Capítulo 6

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BRYCE

Entrei na biblioteca as 15:23 e todo mundo parou o que estavam fazendo pra me olhar, eu sei que não venho muito aqui mas não é pra tanto. Procuro pelo cabelo loiro e não vejo ela nas mesas, ando um pouco pelo lugar e em uma mesa mais afastada e na parede avisto sua garrafa de água roxa, então ela está aqui, deixo minhas coisas na mesa e ando pelos corredores mascando meu chiclete, no quarto corredor vejo Tessa em cima de uma escada e pegando um livro despreocupada com o rosto sereno, me aproximei sem fazer barulho e ela não notou a minha presença, me encostei na estante oposta e subi os olhos do seu all star colorido até a calça jeans que marcava sua bunda de um jeito fora do normal, por que como eu já constatei Tessa é uma nerd muito gostosa, sua bunda empinada e redondinha me persegue pelos corredores, paro de encarar a bunda da garota e meus olhos chegam na barra no suéter creme que usa, ele é largo e fechado como tudo que ela costuma vestir , mas olhando aqui de baixo vejo um pedaço do seu quadril e costas quando ela se mexe.

— o que você tanto procura ? — perguntei assustando a garota que se segurou nas prateleiras pra não cair, me olhou de olhos arregalados e suspirou.

— nossa que susto — pegou os livros com uma mão só e abraçou no corpo descendo a escadinha com cuidado — são livros que vão ajudar no estudo, você pode até levar pra casa — me mostrou 4 livros que deviam ter 400 páginas cada.

— eu vou precisar ler isso tudo então? — peguei os livros das suas mãos e ela olhou as nossas mãos se tocarem e me olhou nos olhos.

— não, só as explicações mais importantes — afastou as mãos de perto de mim e se virou enquanto eu a seguia de volta pra mesa — vamos começar? — assenti me sentando no banco ficando do seu lado e observei ela abrir o seu caderno e pegar duas canetas no estojo — vamos começar pelo básico, mesmo que você já saiba vamos repassar pra não ter nenhuma dúvida.

— tá bom — abri o meu próprio caderno e observei todos os seus movimentos e suas falas, esse era um momento que ela não sentia vergonha em estar sendo observada por mim, estava tão submersa no cérebro inteligente que nem se preocupava com toda a atenção que recebia, me explicou absolutamente tudo, me mostrando no caderno e nos livros, e no final passou umas questões pra que eu fizesse.

— nada mal pro primeiro dia, e eu já sei onde você está errando, em todas as contas você errou o valor de Y — apontou pra folha — mas relaxa, você tem concerto — brincou me fazendo sorrir.

— você explica bem — sorriu de volta e guardei as minhas coisas, encarei o relógio na parede e eram quase 17 horas — vai me entrevistar agora?.

— aqui não, precisamos de um lugar reservado, imagina se alguém grava toda a nossa conversa e vende pro jornal da concorrência — sussurrou me olhando com os olhos arregalados como se fosse a coisa mais grave do planeta terra.

— eu não sou famoso, ninguém faria isso Tessa — assegurei e ela deu os ombros.

— mesmo assim prefiro que seja só eu você e o meu gravador.

— tudo bem vamos ate a minha casa, Richie esta lá mas ele não vai querer ouvir ou vender a nossa entrevista pro inimigo — Tessa sorriu aliviada e levantamos juntos, sentamos no meu jeep em silencio e de imediato percebi que meu carro que antes tinha cheiro de Bryce de repente tinha cheiro de Tessa, alguma coisa cítrica e doce aos mesmo tempo, mas não tive certeza do que era, só sei que é um cheiro que me agradou muito, coloquei o carro em movimento enquanto ela mexia sem parar dentro da bolsa se certificando que tinha trago tudo — você tá bem nervosa, nunca fez uma entrevista?.

— na verdade você é o primeiro, eu escrevia mais na coluna dos signos, dos dias dos namorados e do tempo — resmungou chateada e olhei seu rosto de perfil antes de voltar a olhar a rua.

— eu gosto da coluna do tempo, é divertida — assumi, eu sempre pegava um jornal dentro do vestiário e só o que me interessava era as ultimas partidas dos times rivais, placares e o tempo.

— obrigada, eu sempre tento deixar melhor do que parece ser — dei um pequeno sorriso e olhei pra ela mais uma vez, pequena, loira, delicada e simples, nunca foi meu tipo de mulher já que eu gostava mais de uma maluca como eu, mas confesso que a ideia de Tessa e eu juntos nunca me deixou tão ansioso.

— fica a vontade, quer uma água ou suco? — perguntei enquanto trancava a porta e íamos em direção a sala de estar — pode sentar — tirei os controles de vídeo game da poltrona e ela se sentou deixando a bolsa no chão.

— eu quero água — concordei e rapidinho enchi um copo com água gelada e coloquei na mesa, me sentei de frente pra ela e relaxei no sofá, seria moleza — me desculpa se as perguntas forem rasas demais ou idiotas, não fui eu quem escreveu elas.

— você é a jornalista da noticia e não fez as próprias perguntas? — franzi a sobrancelha.

— tem uma pessoa acima de mim que se acha melhor pra isso do que eu — claro que era um homem que insinuou saber mais sobre jogos do que ela — tudo bem, podemos?.

— claro — observei ela colocar os óculos, girar o lápis em uma mão e com a outra ligar o gravador do seu celular e colocar na mesa que nos separava.

— pode falar o seu nome completo, idade e o que você faz — ela criou um ar tão profissional que tudo que eu fiz foi concordar e obedecer.

— sou Bryce Holland tenho 20 anos e jogo no primeiro time de hóquei da Universidade de Yale, me preparando pra liga profissional — ela concordou riscando a folha e me olhou nos olhos.

— por que você começou a jogar hóquei? — pareceu que ela ignorou a real pergunta do papel.

— o que foi?— puxei a folha do seu colo e ela ficou nervosa me olhando com atenção, encarei a folha e franzi a testa — você joga por causa do seu pai?, pretende seguir os passos dele?, e as mulheres?, como divide seu tempo entre o prazer e o dever? nossa, são perguntas bem amadoras na verdade, quem foi o filho da puta que escreveu?.

— vou precisar falar com ele sobre isso, não vim aqui falar de como você faz sexo — estava irritada quando puxou a folha da minha mão.

— será que ele quer saber qual o tamanho do meu pau também — brinquei e ela me olhou ficando ainda mais vermelha — você não poderia mudar as perguntas? tenho certeza que seria mais interessante e inteligente se viesse de você.

— eu vou tentar falar com ele mais uma vez.

— diz pra ele que se não vierem de você eu estou fora — a garota arregalou os olhos e negou com a cabeça.

— se isso acontecer ele provavelmente vai me chutar da redação — falou quase sem fôlego ficando nervosa.

— calma Tessa, eu vou fazer esse puto precisar de você, sem Tessa Cooper não tem entrevista com o Holland estrela Júnior — pisquei pra ela que fez uma careta negando como se estivesse com dor de barriga.

— eu não vou fazer isso Bryce, e se eu perder o emprego? — se curvou na minha direção e toquei seu joelho tentando passar confiança, mas me arrependi quando ela endireitou a postura ficando em alerta e tirei a mão da sua perna.

— tudo bem, mas tenta pelo menos dobrar esse cara e tirar algumas dessas perguntas ridículas — ela concordou e suspiramos juntos — mas e aí, tá com fome?.

Meu pecado - amores improváveis #3Onde histórias criam vida. Descubra agora