Capítulo 22

3.3K 263 22
                                    

BRYCE

sufoquei automaticamente depois de ouvir suas palavras, sentindo uma dor que veio do meu pau até o meu estômago. Ela está mesmo me pedindo isso? eu estava em choque e assustado encarando os olhos azuis sérios que me diziam que ela não estava brincando.

— pegos no flagra, vocês não podem transar aqui dentro, tem muito papel que não pode molhar — ouvi uma estridente atrás de mim e me virei mais assustado ainda encontrando uma garota que eu nunca vi antes.

— oi Marta, não exagera nós não estamos fazendo nada demais — a loira saiu do meu aperto dando a volta na mesa e no caminho bateu o quadril no móvel fazendo as canetas caírem e eu segurei o riso.

— certo, é um prazer te conhecer oficialmente então, mas é melhor você ir antes que o Vincent apareça — a garota de óculos me alertou com um sorriso psicopata no rosto.

— então eu tô indo, a gente termina aquele assunto em casa, depois da aula me espera no estacionamento — capturei minha mochila que estava no chão e me aproximei da loira que agora estava tímida e corada — não acabamos esse assunto nem ferrando encrenca — beijei seus lábios suavemente e me afastei vendo seu corpo respondendo ao meu toque — até mais Marta, bom trabalho garotas — e então fui embora. Durante o banho pós um treino de 3 horas eu ainda não tinha parado de pensar no que Tessa havia me pedido. Eu poderia apostar o meu próprio braço na certeza de que Tessa é virgem, e eu vou ser o primeiro dela? Isso me parece errado dada as circunstâncias do nosso namoro falso, ela devia fazer isso com um namorado de verdade. Agora explica tudo isso pro meu pau, que estava me fazendo pensar também em como seria fazer ela descobrir o que se pode fazer um homem e uma mulher com tesão. Despertei do transe com um armário batendo e então desliguei logo o chuveiro me secando e indo me vestir.

— o que você tem? — ouvi a voz de Liam atrás de mim e me virei passando a calça pelas pernas.

— você já tirou a virgindade de alguma garota? — perguntei de vez, Liam é meu amigo e o mais sábio de nós todos.

— sim, quando eu era bem mais novo — ele sorriu olhando pra dentro do seu armário lembrando de alguma coisa — eu fui o segundo da Heather, mas foi como a primeira vez dela, tinha vergonha de se despir, de ser observada e então eu fiz todos esses medos sumirem, e então eu decidi que fui o primeiro dela, a vez que ela ia guardar na cabeça como a noite perfeita — certo, fazer todos os medos sumirem, mas qual são os medos de Tessa Cooper.

Dentro do meu carro dirigia até a casa da Tessa enquanto ela estava no banco do carona, parecia ansiosa enquanto seu pé balançar sem parar e eu estava suando, estranhamente nervoso, limpei o fio de suor da minha testa passando as mãos nos meus cabelos pra disfarçar meu movimento e agradeci mentalmente quando finalmente chegamos na sua rua, estacionei o carro e descemos juntos, enquanto ela fechava a porta eu sentei no sofá cor de rosa que eu odiava e tive que deixar as pernas um pouco dobradas pra não acabar chutando a mesa de centro da sala, que só hoje eu percebi que o espaço é pequeno pra mim.

— eu não entendi por que temos que conversar — foi a primeira coisa que ela disse enquanto se sentava ao meu lado, encarei a loira e me arrumei no sofá pronto para ser sensato e não agarrar ela.

— você teve um namorado, eu não sabia disso e isso não me preocupa, o que me preocupa é que você ainda seja virgem mesmo já tendo um namorado, então me fala o que aconteceu — falei sem me preocupar de ser muito invasivo e a cor esvaiu do seu rosto na hora — até onde vocês foram juntos?.

— é muita coisa pra contar, e eu não...

— pode me contar tudo Tessa, eu não vou contar pra mais ninguém, mas se você não confiar em mim pra isso vamos esquecer esse assunto.

— não — foi firme em responder e então eu só concordei deixando que ela ficasse confiante antes de falar — o que eu vou te contar agora eu nunca contei pra ninguém Bryce, nem mesmo pras minhas amigas — comecei a me preocupar, pensando que talvez a história seja bem mais do que um namoro ruim — meus pais são da igreja desde quando se conheceram, meu pai segue a Bíblia ao pé da letra e sem pestanejar desde sempre, e quando eu nasci não foi diferente, dentro de casa e na rua eu sempre fiz tudo que eles me ensinaram a fazer, eu nunca fiz nada de errado nunca nunca mesmo, até eu conhecer o Jimmy.

— Jimmy é o seu ex namorado — constatei quando ela ficou em silêncio, parecia assombrada e triste, me deixando com um aperto no peito e as mãos geladas.

— nos conhecemos na igreja e por isso meus pais não ligaram muito, eles pensavam que iríamos nos casar algum dia, na verdade até eu pensei que sim. mesmo ouvindo que eu não devia eu sempre tive muita curiosidade e vontade de fazer coisas, começamos com beijos e umas mãos bobas e foi assim por meses, até que ele conseguiu me fazer acreditar que depois daquela noite ele pediria a minha mão os meus pais, e por isso eu nem pensei em dizer não, eu só queria fazer o que qualquer garota da minha idade faria tendo um namorado apaixonado. Ele pra minha casa quando os meus pais não estavam já no intuito de que iríamos ter a nossa primeira vez, ele não foi nada gentil e antes que pudéssemos concretizar o ato os meus pais chegaram e o meu pai viu tudo, e na hora do julgamento Jimmy não me apoiou e virou as costas pra mim, e claro que para o meu pai era muito mais fácil me culpar por tudo, e eu assumi a culpa sim — eu estava paralisado. Completamente paralisado com medo de até respirar e assustar ela, que já estava com medo o suficiente vazando pelos olhos — o próximo mês foi como se eu tivesse sido jogada no inferno, Jimmy contou pra todo mundo que eu insisti pra que aquilo acontecesse e por isso que ele terminou comigo, que eu não era mais digna de me casar, todo mundo acreditou é claro, as mães das minhas amigas pediram pra que se afastassem de mim e todos se afastarem como se eu fosse portadora de uma doença contagiosa, falavam de mim em todos os lugares e eu segui de cabeça baixa até o dia que me aceitaram em Yale, tudo que eu precisava era um motivo pra fugir daquele lugar.

— Tessa, eu não fazia ideia — a garota com lágrimas nos olhos coçou os braços como se tentasse arrancar um sentimento ruim de dentro da sua alma.

— é uma tortura voltar lá, mas eu sempre volto em todo natal, eu não posso dizer não — segurei sua mão trêmula e senti os meus olhos arderem, merda.

— é claro que você pode — como se fosse fácil, me senti um idiota dizendo isso pra ela.

— você não entende Bryce — chorou enquanto levava a mão até a barra da sua blusa.

—Tessa? — ela estava tirando a roupa, e antes que eu pudesse falar algo ela se virou de costas. senti um buraco no meu estômago, como isso aconteceu? como, como, como?????? — o que é isso? — eu falei alto demais fazendo a garota pular no sofá — Tessa olha pra mim.

— sem sacrifício não há arrependimento — e então a verdade me atinge em cheio. ergo a mão pra tocar suas costas e sinto uma espécie de dor física me consumir antes de tocar um dedo na pele, Tessa treme e ameaça sair do sofá mas eu a seguro no lugar, traço o dedo por uma cicatriz que está no meio das costas, mas perco o final dela quando se junta a outras, cerca de 20 linhas cicatrizadas nas suas costas, elas são de um branco mais claro que a pele de Tessa, se iniciam na altura dos ombros e vão até o final das costelas. Espalmo a mão na pele e sinto que só algumas das cicatrizes possuem uma textura diferente da maciez do resto da pele.

— quantas vezes isso aconteceu? — perguntei em um fio de voz, ainda tocando sua pele e sentindo sua respiração desregulada.

— muitas vezes — não sabia o que o pai dela havia usado para machucar sua própria filha e nem o que ela havia feito pra isso. Mas nada explicaria isso, nada explicaria o desespero que rasgava o meu peito. não sei de onde ela vinha ou por que, mas doía muito. me aproximei do seu corpo quebrado em cacos e a abracei por trás, tentando puxar a dor dela pra mim, que se misturaria com a minha e eu poderia até morrer, se pelo menos conseguisse aliviar o coração machucado da garota que chorava nos meus braços.

Meu pecado - amores improváveis #3Onde histórias criam vida. Descubra agora