Nosso Segredo

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•MATEO•
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Eu gostava de viagem de carro, na verdade as vezes arrumava desculpas para poder sair por aí dirigindo. Mas era novidade fazer esses passeios junto com a minha "família".

Faltava um dia para o meu aniversário e isso significava memórias ruins voltando átona, ou seja, eu precisava muito de uns dias de distração. Quando era mais jovem costumava a comemorar essa data festiva em uma praia fixa, mas no dia seguinte sempre ia direto a casa da minha tia e para o meu dia especial decidi fazer isso. Nada melhor do que ficar junto a parte da família que você gosta.

Arrumei minha postura diante ao volante e tentei não pensar muito em como meu corpo pedia para ser esticado, estávamos a alguma horas na estrada e eu precisava urgentemente me levantar desse banco.

— Já estamos chegando? — O menino, que visivelmente estava entediado, perguntou pela décima vez.

— Sim, Pedro — Morgana respondeu e pelo seu tom de voz a garota já começava a se irritar.

Viajar com uma criança era uma tarefa mais difícil do que parecia. Precisava me acostumar a essa nova vida.

— Já estamos chegando, não é? — Minha aluna me perguntou parecendo pronta para voar em meu pescoço dependendo da minha resposta.

— Sim, mais alguns minutinhos e vamos está lá — Sorri em sua direção e vi ela prestes a surtar — Calma, ele só tá ansioso.

— E eu também — Ela virou a cara e respirou fundo.

Conviver com Morgana me fez aprender bastante sobre a vida de uma garota e nesse momento entendia perfeitamente o motivo de sua impaciência. Fazia pouco menos de dois dias que a morena tinha encerrado seu ciclo menstrual e isso significava que tinha muitas emoções acumuladas em sua cabeça, não me pergunte como eu sabia disso, apenas decorei o funcionamento da sua menstruação sem perceber.

— Tio Teo, se você quiser posso dirigir para você descansar — O pequeno falou com sua ingenuidade fofa de sempre. Ele bebia um suco de laranja que a irmã havia dado.

— Obrigado, Pedro, mas acho melhor as coisas continuarem assim — Uma certa tristeza se estampou em seu rostinho — Mas quando chegarmos eu prometo que vou deixar você dirigir o carrinho eletrônico que comprei para você.

— Ebaa! — Ele sacudiu os braços e no mesmo instante percebi a besteira que tinha acontecido — Essa não...

— O que foi? — Morgana olhou para trás e vi seus olhos tremendo — Pedro...

— Desculpa, Mo — Seu biquinho de choro me deixava de coração partido.

O menino estava ensopado de suco nesse momento e eu só torcia para que a minha companheira ao lado fosse paciente com a criança. Ela respirou fundo e tirou o cinto.

— Tudo bem, Morgana, em alguns minutos você vai está fora desse carro... — Seu murmurinho foi para si mesmo.

A morena trocou sua posição e ficou de joelhos em cima do banco, ela se inclinou ao lugar do passageiro e tirou a blusa do irmão. Segurei minha respiração a todo instante.

Era difícil não notar a presença femina que tinha em minha casa esses dias, fazia mais de um mês que não tinha uma companhia na cama e isso com certeza andava afetando alguns neurônios meus já que eu estava começando a pensar coisas que não deveria. Morgana era praticamente uma mulher, seu jeito insano e inconsequente me irritava mas era um charme do qual eu aprendi a apreciar, agora saindo de sua personalidade e indo para seu físico... Bom, eu podia afirmar que não ajudava muito quando ela empinava a bunda ao meu lado vestindo um shorts que deixava a mostra suas particularidades. Resumindo, tenho drenado minha vida do céu ao inferno.

— Tá legal, já chegamos! A casa está logo alí — Pisei no acelerador e ela rapidamente arrumou sua posição.

Nunca andei tão rápido de carro, mas naquele momento tudo que eu precisava era sair daquela situação antes que certos países baixos decidissem se animar. Chegamos na enorme casa de verão da minha tia e saí do carro com dificuldade para me acostumar a ficar de pé.

Morgana tirou Pedro da cadeirinha e os dois vieram até meu lado. A senhora apareceu na porta e abriu um sorriso enorme em minha direção, ela veio praticamente correndo até nós.

— Meu menino! — Dona Miriam agarrou meu pescoço assim que se aproximou — Querido, como você está lindo!

— Oi, tia Miriam, posso dizer o mesmo da senhora — Ela afastou e eu indiquei seu corpo com os olhos fazendo ela rir.

— Sempre tão atencioso — Seu beijo em minha bochecha foi reconfortante. Ela colocou a atenção nas duas pessoas ao meu lado — E vejo que você trouxe companhia.

— Olá, é um prazer te conhecer — Morgana estendeu a mão mas antes que eu pudesse alertar minha tia que ela não gostava de contato físico, a mulher foi logo a abraçando.

— O prazer é meu, você é tão linda — Ela se afastou apenas para admirar a garota que parecia impressionada com suas palavras — Fico feliz que meu sobrinho tenha achado alguém como você, ficam tão bonitos juntos.

— O que!? — Agora sim ela tinha me surpreendido.

— Tia, Morgana não é minha companheira, ah, ela é... Uma amiga — A senhora não pareceu entender.

— Certo, os jovens de hoje têm cada nome estranho para relacionamentos — Era como se ela ignorasse tudo o que eu tinha acabado de falar — E esse pequeno aqui?

— Oi, eu sou o Pedro — O garoto foi abrindo os braços como se já esperasse o carinho. Claro que minha tia aceitou sem pensar duas vezes.

Confesso que tive medo de apresentar Morgana e Pedro para Miriam, sempre soube que ela não era do tipo que julgava mas sinceramente precisava de sua aprovação mais do que o de minha mãe. Me deixava feliz o fato dela ter agido tão naturalmente mesmo eu trazendo desconhecidos para seu lar.

— Finalmente vou ter crianças nessa casa! Tenho dez empregados e todos me tratam como se eu fosse uma idosa, precisava de uma energia caótica para me distrair — Pedro rio das palavras da mulher — Vamos entrando! Preciso falar tudo o que planejei para sua festa.

— Espero que a senhora não tenha feito nada extravagante, sabe que eu prefiro algo discreto.

— Primeiramente, pare agora mesmo com esse negócio de senhora, só tenho cinquenta e um— Ela foi andando e falando enquanto a acompanhávamos — E segundo, você sabe muito bem que não gosto de nada discreto, então as coisas serão do meu jeito.

— Acho que vou adorar sua tia, Mateo — Morgana murmurou e minha tia sorriu em sua direção.

Com toda certeza era disso que eu precisava, finalmente uma casa de paz. Que coisa diferente poderia acontecer nessa tranquilidade?