Capítulo 06

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LuccaVc quer que eu faça o que?!

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Lucca
Vc quer que eu faça o que?!

Revirei os olhos insatisfeita, ele estava relutante demais e possivelmente com medo, mas eu tinha que convencê-lo e isso não era uma grande coisa. Entendo que a ideia podia soar meio louca, ainda mais louca eu aceitar a ideia de Camila de bom grado, mas era algo um plano muito mais sutil, discreto e menos humilhante. Era demais correr atrás, mandar mensagens pra ele ou até mesmo criar expectativas sobre as suas atitudes. Como minha avó falava: o que é um peido para quem já tá cagado.

Eu já estava no fim do poço.

Camila estava impaciente igual a mim, queria logo que eu desistisse de convencer Lucca.

Anelise
Já te expliquei

Lucca
E se formos presos?

Anelise
Bom, espero que lá seja uma prisão mista.

Lucca
Anelise, não brinca com isso, cara.

— Anny, deixa que eu cuido disso. — Ela falou, o que tirou minha atenção do celular e deixei de responder Lucca. — Você tem alguma conta que não usa mais no Instagram?

Vasculhei o aplicativo por alguns minutos e para minha surpresa, dei de cara com minha conta antiga, que na verdade, não tinha nada demais; não tinha fotos, havia um pouco de seguidores e nem foto de perfil tinha, se tornou mais um vegetal virtual.

— Sim, olha. — Virei a tela do celular e ela analisou.

— Tem conhecidos te seguindo ou conversas com pessoas do seu ciclo social? — Ela pegou o celular da minha mão e analisou.

— Não, era uma conta para postar coisas sobre filmes e séries, só que ficou esquecido. E os seguidores são aleatórios de quando eu seguia dicas para ganhar mais.

— Ótimo, então a conta era no anonimato. Agora só temos que procurar por fotos de uns garotos bonitos que aparentam ser da nossa idade e que seja do seu agrado.

— Tudo bem.

Ela deslizou os dedos pelo meu celular e começou a pesquisar fotos de garotos atraentes, estava difícil de achar pois nem todos eram do meu agrado, às vezes ficava em dúvida e não achávamos outras fotos para colocar nas publicações do cara fake. Para Camila, tinha que ser tudo muito bem calculado e detalhista. Até que meus olhos se encheram de brilho quando ela mostrou a foto de um garoto específico.

O garoto de olhos azuis hipnotizantes estava com o olhar diretamente na câmera. Na foto, ele estava sentado na cadeira de algum restaurante e os braços estavam encostados sobre a mesa. Ele exibia seus cabelos loiros alongados e seus lábios rosados, onde havia um meio sorriso. Sua mandíbula em questão parecia ter sido desenhada e sua pele era como um papel. O loiro trajava uma camisa social clara que estava ligeiramente aberta na clavícula.

Ele cheirava a dinheiro.

— Esse! — Eu disse quase como um grito.

Camila arqueou as sobrancelhas em surpresa.

— Perfeito. Temos que inventar um nome — Ela mordeu o lábio inferior pensativa.

— Que tal Antony? — Sugeri.

— Não é muito brasileiro — O silêncio entre nós permaneceu.

— A gente nem sabe se esse cara é brasileiro. — Apontei para foto e minha voz soou como se fosse óbvio.

— Eu sei. De qualquer maneira a gente vai fazê-lo ser. — Sua voz demonstrava determinação e eu dei de ombros. — Poderia ser Bernardo?

— Parece nome de velho.

— Hum — Ela deu uma longa pausa antes de continuar com suas brilhantes ideias — Nicolas combina com ele. — Camila olhou para foto.

— Até que não é tão mal. É, pode ser.

— Depois vamos achar mais fotos dele, agora tenho que ir pra casa antes que a minha mãe comece a brigar porque eu não cheguei mais cedo para o jantar. — Ela se levantou — Amanhã eu passo aqui. Pode ser?

Me levantei logo em seguida.

— Claro.

Acompanhei Camila até a saída, descemos as escadas e em seguida, nos despedimos. Eu estava nervosa. A possibilidade do plano dar certo me instigava. Um sorriso sincero se permaneceu em meu rosto e esfreguei as mãos frias.

— Parece animada. Aconteceu algo? — Minha tia surgiu do nada.

— Não... — Eu falei meio desprevenida.

— Hum — Seu olhar era desconfiado — Não vai comer nada?

— Vou sim, já estou indo.

O resto da noite eu aproveitei para fazer algumas atividades da escola, principalmente física, estava indo muito mal nessa matéria, eu precisava entregar muitos trabalhos para recuperar a nota perdida da avaliação principal. Passei algum tempo nisso, respondia, apagava, pesquisava e quando me contei já tinha passado da hora de dormir. Meus olhos quase se fecharam naquele momento, só que então meu celular tocou.

— Eu estava quase cochilando. O que quer?

— Não vou conseguir dormir antes de saber desse plano que você e sua amiga estão querendo colocar em prática — Podia ouvir a respiração de Lucca da outra linha.

— É como eu te falei, mas nos ainda estamos criando e planejando o perfil.

— Acha que isso vai dar certo? — Indagou ele.

— Espero que sim.

— Não acha que isso é uma bobagem? Não precisa de tudo isso pra conquistar um cara.

— Claro, é fácil falar.

Eu estou quase subindo pelas paredes sedenta por esse garoto. Hello?!

— Você anda muito preocupado, nunca foi disso, sempre apoiou nas minhas bobagens e eu apoiei as suas.

— Só não quero que você se machuque.

— Ah, que fofo! — Eu sorri — Ele tá preocupado comigo.

— Cala a boca — Pude ouvir uma pequena risada pelo celular.

— Agora tu é meu cúmplice nisso — Rolei pela cama com o celular ainda próximo ao ouvido — Não conta pra ninguém.

— Nem mesmo pra Flora ou Jade?

— Nem mesmo pra elas.

— Então tá, até amanhã.

— Até.

Fim de chamada.

Me estiquei sobre a cama e olhei para o teto por longos minutos. Decidi então entrar no celular mais uma vez, me deu vontade de ler algum livro virtual pelo Wattpad, fazia tanto tempo que eu não entrava para ler lá — desde dos meus 14 anos, na verdade. Entretanto, quando estava prestes a começar a ler o primeiro capítulo da obra, uma mensagem foi notificada no meu celular.

Theo
Oii Anny, eu tô ótimo e você?

Ele demorou duas horas pra me responder.

Anelise
Melhor do que nunca.

Querido desconhecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora