Capítulo 64

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Liana

Depois de um pouco de insistência da minha mãe . O exame é invasivo e constrangedor, sem contar a sensação horrível de relembrar tudo de novo.

- O laudo ficara pronto em um dia e será encaminhado para delegacia de policia assim que ficar pronto, como a vitima e o autor moram em outro estado o laudo também será encaminhado para a delegacia de Brasília. Você pode ir pra casa e descansar- o médico foi atencioso e gentil.

Nós saímos do IML quase 5:00 da madrugada, eu não comi nada e muito menos estou com fome.

- Vamos comer alguma coisa e eu te levo pra ver ele- minha diz. Ela é fodona e tal, mas eu tenho certeza que ela não dormiu, quando eu sai da sala de exame eu vi ela chorando. Meu pai não veio, ele esta na fronteira em uma campanha de vacinação contra a meningite

- Eu não tô com fome. Eu quero ir pra casa, quero ver a Laura, meu pai.

- Liana, eu sei que tá difícil, mas você tem que comer filha.

- Por favor mãe, eu não quero e também não quero ir na casa dos meus avôs nem em lugar nenhum, não quero olhar pra pessoas me julgando... não quero ver o Matheus no hospital se ele morrer eu não quero essa imagem na minha cabeça. Eu já fiz aquela porcaria de exame e tá ótimo- eu fui ignorante e fria com minha que ficou em silencio, mas é a verdade, eu vi como as pessoas olharam pra mim- E eu também não quero ver a senhora chorando pensado que foi sua culpa, porque não foi! A culpa não é sua, nem da Ana, a culpa não é minha é só dele.

Falar essas coisas foi libertador, minha mãe não tem culpa de nada eu sou grande o suficiente pra saber das cosias que eu faço, a Ana me mandou varias mensagens, ela tá achando que tem culpa, mas não tem. Ela é muito inocente e confia muito nas pessoas.

- Eu só queria entender o porque, eu não fiz nada pra ele, muito menos sabia quem era- minha mãe pra o carro e me abraça.

- Por favor filha, não tente achar um motivo, esse cara é doente.

Algumas horas mais tarde

Liana

Eu fui para casa que meus pais tem aqui em BH e descansei um pouco, eu não fui na casa dos meus avôs mas eles vieram aqui me ver. Minha vó disse que eu preciso comer e meu avô disse que tô cada vez mais parecida com minha mãe, nenhum dos dois tocaram no assunto e eu não vi nenhum julgamento no olhar deles, o que me fez sentir uma idiota por ter recusado ir a casa deles.

 Eles não demoram muito, o Tom disse que queria conversar comigo e eu decidi ver o Matheus, no hospital. Pedi minha mãe pra me deixar aqui e ir levar a Laura nos meus avôs. Quando eu entrei o Tom estava do mesmo jeito que na noite anterior, a roupa dele estava suja de sangue e os olhos vermelhos e inchados, o coitado estava cochilando na cadeira de espera.

- Oi- a Catarina diz

- Oi, não saiu daqui um minuto, né?- eu digo olhando pra ele.

- Não. A cirurgia correu tudo bem, o Matheus tá estável e tá voltando do sedativo aos poucos, mas o Tomas não quer nem comer.

- O Tom é sempre brincalhão e extrovertido, nunca pensei ver ele assim.

- Tem muita coisa Liana- nos duas sentamos a uma boa distancia dele- O Tomas, ficou irracional quando viu o amigo caído daquele jeito, desde que o irmão do Matheus morreu, os dois ficaram muito mais próximos. Foi o Matheus que encontrou o irmão morto, era dia de jogo e eles tinham costume de ver todos juntos, mas nesse dia o Matheus disse que não porque o irmão dele tinha voltado pra casa e eles iam ver juntos.

- Como assim?- tem muitas coisas que eu não sei.

- A única vez que eu vi o Tomas assim foi quando ele viu o Marcelo caído e o Matheus no cantinho do banheiro chorando abraçado as pernas, essa foi a primeira vez que ele me ligou depois do nosso termino e disse assim: "Catarina, por favor, por favor me perdoa pelo o que eu te fiz. A dor de ser traído é insuportável. O Marcelo tá morto Catarina, ele traiu o próprio irmão... ele disse que tinha parado, mas mentiu e o Matheus... ah o Matheus tá sofrendo. Me perdoa pelo que te fiz, por favor, vendo ele assim eu imagino o que eu te causei"

- Você namorou ele?

- Sim , no ensino médio. Mas o que eu tô tentando dizer Liana- ela pega minhas mãos- Não seja tão dura consigo e nem com eles, ambos sofreram por algo e o Tomas- uma lágrima cai do olho dela- Ele fez de tudo pra te tirar de lá e manter o amigo em segurança, ele é um idiota, mas tem o coração bom.

Meu vizinho Barulhento (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora