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•MATEO•

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Nunca gostei muito de cemitérios, alguma coisa sobre saber que era alí o nosso fim me atormentava. Ficar cara a cara com o lugar que supostamente descansariamos pela eternidade era horripilante mesmo para um homem adulto, mas era surpreendente a forma como aquele lugar se encaixava tanto com ela ou talvez fosse só a cor preta que lhe caia muito bem.

Morgana tinha um semblante triste quando a vi com aquele gato, não parecia com raiva como eu estava acostumado, mas apenas confusa e levemente aliviada, o que me deixava com muitos questionamentos.

Eu pensei muito o que falaria quando a visse, em como eu iria agir e quais perguntas faria primeiro, mas então meus olhos encontraram os dela e aquele castanho lindo estava cheio de sentimentos guardados e uma surpresa genuína que eu não pude desejar mais nada além de ter ela em meus braços. Isso era novo, por que pensamentos como aqueles surgiam em minha cabeça?

A conversa se desenrolou e então, de algum jeito, chegamos a ponto de irmos em uma lanchonete próxima. Minhas intenções eram muito boas ao trazer ela aqui, eu só não sabia o quanto aquela menina atrevida poderia ser tão quieta em longos minutos. Nem parecia a aluna que tinha resposta para tudo quando precisava afrontar algum professor.

— Você quase não comeu seu lanche — Quebrei o silêncio que tinha entre nós.

— Não estou com fome.

— Sei que uma situação dessas é difícil, mas precisa comer Morgana — Ela me olhou como se estivesse cansada de mais para debater — Tudo bem , acho que agora você precisa descansar, eu te deixo lá, onde você tá ficando?

— Não precisa, não quero ir para casa agora.

— Certo, então eu fico com você.

— Quero ficar sozinha.

— Quando eu te conheci você parecia querer se jogar daquele terraço sem nenhuma motivação, agora que tudo isso aconteceu eu não dúvido que você se atire do prédio mais alto que encontrar.

— Mateo...

— Não vou te deixar sozinha — Disse em um tom que fizesse ela entender que não tinha debates sobre aquilo e ela apenas bufou — Onde você vai ficar?

— Na casa de um amigo — Meu sinal de alerta apitou de imediato.

— Que amigo?

— Você precisa saber de tudo?

— Não têm nenhum familiar que tenha aberto as portas para você e seu irmão? — A pergunta pareceu atingi-la como uma faca em seu peito.

— Pedro tá internado e nenhuma pessoa gostaria de alguém como eu em casa — Meu corpo travou com aquilo.

— O que aconteceu com Pedro? — Tentei ser o mais sensível com o meu tom de voz. O irmão dela parecia seu único propósito de vida.

— Ele tá sobre observação médica, até lá não pode sair do hospital e apenas uma visita por dia, infelizmente hoje já gastei meu tempo aqui.

Cada palavra que saiu da sua boca pareceu uma tortura, ela tinha tanta dor nos olhos que sequer conseguiu me olhar enquanto conversávamos.

— Depois que ele sair onde vocês vão ficar? — Seus olhos lutaram para nenhuma lágrima subir e seus braços cruzados se uniram ainda mais. Não queria ser tão indelicado.

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