Acordei na manhã de domingo um pouco mais tarde do que de costume, mas ainda assim deu tempo de ajudar Tia Rebeca a preparar o almoço e a sobremesa. O dia amanheceu tão frio quanto ontem, a chuva que caía lá fora era fina sombreando a cidade por cores neutras. A estética com traços rústicos e um pouco americano no interior da casa deixava tudo mais aconchegante. Domingo geralmente é o dia em que fica todo mundo em casa. Ela ficava bem movimentada, principalmente quando Flora e Miguel começavam a brigar sem parar por coisas genuinamente bobas. Eram como gato e rato.
— Será que o Luís vai vir aqui me ver? — Ela me encarava atrás da pedra de mármore e sentava-se no banco. — Espero que sim, ele disse que ia tentar passar aqui.
Flora aparentava estar muito cansada e anestesiada, a noite de sábado fez efeito nela. Seus cabelos estavam presos ao topo com pequenos frizz ao redor e a franja estava bagunçada, lábios estavam inchados e seus olhos pesados.
— Como ele não se espantou com essa sua cara feia? — Miguel questionou demonstrando deboche e arregalou os olhos fingindo surpresa.
Ela lançou um olhar de reprovação.
— Você que espanta as visitas aqui em casa, seu pestinha. — Flora falou já de mal-humor.
— Não comecem — Tio Erick protestou antes que comece uma guerra.
— Ai, será que o Luís vai vir me ver? Ui — Miguel afinava a voz e passava a mão nos longos cabelos invisíveis. — Ele gostou de mim mesmo parecendo a cuca do sítio do pica-pau amarelo.
Ele colocou a mão na cintura fazendo uma imitação perfeita do modo de andar de Flora. Eu segurei a risada por um instante e antes que eu pudesse amenizar a situação minha prima já estava correndo atrás dele pela casa.
— OH MÃE — O garotinho gritava enquanto desviava das garras de Flora.
O resto da manhã foi assim, eles correndo pela casa e trocando ofensas um para o outro, até o almoço ser servido. O almoço estava maravilhoso, com carne ao molho e arroz, acompanhado de salada de repolho, e pra finalizar o feijão bem temperado. Era como se eu estivesse me deliciando com a comida da minha avó. Depois disso, a sobremesa foi servida.
— Anny, quer ir ao shopping comigo hoje? — Flora perguntou esperançosa.
Eu dei uma pausa no pudim e fiquei pensativa.
— Vai ser bom, talvez hoje não esteja com muita gente como no final de semana passado. — Tia Rebeca se pronunciou.
— Pode ser. — Falei em um tom fraco.
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Querido desconhecido
RomanceAnelise tem uma paixão platônica desde muito tempo por Theo e decide que irá conquista-lo. Passando o tempo mirabolando planos para sua conquista, a garota se vê criando um cara fake para poder causar ciúmes ao rapaz. Entretanto, não fazia ideia de...