Capítulo 37

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Alguns anos atrás

Matheus

- Hoje tem jogo do galão, vamos ver com os caras na casa do JB e comemorar seu aniversário?

- Vou não, eu tenho que estudar e ficar de olho no Marcelo- meu aniversário foi ontem, mas eu não aproveitei nada a data

- Quer que eu te ajude? A gente vê o jogo junto

- Não precisa não.

Tem dias que eu não durmo direito. Meu irmão saiu da reabilitação tem 11 dias, ele parece bem, mas eu sinto que a qualquer momento ele vai cair de novo sabe? Marcelo começou com maconha, depois evoluiu para cocaína e antes de ser internado ele usava heroína todos os dias. A heroína é uma droga cara, aqui então é mais ainda e ter dinheiro facilita muito as coisas, uma vez ele tava tão fudido que pagou R$ 9000,00 em 5ml dessa porcaria e foi ai que meu pai bloqueou as contas dele.

Eu cheguei em casa e estava um silêncio, normal já que meu irmão dormia boa parte do dia, eu estudava o dia todo e chegava em casa quase 17h. Eu subi, joguei minha mochila na cama e fui tomar banho, eu joguei demais e estava todo suado e quando eu abri a porta do banheiro eu vi a pior cena da minha vida: meu irmão apagado do lado da pia, com uma seringa no braço, uma garrafa de Tsarskaya quase vazia na mão.

- O que você fez cara?- Eu digo olhando o lugar. Tinha algumas carreiras de cocaína na pia e um frasco de remédio vazio no chão- Caralho- ele tava com o pulso fraco. Minha reação foi ligar para o SAMU, minhas mãos tremiam descontroladamente- Eu preciso de uma ambulância, é uma overdose de droga, ele tá morrendo. Na residência do Diplomata César Belmonte- eu falei na esperança de virem mais rápido- Por favor, meu irmão tá morrendo.

Eu desliguei o celular e fiquei olhando pra ele e chorando, meu irmão não fazia nada, não respirava, não mexia. Minha adrenalina estava tão alta, que só ouvia a batida do meu coração, não vi meus pais chegarem e nem os paramédicos, meu corpo estava em choque.

Dias atuais


Matheus

Eu começo a abrir meus olhos e sinto eles pesados e uma dor forte do meu lado esquerdo. Minha boca tá seca e a luz forte do quarto me cega quando eu recobro totalmente a consciência, eu passo os olhos pelo quarto e vejo a última pessoa que eu imaginava, a Liana encolhida no sofá usando o celular e um homem junto com ela... aquele cara da missão, ele vem em minha direção.

- Agora ela vai dormir pra sempre pra aprender a nunca entrar onde não é chamado, ele aponta uma arma pra Liana.

Eu me levanto de uma vez e sinto uma dor enorme do meu lado esquerdo e o acesso que estava no meu braço solta.

- Calma- eu ouço uma voz longe e um toque no meu braço, eu tô grogue- Matheus, olha pra mim- eu viro imediatamente quando eu reconheço a voz da Liana e meu corpo relaxa.

Meu vizinho Barulhento (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora