CAPÍTULO 15

1.2K 106 111
                                    

TYLER

NOVA IORQUE, EUA📍

 ( Domingo, dia seguinte após-surto)

Minha cabeça latejava de dor, uma dor horrível, puta que pariu. Não me lembro de nada depois que a Alana terminou de cuidar das minhas mãos. As mãos que antes pareciam rios de sangue descendo pelos meus dedos. A dor, comparada a ontem, está melhor, mas continua doendo de qualquer jeito. A única coisa que permaneceu foi o vazio no meu peito.

Acordei com vozes femininas vindo da cozinha. Elas pareciam estar numa conversa bastante interessante entre risadas. A empolgação das vozes delas preenchia todo o meu apartamento. Eram risadas e muita fofoca, até escutei o latir da Lola no meio da conversa.

A voz da Alana, da Erika, da Lua e... uma voz que não escutava há muito tempo. Uma voz que desperta uma grande nostalgia da minha infância, a voz de uma amiga de infância, a Ella.

Com muita dor tive que me levantar usando as mãos enroladas com ataduras como apoio. Depois de muita insistência e cuidado me levantei, sentindo muita dor vindo das mãos devido ao esforço que fiz. Através do espelho mesmo na minha frente, notei que dormi com a mesma roupa que cheguei em casa ontem. A camisa tem uma mancha de sangue seco.

Entrei no banheiro, respirei fundo, contando até dez mentalmente e tirei a camisa num movimento rápido para a dor que estou sentindo ser rápida. Me dirigi até ao boxe e tomei um banho rápido, quando saí enrolei a toalha em volta da minha cintura e fui até a caixinha de primeiro socorros para trocar a atadura. Perante o espelho, comecei a tirar preguiçosamente uma das ataduras.

— Porra... — Gemi de dor, observando estado da minha mão. Pelo menos está melhorando.

Fiz o mesmo procedimento que a Alana me fez ontem e no final, mesmo sentindo uma dor horrível, envolvi a atadura nas duas mãos, deixando-as com um melhor aspeto. Sai do banheiro e entrei no closet vestindo um moletom com bolso grande na frente e uma calça preta. Após vestir, passei pela mesa de cabeceira, pegando o celular. Enfiei as minhas mãos no bolso grande do moletom para evitar perguntas e saí do quarto.

Andando pelo corredor, mesmo de longe, já consigo enxergar duas cabeças: uma de cabelo de fogo e a ruivinha, a minha ruivinha.

Ella é a única pessoa que me acompanha desde que éramos pequenos. Ela é minha melhor amiga desde que éramos um bando de crianças. Durante uma boa época vivi em outro condomínio em Santa Mônica e lá costumava haver muitas crianças. Para eu não me sentir sozinho, mais do que eu já me sentia, gostava muito de brincar com eles. Éramos um pequeno grupo e Ella fazia parte dele.

Passei a maior parte da minha infância lá, até que todos nós nos mudamos. Eu me mudei para a minha atual casa em Santa Mônica e entrei para a quinta série. Desde então nunca mais soube notícias deles, menos a Ella. A Ella foi a única que consegui manter o contato, mas a nossa amizade é baseada naquela onde nós nos vemos uma vez a cada três anos, contudo sei que posso sempre contar com ela, caso precise um dia.

— O nosso jogador acordou! — A voz da Erika me despertou.

Está na hora de entrar na personagem feliz e brincalhão.

— Tanta mulher num lugar só, misericórdia. — Abri o meu maior sorriso falso e parei do lado da Ella. — Oii minha ruiva, como você está? — Me contive para permanecer com minhas mãos dentro do bolso.

— Estou bem e você? — Ela me mostrou seu sorriso.

— Eu também estou bem. — Menti. — obrigada por perguntar. — Erika disse, emburrada, me fazendo soltar uma risada fraca.

Difícil de AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora