Capítulo 30

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Liana

- Já vai- o interfone toca.

- Oi- era o Matheus- Vim olhar a horta.

- Mas tá cedo.

- Eu vou sair daqui a pouco, vou ficar algum tempo fora.

- Hum- o que será que ele vai fazer?- Entra ai. Ele entra e vai mexer na horta, depois de um tempo eu vou ver o que ele tá fazendo.

- Eu não sei se a horta vai sobreviver a seus cuidados- ele dá uma risada.

- Vai sim.

-É? Igual o manjericão que ta ali vivo?- ele ri

- Não tem graça.

- Tem sim, eu disse pra não deixar no sol e ele tá ali, justo no lugar que mais bate sol.

- Ele precisa fazer a fotossíntese dele.

- Mas não precisa deixar ele torrar no sol.

- Como eu consigo cuidar da minha irmã, mas não consigo cuidar de uma planta?- eu e ele estamos rindo igual idiotas.

- Porque você ama a sua irmã, mas não ama plantas.

- Matheus, o último poeta romântico- nos dois caímos na risada e eu ajudei ele a cuidar da horta. Alguns minutos depois ele terminou e me disse a hora que era pra ligar os irrigadores e me entregou uma lista de como era pra fazer.- Que comer?- ele me olha com uma cara engraçada- Não seu burro, eu estava terminando o almoço quando você chegou.

Ele aceitou e pegou um prato, eu pensei que ele ia encher de comida, mas não. Eu fiz arroz, feijão, frango e uma salada de repolho com cebola e tomate, ele sentou na mesa e meu Deus, a elegância dele pra comer era indescritível.

- Que foi?- ele pergunta.

- Você é tão certo pra algumas coisas, mas fica fazendo barulho pra atormentar a vida dos vizinhos.

- A única que reclama é você- ele diz. Eu olho pra mão dele que tá roxa.

- Grosso. E essa mão ai? Cuidado pra ela não cair.

- Engraçada você. Daqui uns dias ela tá melhor.

- Não dói?- eu pergunto.

- Um pouco, mas é suportável- tinha alguns machucados, que parecia estar infeccionado. Ele acabou de comer e disse que ia lavar a vasilha pra em ajudar.

- Não precisa, eu coloco na lava louças. Me espera aqui, vai ser rápido.

Matheus

A Liana sumiu em algum canto da casa e enquanto eu espero ela voltar, vou colocando as coisas na lava louça.

- Senta aqui- ela tem uma mania de mandar.

- Você é mandona.

- Talvez um pouco, me da sua mão- eu estico a mão pra ela.

Ela pega iodo e começa a limpar minha mão, eu sinto uma ardência quando ela passa agua oxigenada.

- Caralho, isso arde- eu grito.

- Claro, isso está infeccionado, aposto que tem carne sua na cara da pessoa- deve ter mesmo, eu tive que socar outras coisas além da cara daquele idiota.

- Eu soquei a parede e uma caixa de ferramentas, por isso tem esses machucados.- ela não fala nada só termina de limpar, foram os minutos mais sofridos que eu passei com ela, misericórdia.-

-Pronto- ela diz. Eu olho as horas e são quase 13h.

- Obrigado. Eu vou indo, tenho que pegar a estrada daqui a pouco.


Meu vizinho Barulhento (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora