Capítulo 19

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Dias atrás

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Dias atrás..

Quando meu pai me enviou para Monte Campo, eu não relutei tanto como eu gostaria, seria até uma ótima idéia passar um tempo com os meus avós, entretanto, não era como se fosse as mil maravilhas ter um pai que parece gostar de ter controle sobre tudo da sua vida. Entramos em muitas discursões por isso, mas continuei no mesmo barco, na mesma situação, na mesma bolha e no fim, acabei escolhendo por ceder. Até porque, era a coisa mais inteligente a se fazer.

— Amália vai passar uns dias aqui — vovó apareceu com um sorriso nos lábios me entregando um pedaço de bolo de cenoura com cobertura de chocolate junto a um prato de porcelana — Ela parece ser uma boa garota — a de mechas grisalhas se sentou ao meu lado no sofá.

Eu respirei fundo em silêncio por alguns segundos.

— Ela é legal, mas sufocante — dei de ombros peguei o garfo em mãos e retirei um pedaço do bolo, levando-o até a boca. A maciez do bolo estava incrível e a cobertura de chocolate era como um toque quase infantil, mas combinação disso sempre perfeita. Era o bolo que ela fazia quando eu era criança.

— Não acho que ela seja sufocante, mas sim, uma pessoa muito amorosa — ela me olhou, como se insistisse que eu me acostumasse com a idéia de dar uma chance à ela.

— Por mais que tentem, eu não vou ficar com alguém que eu não gosto, já fiz o bastante para o meu pai — a olhei nos olhos.

— Querido, eu o entendo, mas seu pai só quer lhe dar um empurrão, ele só estar pensando no seu bem, faz tempo que você não se relaciona com alguém desde que você e Lavínia terminaram. Se recorda como você ficou depois disso? — ela passou as mãos pela minha testa afastando meus cabelos sobre os meus olhos.

— Eu me lembro bem, mas ele não pode decidir tudo sobre a minha vida.

Ela colocou as mãos sobre os joelhos e respirou bem fundo. Vovó sabe que no fundo eu estava certo, não precisava ser sempre uma marionete nas mãos dele.

— Deixe ele, Eleonora. Ele está certo, seu pai não pode ter tudo sobre controle — ele se aproximou e se juntou à poltrona da frente — Esse é o mal do meu filho, sempre quer que tudo e todos estejam do seu jeito. 

Diferente da minha avó, meu avô ainda continha um pouco do sotaque italiano.

— Eu só estou tentando amenizar as coisas, Alberto. Quero ver quando a Lavínia chegar para o jantar de hoje — minha avó se levantou desistindo de toda a conversa.

— Lavínia? Como assim? — eu franzi o cenho um pouco surpreso.

— Está vendo? — minha avó olhou para o meu vô com uma face convencida e ele apenas deu de ombros — Seu pai meio que convidou os pais dela e ela para um jantar aqui em casa antes dele partir, já que são muitos amigos, ele adoraria um reencontro.

Querido desconhecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora