Eu não sei quanto tempo eu fiquei dentro da cela, as poucas coisas que consigo me lembro agora é de sentir muita, mas muita dor, especialmente na cabeça. Imagens em si não me vem muito pois as lágrimas e o espremer de olhos por conta da única coisa que conseguia sentir, dor, me faz ter poucas lembranças visuais de quando estou presa.
Enzo é quem sempre me tira da cela, tão debilitada que a única coisa que consigo fazer é segura o tecido do seu blazer como se ele fosse me soltar a qualquer momento.
O colchão quase duro demais para alguém dormir, me soa tão confortável que a única coisa que faço quando o sinto é me aconchegar contra o mesmo.
Fui acordada pelo barulho da bandeja de comida sendo colocada na mesinha redonda de madeira. Enzo me fita com certa cautela assim que percebe que eu o observo, é tão óbvio que o seu olhar carrega uma certa culpa.
— Trouxe algo para você comer, se quiser tomar banho a banheira está cheia. — O capacho ruivo de Eric me avisa.
Digamos que estou com uma certa aversão ao mesmo.
— Qua... quantos dias foram dessa vez? — Pergunto com o pouco resquícios de voz que tenho no momento.
Antes de responder Enzo enche um copo com água de uma jarra e traz para mim, a qual bebo sem pestanejar ao menos uma vez.
— Dois dias. — Ele olha para os próprios pés parecendo envergonhado. — Foram dois dias.
— Só? Achei que já tivesse se passado um ano. — Digo debochadamente.
— Não exagere senhorita. — Enzo retruca revirando os olhos.
— Não estou exagerando, você já passou pelo menos alguns minutos dentro daquela cela? — O pergunto vendo ele me olha como se eu tivesse perguntado a coisa mais idiota da minha vida e talvez eu realmente tenha.
— Já, e como humano eu não senti absolutamente nada, aliás sou eu que sempre te tiro lá de dentro. — Assim como me põe também penso, mas não digo.
Enzo deve ter o mínimo de consciência das coisas que faz, eu espero mesmo que ele não ache tudo normal.
— Mas eu também sou humana, e... — Um riso soprado vindo dele me faz parar de falar.
Eu não me pergunto o porquê do mesmo ter rido de um assunto bastante sério, mas do porque eu sentir as pedras. Aliás, eu sou humana!
— Pergunte ao comandante Eric talvez ele tire a dúvida que acabou de se instalar na sua mente. — Enzo diz me fazendo fitá-lo.
Ele deve me achar uma tonta do porque eu nunca pareci me importar em pensar de como sinto as pedras supressoras se também sou teoricamente humana. Além disso, escutá-lo chamando Eric de comandante só me faz achar ainda mais que tem mais alguém por trás dos rebeldes da terra, e isso bem me perturbando muito.
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O Dispertar Da Nova Evren
FantasyApós a devastação da Terra e a invasão pelo reino de Evren, Europa, uma jovem humana de saúde frágil, é encontrada à beira da morte e adotada por um soldado Evreriano. Crescendo como uma dama de companhia no castelo de Evren, Europa enfrenta precon...