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•MORGANA•
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝


2 MESES DEPOIS...

A lápide a minha frente estava em uma boa conserva, a pedra ainda não havia musgos como algumas outras ao redor, também não havia flores, mas tinha uma escrita que indicava quem exatamente descansava alí. Minha mãe, a mulher da qual nunca tive grande intimidade mas quando se foi me causou uma curta saudade da qual nunca pensei que sentiria.

Eu não vinha nesse local desde o dia do enterro, não sabia se algum familiar ou amigo próximo visitava, mas por algum motivo senti que hoje seria o momento ideal para vê mais uma vez, apenas me certificar de que tivemos tempo para nos despedir.

Evitava pensar na perda da minha mãe, principalmente por me sentir culpada pelo seu fim trágico, mas em algum momento eu teria que superar isso, teria que reviver as memórias daquele último dia e garantir que eu seguiria em frente. Ainda não estava disposta a visitar meu padrasto, na verdade meu último presente a minha mãe foi ter conseguido enterra-la longe dele, Fernanda merecia que seu descanso eterno fosse longe de alguém que tanto a machucou.

Fazia um bom tempo que eu estava sentada na pedra gelada observando as letras que compunham o nome feminino gravado na lápide. Eu deveria me despedir dela, dizer palavras bonitas, atualizá-la de minha atual vida, mas não parecia ter um significado nisso, por isso apenas passei longos minutos apenas parada, observando e lembrando de como a mulher era. Não tive meu cúmulo de lembranças boas, mas por alguns segundos podia jurar que senti o cheiro das panquecas sendo feitas por ela logo pela manhã, estava acostumada a ter esse cheiro pelos cômodos quando o embuste ficava fora e não voltava tão cedo. Minha mãe detestava isso, já eu adorava, eram os únicos dias que conseguia respirar aliviada.

Na grande maioria do tempo eu reclamava sobre a vida que um dia tive, mas não podia negar que existiram momentos bons nessa confusão, foram pucos, bem poucos, mas eram memórias da qual repassava durante horas em minha cabeça, um sentimento do qual era apegada como incentivo a continuar. Ela tinha me feito mal, mal para ela mesma, mal para o meu irmão e mal para nossa família, mas eu a perdoava, afinal, ela tinha sido vítima de uma violência que passava apenas da física, tudo que a mulher precisava era de paz.

Olhei uma última vez para a lápide e guardei em minha memória o quanto aquele momento era significativo para minha superação.

Um barulho baixo de miado foi perceptível assim que o gato subiu na pedra e se sentou olhando diretamente para mim, o felino abaixou a cabeça como reverência e por alguns segundos aquilo foi bizarro até eu finalmente escolher ignorar. Um sorriso sem dentes repuxou meus lábios e só dei um aceno antes de sair me sentindo bem mais leve do que quando entrei.


MATEO
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— Simplesmente não posso acreditar no que está acontecendo aqui! Vocês tem noção das besteiras que cometeram?! — A diretora gritou pela milésima vez parecendo totalmente desesperada — Meus melhores professores, os quais eu tinha mais apego emocional... É inacreditável essa situação!

Fazia no mínimo trinta minutos que Raquel estava gritando totalmente incrédula pela situação complicada que nos encontrávamos. Tudo isso pois viram as filmagens do terraço e fui pego beijando minha aluna. Para maior surto ainda Jane e Michael, meus colegas de profissão, tinham assumido publicamente um casamento com uma outra aluna. Ou seja, não era um dia nada bom para nossa escola tão prestigiada.

— Mateo, eu te vi quando ainda era pequeno, sou grande amiga da sua mãe e fui a primeira a te acolher quando voltou para cidade, tudo isso por que? Olha o agradecimento que você me dá! — Ela passou as mãos pelo rosto e notei o quanto seus cabelos estavam bagunçados — E vocês dois, tão pior quanto... Um casamento?! Você se casaram com uma aluna derrepente, sabe o quanto estou lutando para convencer o concelho de não desconsiderar o diploma da Viollet?

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