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MATEO
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝


A rotina estava bem diferente nesses últimos dias, mas não diria que as mudanças eram para pior. Morgana voltou para escola e isso têm me deixado de certa forma orgulhoso, ela está mesmo tentando seguir em frente e espero que consiga, a garota tinha uma persistência que era surpreendente.

Visitamos o irmão dela todos os dias, o que têm causada um certo tipo de ansiedade em mim. Morgana é a única que entra no quarto do hospital que o irmão está hospedado temporariamente. E segundo ela, a garota têm preparado o irmão para poder conviver comigo, ainda tinha receio de fazer alguma besteira que assustasse os dois.

Sabia que na casa em que eles moraram as coisas eram difíceis, a morena nunca me disse detalhadamente os problemas, mas era fato que coisas ruins aconteciam lá.

Eu já disse o quanto era péssimo com crianças? A verdade era que eu adorava essas seres pequenininhos que só sabiam chorar, comer e dormir,  mas tudo isso bem longe de mim. Ter uma criança em casa era uma tremenda responsabilidade, ainda mais quando era uma que já passou por tantas coisas. E se ele fosse igual minha aluna? Não sei se daria conta de duas Morganas.

Minha cabeça estava a mil e eu realmente não tinha o que fazer em questão a isso, só o tempo resolveria e meu único método de preparo era treinar o máximo de paciência que podia.

Estava conversando com o Fabrício durante esses dias, Pedro estava se estabilizando de um jeito muito positivo, o garoto estava dando bons resultados no hospital e em breve seria enviado até seu lar temporário do orfanato, o que nos daria a oportunidade de trazê-lo para casa e dá início a adaptação. Claro que Morgana têm ficado louca com isso, mas ela também precisava de seu tempo para digerir tudo.

Olhei a tela do meu computador e continuei meu diálogo pela rede social com o advogado, ele dizia que já estava marcando uma visita ao orfanato e falando com a diretora. Ultimamente Fabrício têm sido um bom aliado para nós dois, ele até mesmo conseguiu guardar segredo da minha mãe sobre o que estávamos fazendo. Ainda teria grandes problemas em questão a isso.

Escutei a campainha tocar me roubando a atenção da tela, coloquei o notebook na mesinha de centro e levantei indo em direção a porta. A essas horas só Jonathas estaria aqui para me incomodar, mas ele não tinha o hábito de bater na porta. Então quem era?

Peguei chave da porta e a coloquei na tranca, assim que abri vi a figura feminina com semblante preocupado no rosto. A mulher me olhou com um brilho nos olhos e eu tentei entender o motivo dela está aqui. A loira pulou em mim e me abraçou fortemente.

— Mateo! — Senti seus braços ao redor do meu pescoço e tentei manter o equilíbrio do meu corpo — Aí meu deus, eu estava tão preocupada, você não respondeu minhas mensagens e nem conseguimos nos falar na escola, está tudo bem?

— Paula, o que tá fazendo na minha casa? — A louca me soltou e me olhou com um sorriso.

— Senti tanta saudade de você, estava preocupada e só conseguia pensar se você estava bem.

Eu poderia expulsa-la da minha casa e explicar que o que tinha acontecido entre nós era algo de apenas uma noite, até ela tomar a decisão mais precipitada possível.

Paula puxou meu rosto e grudou nossas bocas como uma só, ela me deu um beijo desajeitado e escutei a porta se fechando atrás dela. A mulher me levou até o sofá e me jogou lá.

— Por que não respondeu minhas mensagens? — Ela sentou em meu colo e beijou meu pescoço.

— Paula, espera aí... — A coordenadora conseguia grudar igual carrapato.

Isso era muita loucura, Morgana estava no quarto ao lado e eu só conseguia rezar para que ela não saísse de lá tão cedo. Claro que eu sentia falta de sexo, mas era maduro o suficiente para entender que não seria adequado ter isso agora.

— Olha só, você têm que ir para a sua casa — Afastei ela de mim e seu rosto pareceu preocupado.

— Por que? Não se sentiu sozinho sem mim? — Nem lembrava da sua existência cacete.

Escutei passos vindo do corredor e desespero bateu em meu peito. Morgana tinha feito a única coisa que não queria.

Minha aluna apareceu na sala e olhou para mim com dúvida, meu rosto esquentou ao vê o que ela usava. Paula pareceu prestar atenção na mesma coisa que eu.

— Mateo, você não vai voltar para o quarto? — As palavras da garota me fez ficar confuso.

— Que porra é essa? — A loira saiu de cima de mim imediatamente.

No meu coração eu só conseguia pensar no quanto estava fodido, mas na minha cabeça se passava a imagem da blusa larga que Morgana usava e na calcinha minúscula que a acompanhava.

Ok, o que especificamente estava acontecendo?!


•MORGANA•
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝


Eu já havia deixado claro para o Mateo que não deixaria meu irmão viver em uma casa que não tivesse respeito e empatia com o próximo. Pedro já havia morado por anos em um lugar que só nos fazia mal, seria inadmissível voltar para algo semelhante a isso.

Quando escutei a campainha tocar uma curiosidade se despertou em mim e nem preciso falar na raiva que senti ao vê o que acontecia entre Mateo e a coordenadora da escola. Não me importava que ele transasse com mulheres, só não queria que ele fizesse isso na casa onde meu irmão iria morar.

Pensei que ele entenderia isso, mas pelo jeito me enganei na minha opinião.

Paula fez um show ao me vê e tudo piorou quando dei a entender que eu e Mateo tínhamos feito algo, essa parte foi maldade minha, confesso que isso foi no impulso, mas pelo jeito funcionou. A loira oxigenada saiu furiosa da casa e Mateo como era bobinho foi atrás, ele estava tão assustado quanto ela.

O arrependimento ainda não me batia, mas tinha certeza que quando Mateo me expulsasse de casa as coisas ficariam feias.

Escutei o barulho da porta sendo aberta e em segundos meu professor chegou na sala, ele me olhou de um jeito furioso, mas seus olhos caíram em direção as minhas pernas que agora estavam cobertas por uma calça. Meu coração pulava tão rápido que era difícil controlar.

— Por que fez isso? — Seu tom de voz foi mais calmo do que eu esperava.

— Você estava trepando com aquela vaca bem no sofá, esperava que eu fizesse o que? — Ele respirou fundo.

— Morgana, em algum momento você viu meu pau enfiado nela? — Palavras fugiram da minha boca — Acha mesmo que transaria com Paula com você em um quarto ao lado?

— Você não impediu que ela praticamente te engolisse.

— Eu não tive controle, caralho! — Ai estava a raiva que eu esperava — O que você têm na sua cabeça? Sabe como foi difícil fazer com que ela acreditasse que não estava te comendo?

— Acha que eu me importo com o que aquela mulher pensa?

— Deveria, porquê se ela contar para diretora seus planos acabam, você fica sem seu irmão, eu perco meu emprego e de quebra ainda fico com você largada em minhas costas! — Suas palavras atingiram um lugar em meu peito que machucou de verdade.

Ele me via como um peso? Era isso que eu significava para ele?

— Não foi isso que eu quis dizer — Mateo passou a mão no rosto como se estivesse arrependido — Morgana, eu não te acho...

— Me desculpa — Foi a única coisa que disse antes de passar por ele e ir até meu quarto.

Teve situações em que me senti muito pior que isso, já havia me machucado tanto que pensei que estaria imune a esse tipo de palavras lançada em minha direção. Não esperava que fosse doer tanto quando ele falasse algo desse tipo.

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