

— É brasileiro? — Ela assentiu com a cabeça. — É sobre o quê?

— Meu irmão, se eu te contar o conteúdo desse livro, você cai duro no chão. — Fane entrou na conversa, e Lua cutucou-o para ele ficar quieto.

— Então prefiro não saber. Já leu muito? Sinto saudades de ler os meus livros de terror e clássicos, mas nem tenho tempo para respirar. — Nem me lembro a última vez que peguei um livro, e com certeza vai demorar, ainda mais com a temporada de jogos.

Depois que voltei da viagem, a minha rotina definiu-se em acordar, comer, treinar, sendo massacrado pelo Robert, treinar, treinar. Já disse treinar? Voltar para casa, passar algum tempo com a Lola, capotar na cama e acordar às seis da manhã para ir correr, seguida pela academia. A última vez que dormi bem, foi na última noite da viagem em Puerto Vallarta.

— Por isso que levo sempre o Kindle para tudo que é canto, é prático. — Lulu continuou.

— Vou ver se compro um desses, lulita. — Finalizei, e ela sorriu voltando para o seu mundo literário.

— Mãe, onde está a Kira? Essa casa está muito silenciosa. — Chase se levantou, vindo até mim.

— Na casa do Lipe.

— Quem é o Lipe? — Questionei.

— Como a Kira diz: é o chaveirinho hétero dela. — Chase deu batidinhas leves no meu ombro. — O melhor amigo.

— Ela deve estar chegando, avisei-a que temos um almoço de família hoje. — A tia girou seu corpo, voltando a atenção para a comida que tinha um cheiro delicioso espalhado pela casa. — Está super animada para o seu aniversário de quinze anos no final do mês.

— Vão fazer uma festa?

— Kira quer fazer uma viagem em família para Park City em Utah. — Chase respondeu.

— Caralho, quero ir também. — Digo também.

— Você já ia mesmo, faz parte da família. — Ele disse.

Família.

Abri um sorriso sutil com esse comentário.

Vivo preso no Tyler do passado que queria atenção dos seus pais a todo o custo que esqueço que tenho a família do Chase, que me considera parte dela. Tenho a família da Lua e a minha tia Sophia. Eles me acolheram, me amaram, se importam comigo. Eles também são a minha família que nunca precisei chamar atenção para ser notado.