ÚLTIMO CAPÍTULO

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TÓQUIO, JAPÃO📍

 NYCOLY

Chegou o dia mais importante da minha vida. Chegou o dia da corrida mais esperada da minha carreira como empreendedora. Chegou o dia em que irei mostrar para o mundo o meu potencial. O que eu, Nycoly Guimarães, sou capaz de fazer para alcançar os meus objetivos.

Não foi à toa que cheguei onde estou atualmente, apesar de isto ser herdado, comecei do zero, não tive um apoio ou alguém experiente na área para me orientar, pelo contrário, a pessoa fez o oposto, mas deixo isso para lá. Mas não posso esquecer que tive Victor do meu lado, mesmo a gente não sabendo nada, aprendemos devagar, dia por dia. Nada foi dado de mão beijada, ralei que nem uma fodida, tive que ouvir muitos comentários desnecessários em relação a minha nacionalidade, etnia, cor e peso.

Tive que aguentar homens nojentos subestimando e colocando à prova a minha inteligência, como se eu fosse alguma inútil. Alguns achavam que se eu vendesse meu corpo, eles assinariam os contratos, pensando que uma rubrica deles mudaria a minha vida. Felizmente nunca precisei fazer nada disso, fui abaixo às vezes que foram precisas. Chorei sempre que tive oportunidade. Passei várias noites em branco, planejando as próximas corridas, dando 100% de mim, e não me arrependo de nada, passaria tudo novamente se fosse necessário. Faria tudo de outra vez para orgulhar meus pais.

Hoje estou no Japão, em Tóquio, com uma corrida patrocinada por uma das melhores empresas de corridas. Com mais de quarenta participantes. Com milhares barraquinhas de alimentação para alimentar cerca de um milhão de pessoas. Centenas de redes de televisões comerciais, japonesas, estadunidenses, brasileiras, espanholas, francesas. Jornalistas de diferentes países me procuravam para me entrevistar e perguntar como tive uma ideia como esta. Muitos dólares gastos nas decorações e novo equipamento para fornecer bem-estar e conforto para os meus pilotos, cada um, priorizando em primeiro lugar a segurança deles.

A gente trabalhou pra caralho. Digo "a gente", porque nada disso seria possível sem as minhas duas equipes, do Brasil e dos Estados Unidos. Eles também merecem o mérito. Eles também sofreram comigo, choraram comigo, passaram noites em branco comigo para que juntos chegássemos até aqui, até este dia. Se Victor tivesse soltado a minha mão desde aquela época, eu não sei o que seria de mim hoje, por isso que fazia questão de agradecê-lo toda vez que tenho oportunidade. Victor foi um anjo na minha vida, meu braço direito e leal até na minha fase mais merda. Então, ele era uma das pessoas que mais estava de parabéns. Não tinha palavras que explicassem o tamanho do meu agradecimento por ele.

Todas essas pessoas que estavam aqui hoje tinham algo em comum: o amor por corridas de veículos esportivos. O amor e a paixão que o meu pai sempre quis mostrar para o mundo. Este era o sonho dele, que o seu mini projeto se tornasse algo conhecido mundialmente.

Não era mais um sonho, não era mais um objetivo, não era mais um desejo, era a realidade, a nossa realidade.

— Nossa, cara, estava te procurando. Sua família e seu branquelo já chegaram. — Escutei a voz do Victor atrás de mim. — E que branquelo, hein, mas o meu coração pertence aquele gostosão asiático, apesar dele estar indo pedir a namorada dele em casamento hoje.

Funguei o nariz e ri. Inspirei o ar e exalei, querendo controlar as lágrimas que não paravam de sair. Passei a mão no rosto e me virei de frente para o Victor. Assim que ele me viu, sua expressão de felicidade foi trocada por uma de preocupação e rapidamente ele se aproximou de mim, me envolvendo em seus braços.

— Por que você está chorando? Uma mulher linda e gostosa dessas. Você está linda nesse vestido rosa. — Alisou minhas costas para cima e para baixo com delicadeza.

Difícil de AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora