Capítulo 39

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BRYCE

Andei pelo quarto que parecia estar parado antes de ser arrumado pra receber visita, tinha uma cama de solteiro e uma cômoda grande perto da porta, me encostei na madeira pra ter certeza que os pais de Tessa não estavam mais no corredor e aproveitei pra sair do quarto que eu estava e entrar na porta ao lado.

— que susto — Tessa pulou quando a porta foi aberta e foi mais forte que eu não arquear as sobrancelhas olhando o seu quarto, quase tudo era cor de rosa e feminino.

— eu não estou surpreso — entrei no cômodo fechando a porta atrás das minhas costas.

— se te virem aqui vão surtar — me olhou apreensiva e me aproximei dela segurando no seu queixo.

— tá tudo bem eles não estão aqui em cima — beijei seus lábios e ela suspirou relaxando os ombros — estamos aqui por você, então a hora que quiser ir embora só precisa me disser — coloquei as mãos nos seus ombros apertando de leve e ela fechou os olhos relaxando nos meus braços.

— obrigada — deitou a cabeça do meu peito e nos abraçamos, passei as mãos pelas suas costas e ela não se importou, apenas abraçou minha cintura.

— o que vamos fazer hoje? — Tessa se afastou pra me olhar nos olhos e sorriu de lado.

— eles fizeram o jantar, então vamos comer e conversar na mesa, umas 23:00 estão todos na cama — me contou olhando pro nada como se estivesse se lembrando da sua rotina — amanhã de manhã tem uma oração na igreja como todos os domingos, e nos dois podemos ficar sozinhos a tarde um pouco antes de voltar pra casa — sorriu meiga pra mim e concordei segurando sua cintura.

— tudo bem, amanhã então vamos fazer um tour pela cidade — beijei sua cabeça — vamos lá minha gatinha corajosa — segurei sua mão guiando ela até a porta e ela apertou minha mão quando andamos pelo corredor até as escadas, seria no mínimo um jantar muito interessante.

Sentado do sofá marrom da família Cooper eu não conseguia parar de acompanhar os movimentos deles pela casa, Marcus Copper estava no sofá desde quando descemos assistindo jogos de futebol na TV enquanto puxava assunto comigo, parecendo um cara inofensivo e tranquilo, tudo aquilo que ele não é, Anna Copper andava feito barata tonta como se corresse pro jantar estar pronto a tempo e dava ordens a Tessa sobre como montar a mesa ou qual panela devia mexer, o ar da casa era algo triste e deprimente que deixava a Tessa sorridente como uma imagem do passado. Estava na cara que seu pai era um homem ambicioso e na minha presença mentia ser boa gente, sua mãe mal demonstrava gostar que a filha estivesse aqui e tinha um olhar triste e vazio, e tudo isso fez meu peito apertar quando imaginei que Tessa cresceu nessa casa, e mesmo nessa névoa cinza ela conseguiu sair uma mulher meiga e que vê alegria na vida.

— vou ajudar com as travessas — avisei enquanto levantava do sofá e todos pararam o que estavam fazendo pra me olhar.

— não seja ridículo, tem duas mulheres na cozinha — Marcus gesticulou com a mão e voltou a encarar a TV.

— agora somos um homem e duas mulheres — tentei brincar e me aproximei da cozinha tomando as coisas da mão da Tessa, enquanto sentia o olhar da sua mãe em mim mas não me importei.

— que gentileza do rapaz, ele sabe cozinhar Marcus — a mulher se afastou e Tessa e eu nos encaramos, os olhos dela estavam gelados e ela estava paralisada — os pratos Tessa — ela se mexeu levando quatro pratos pra mesa e eu continuei mexendo a panela na minha frente.

— acho que já está pronto — desliguei o fogão e Anna concordou indicando que eu poderia colocar a panela na mesa, deixei a panela em cima de uma tábua de madeira e já me sentei ao lado da Tessa na mesa de 6 lugares — o que foi? Falei alguma coisa errada? — toquei seu joelho e ela me olhou com pesar negando com a cabeça.

— não, tá tudo bem — não aguentava olhar pro seu rosto triste e saber que ainda teria mais disso. O jantar foi quase intragável, Tessa calada o tempo todo e quando falava sua mãe dava um jeito de fazer aquilo ser uma grande besteira, seu pai não quis saber nada sobre a vida dela somente sobre mim e minha carreira no gelo, um interesse que eu acharia maneiro se não soubesse que ele ligava tanto pro dinheiro.

— foi a Tessa que escreveu minha matéria pro jornal, foi no início do nosso namoro — segurei a mão da loira sob a mesa e ela apertou minha palma como se precisasse me tocar.

— mas é só um jornal popular, não sei o que você pode querer de carreira com essa faculdade que você escolheu filha, tantas outras coisas, se eu estivesse na faculdade faria algo como medicina — sua mãe mais uma vez disparou coisas idiotas e eu me encostei na cadeira tentando relaxar.

— é ótimo pro currículo dela estar na redação da faculdade, e ela ganha por escrever lá então é um emprego — dei os ombros tentando parecer inofensivo — ela é ótima no que faz, eu leio todas as matérias — sua mãe sorriu amarelo tomando um gole de água.

— vocês vão até a igreja conosco amanhã? adoraria te apresentar a uns amigos — Marcus perguntou me encarando e eu concordei.

— vamos sim — voltei a comer o nhoque do meu prato enquanto segurava a mão de Tessa passando calma ou pelo menos tentando.

Revirei no colchão encarando teto do quarto e tudo que se ouvia era o barulho de algum carro passando na rua ou os grilos do jardim, olhei no celular e vi que eram 00:19 e pensei se Tessa estava dormindo, tirando minha dúvida uma mensagem dela brilhou na minha tela.

📩📱
Nerd gostosa: tá acordado?.

Eu: sim.

Nerd gostosa: não consigo dormir.

Eu: nem eu.

Nerd gostosa: queria estar em casa, dormindo com você e na sua cama.

Eu: podemos fazer isso quando voltarmos, aquela conchinha fez falta.

Nerd gostosa: amanhã vai ser um dia esquisito, mas eu tô feliz que você tá comigo.

Eu: eu também gatinha.

Meu pecado - amores improváveis #3Onde histórias criam vida. Descubra agora